Um estudo feito por pesquisadores do Hospital Sírio-Libanês demonstrou resultados positivos, mas preliminares, com a utilização do medicamento anticoagulante heparina, no tratamento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19). Caso o sucesso da substância seja comprovado, a terapia, quando iniciada precocemente, pode ajudar a evitar que os pacientes precisem de respiradores mecânicos.
A análise com o estudo foi publicada em um dos principais jornais de medicina do mundo, o British Medical Jornal (BMJ). A pesquisa aponta que, dos 27 pacientes que receberam o tratamento experimental, 25 já estão recuperados e dois permanecem hospitalizados.
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Além de ser testado em pacientes no Hospital Sírio Libanês, desde o final de março, a terapia também foi aplicada em infectados que estão internados na rede municipal de São Paulo (SP), em pessoas com 39 e 96 anos. Em alguns dos casos, as pessoas que receberam o medicamento são diabéticas e cardíacas.
A descoberta
Segundo a coordenadora do estudo e pneumologista, Elnara Marcia Negri, a descoberta foi feita após patologistas identificarem, durante necropsias realizadas em vítimas da doença, pequenos coágulos nos vasos sanguíneos, em várias partes do corpo, ou seja, tromboses.
Com isso, os coágulos podem causar obstrução nas veias e artérias e impedir a circulação do oxigênio. Nesse sentido, o uso do anticoagulante pode ajudar a dissolver essas tromboses nos pulmões dos pacientes, que foram infectados pelo novo coronavírus.
"O que passamos a entender é que o vírus entra pelo epitélio respiratório (mucosa que se estende da cavidade nasal até os brônquios), agride-o e deixa os brônquios e os alvéolos com a membrana exposta, criando algo parecido com um machucado. Isso faz o corpo querer estancar a ferida. A resposta do organismo é a coagulação, entrando em estado de hipercoaguabilidade, que na verdade, não resolve o problema", disse a pneumologista, em entrevista publicada no portal da rádio Caçula FM.
De acordo com Elnara, ainda que preliminar, os resultados podem ser considerados promissores. Ela ainda explica que o medicamento poderá ser recomendado em casos de pacientes que têm sintomas mais graves, como a insuficiência respiratória, por exemplo. “Tivemos bons resultados com um grupo de pacientes que apresentava casos mais graves. Agora esperamos ter mais pacientes, pelo menos cerca de cem, e em mais centros [de saúde]. A ideia é fazer mesmo um guideline, ou seja, um manual de como usar um anticoagulante no tratamento da Covid-19", finalizou a pesquisadora.
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