1.105 cidades do Brasil podem ficar sem oxigênio em até 10 dias

1.105 cidades do Brasil podem ficar sem oxigênio em até 10 dias

Levantamento produzido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) com 2.465 municípios em todo o País mostra que 1.105 deles (47%) preveem faltar oxigênio nos próximos dez dias, revelou O Globo.

Ainda segundo a pesquisa, 57 municípios relataram risco de desabastecimento também de tanques de oxigênio. Segundo o Conasems, o total de municípios com dificuldades pode ser ainda maior, já que apenas uma parte (44% dos 5.570 municípios do País) respondeu ao questionário.

A maior parte das cidades (65%) revelou que não teria capacidade para suportar a elevação da demanda por oxigênio provocada pelo aumento do número de casos de Covid-19. Especialmente os municípios pequenos relatam dificuldade de compra. Algumas empresas, inclusive, já avisaram gestores municipais que sua capacidade de produção está perto do limite por conta da falta de insumos.

Entre os principais gargalos está a dependência de cilindros de oxigênio, modelo visto como de maior dificuldade de fornecimento e apontado por 87% dos municípios como principal estrutura de armazenamento, apurou a Folha. Das 2.465 cidades que responderam à pesquisa, 1.683 são abastecidas de oxigênio exclusivamente por cilindros.

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No levantamento, os municípios informaram haver risco de desabastecimento em ao menos uma unidade em até dez dias. Segundo a assessora técnica do Conasems, Blenda Pereira, isso indicaria que haveria possibilidade, em parte das cidades, de falta já nos próximos dias, já que algumas respostas vieram ainda no início do balanço. Em outras, o alerta persiste. “Vemos que é um problema nacional”, afirmou à Folha.

Apesar de parte dos Estados e do Ministério da Saúde terem adotado medidas emergenciais para diminuir a possibilidade de falta de oxigênio, como a distribuição de cilindros extras, o risco ainda existe. “Como o número de pacientes ainda cresce, há risco”, afirmou à Folha o secretário-executivo do Conasems, Mauro Junqueira. Segundo ele, ações recentes parecem ter ajudado a evitar um problema mais grave, mas “o cenário ainda é preocupante, temos de monitorar”, frisou.

Avaliação semelhante tem o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP), Geraldo Reple Sobrinho. “Já melhorou, mas não está equacionado. Ainda há algumas regiões em situação crítica”, afirmou à Folha. Segundo balanço recente feito pela entidade junto aos municípios apontava déficit de 2.578 cilindros.

“São Paulo tem uma grande capacidade de produção. O problema é a logística. Com aumento dos casos, as empresas precisam trocar os cilindros várias vezes. Imagina fazer isso a uma cidade a mais de 50 quilômetros de distância”, completou Reple Sobrinho.

De acordo com o presidente do Cosems-MT, Marco Antônio Felipe, Mato Grosso consome 300% a mais do que o normal. “O ministério trouxe um carregamento de 340 cilindros, que distribuímos para as cidades em situação mais delicada. Mas a preocupação persiste, porque Mato Grosso tem território grande, e os municípios não conseguem ter estoque. Tem cidades a quase 800 quilômetros da distribuidora”, afirmou Felipe à Folha.

“Com o dinheiro federal, conseguimos ampliar nosso tanque de oxigênio e construir uma usina. No entanto, se parte das empresas diminuírem o fornecimento, os hospitais que funcionam apenas com cilindros vão ter falta”, revelou ao Globo o secretário de Saúde de Corumbá (MS), Rogero Leite.

Em nota, conforme O Globo, o Ministério da Saúde afirmou que um grupo de 12 empresas doará mais de 5 mil concentradores de oxigênio que devem atender, mensalmente, até 20 mil pacientes, substituindo, em média, 21 cilindros de oxigênio.

Levantamento encontrou a falta de outros insumos

O balanço do Conasems descobriu também a falta de outros insumos, como equipamentos de proteção individuais básicos. O desabastecimento afeta não só os profissionais que atuam na linha de frente contra a pandemia, mas também os envolvidos em todo tipo de procedimento hospitalar, segundo O Globo.

No questionário, que foi encerrado na semana passada e atualizado segunda-feira (12/4), 53,6% dos municípios disseram que há risco de faltar luvas em até dez dias, 49,6% apontaram risco de faltar máscara, 43,5% temem a falta de testes para Covid-19, 39,1% estão ficando sem aventais, 33% podem ficar sem capote e 30,4% estão no limite até da oferta de álcool gel.

Contudo, de acordo com Mauro Junqueira, a falta de oxigênio e de medicamentos do kit intubação é o mais preocupante. “Luvas e máscaras o município consegue comprar e o Ministério da Saúde já fez algumas distribuições. O que preocupa mais é a falta de medicamento para intubação porque a curva no uso segue ascendente”, destacou ao Globo. “Com mais adultos jovens internados, o consumo é ainda mais veloz, porque eles requerem maior fluxo de oxigênio, exigem mais medicamentos e ficam mais tempo nas UTIs”.

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Na sexta-feira (9/4), a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou pesquisa semanal, com mais de 3.100 municípios, indicando que em 1.207 (ou 38,1%) localidades brasileiras, existe o risco iminente de faltar medicamentos do chamado kit intubação. Já o risco de faltar oxigênio ocorre em 589 (ou 18,6%) municípios que participaram do levantamento, apurou O Globo.

Para o farmacêutico especialista em farmacologia e professor de Farmácia Hospitalar e Clínica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico Nelson Belarmino, a falta de medicamentos e insumos está relacionada a dois fatores principais: excesso de demanda e problemas de gestão.

“Há, de fato, um aumento expressivo do consumo de sedativos. Em algumas cidades a demanda aumentou mais de 50 vezes. Isso cria um desequilíbrio no mercado”, assinalou Belarmino, lembrando, porém, que isso não explica totalmente a crise de desabastecimento.

“Assim como em outros setores, mas na saúde é mais crítico, é preciso gestão dos recursos, dos insumos e principalmente dos medicamentos. Ao perceber que há um problema com determinado produto ou insumo, o gestor tem que se antecipar e buscar alternativas antes de ficar desabastecido. Ele tem que estar sempre dois passos à frente”, diz Belarmino.

O professor conclui lembrando que o gestor não tem controle sobre o desabastecimento do mercado. Mas se ele se tem uma programação regulada e adequada terá um fôlego até que o problema se resolva. “Em resumo: se há uma gestão eficiente você pode ter um problema, caso contrário você terá dois”.

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