Preço de sedativo tem aumento de quase 3.000% na pandemia

Preço de sedativo tem aumento de quase 3.000% na pandemia

O aumento do número de pessoas internadas em estado grave por causa da Covid-19 em Goiás vem provocando a disparada de preço dos sedativos usados para manter os pacientes intubados. Há casos em que o valor saltou cerca de 3.000%, revelou o G1. Entidades apontam risco de desabastecimento.

Intubação é um recurso fundamental para a recuperação respiratória dos pacientes com Covid-19 que necessitam de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O procedimento é doloroso e por isso a pessoa precisa de medicamentos fortes, que induzem o sono profundo.

Entre os medicamentos utilizados na sedação estão os bloqueadores neuromusculares, que deixam o paciente paralisado durante o procedimento. Com o aumento do consumo existe o risco de desabastecimento do produto. Para se ter ideia, uma pessoa internada em UTI de Covid-19 utiliza de 10 a 60 frascos do medicamento por dia.

De acordo com a farmacêutica Renata Rocha Duarte, que trabalha em um hospital particular de Goiânia (GO), de uma lista com oito sedativos que precisava comprar na semana passada para o hospital, conseguiu apenas três, e entrou numa lista de espera pelos demais medicamentos.

O excesso de demanda fez os preços explodirem. Renata relatou ter encontrado um sedativo que custava R$ 17 por R$ 470 a ampola, um aumento de 2.900% em razão da alta procura pelo produto. “Mesmo medicamento, do mesmo laboratório e teve aumento de 2.900%”, disse a profissional ao G1.

Na terça-feira (23/3), a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) emitiu um alerta para o risco iminente de falta de medicamentos considerados essenciais e indispensáveis para o tratamento de pacientes com Covid-19, principalmente aqueles internados em UTIs e que dependem de sedação e intubação.

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Dentre os medicamentos que podem faltar estão: Cisatracúrio e Rocurônio (relaxante muscular), Midazolam (sedativo), Atracúrio e Tracrium (relaxante muscular usado em anestesia geral), Heparina (anticoagulante) e Propofol e Fenatanila (anestésico).

Há algumas semanas, os hospitais já convivem com a escassez de produtos, como anestésicos, relaxantes musculares e anticoagulantes, conforme relata o comunicado da Ahpaceg, mas que as unidades particulares vinham conseguindo suprir a falta por meio do empréstimo de doses entre elas ou a substituição dos medicamentos.

Contudo, há poucos dias, a situação se agravou. O documento destaca que “o cenário tende a piorar diante da impossibilidade das indústrias farmacêuticas de atenderem os novos pedidos de compras dos hospitais”.

Já o boletim do governo goiano de quarta-feira (24/3) mostra que 98% das UTIs da rede estadual estão ocupadas por pacientes com coronavírus. O índice na enfermaria é de 83%. Em Goiânia, a situação é mais crítica: 99% dos leitos especiais ocupados, ou seja, apenas um está disponível. As vagas nas enfermarias municipais chegaram a 97% de lotação.

Também a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou carta aberta sobre a falta de medicamentos e solicitou atenção urgente do Governo Federal. “A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão”, diz o comunicado da entidade.

Para o farmacêutico especialista em farmacologia e professor de Farmácia Hospitalar e Clínica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico Nelson Belarmino, a situação fora de controle está relacionada a dois fatores principais: excesso de demanda e gestão.

“Há, de fato, um aumento expressivo do consumo de sedativos. Em algumas cidades a demanda aumentou mais de 50 vezes. Isso cria um desequilíbrio no mercado”, assinalou Belarmino, lembrando, porém, que isso não explica totalmente a crise de desabastecimento.

“Assim como em outros setores, mas na saúde é mais crítico, é preciso gestão dos recursos, dos insumos e principalmente dos medicamentos. A redução da oferta não acontece de uma hora para outra. Quando se percebe um aumento da necessidade já se programa a compra antecipada ou, então, no limite, trata de racionar até que se consiga adquirir novas remessas do produto. O que não pode é deixar faltar”, frisa o professor do ICTQ.

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A Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (AHEG), que tem cerca de 250 associados, reconhece que há falta de insumos no mercado, mas pondera que a escassez não significa que a rede associada está sem os medicamentos. “O que está havendo realmente é a diminuição no número de alguns insumos, como anestésicos. Mas esta escassez não significa que estamos sem”, revelou ao G1 o presidente da AHEG, Adelvânio Francisco Morato.

Segundo ele, a entidade acompanha as decisões da Federação Brasileira dos Hospitais (FBH), a qual está discutindo a falta dessas drogas junto à Anvisa. “A escassez dessas drogas não está em Goiás, está no Brasil. Por isso, procuramos o órgão competente regulador nacional que é a Anvisa”, concluiu.

Anvisa publicou uma resolução em 19 de março sobre os procedimentos temporários e extraordinários para a autorização, em caráter emergencial, de medicamentos utilizados para intubação de pacientes com Covid-19. A medida vale para anestésicos, sedativos, bloqueadores neuromusculares e outros medicamentos hospitalares usados para manutenção da vida de pacientes.

“O agravamento da pandemia implicou sobrecarga das UTIs e, nesse sentido, para manter o abastecimento regular dos medicamentos utilizados no processo de intubação, a Anvisa isentou esses medicamentos do registro sanitário. A autorização de comercialização de tais produtos passará a ser realizada por meio de notificação”, divulgou a Agência.

Nelson Belarmino lembra que em uma crise sanitária como a pandemia o farmacêutico gestor tem que estar atento a todos os movimentos do setor. “Ao perceber que há um problema com determinado produto ou insumo, o gestor tem que se antecipar e buscar alternativas antes de ficar desabastecido. Ele tem que estar sempre dois passos à frente”.

O professor conclui lembrando que o gestor não tem controle sobre o desabastecimento do mercado. Mas se ele se tem uma programação regulada e adequada terá um fôlego até que o problema se resolva. “Em resumo: se há uma gestão eficiente você pode ter um problema, caso contrário você terá dois”.

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