Rio de Janeiro recebe primeiras cabines de desinfecção

Rio de Janeiro recebe primeiras cabines de desinfecção

Uma cidade com cabines de desinfecção espalhadas para combater um vírus altamente contagioso parece uma ideia vista apenas em filmes de ficção científica, não é mesmo? No entanto, essa já é uma realidade no Rio de Janeiro. No último sábado (19/04), a capital carioca recebeu esses equipamentos como parte de uma iniciativa de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19).

As duas primeiras cabines de desinfecção foram instaladas no hospital de campanha, construído no Riocentro, na zona oeste da cidade. Segundo o jornal Estadão, a previsão é que outros cinco equipamentos sejam colocados na Central do Brasil e em estações de metrô, a partir desta semana.

As cabines de desinfecção funcionam dentro de um pequeno túnel amarelo, que possui um sensor de presença. Ao detectar um corpo no espaço, o aparelho libera uma substância desinfetante batizada de Atomic 70, que seria o grande responsável por combater o vírus.

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Segundo a empresa que produz o Atomic 70, a Dioxide Indústria Química, de Indaiatuba (SP), a substância combate não apenas ao novo coronavírus, mas também outros vírus, como os da influenza, rubéola e zika vírus, por exemplo. Um detalhe importante é que o produto é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ainda de acordo com a fabricante, a substância é um desinfetante de alto nível, com ação antimicrobiana, que tem em seu princípio ativo o dióxido de cloro (CLO2). Para o infectologista do ambulatório de doenças infecciosas da Secretaria de Saúde de Porto Alegre (RS), Antônio Flores, o Atomic 70 realmente funciona, entretanto, ele levanta uma ressalva.

“O questionamento é se essa intervenção é efetiva o suficiente para valer o custo, já que temos outras medidas (eficazes) como higienização das mãos e uso de máscaras. Mas é mais uma tentativa do poder público de tentar reduzir o contágio pelo coronavírus”, explicou o médico, em entrevista ao jornal.

Iniciativa da Prefeitura

A Prefeitura do Rio de Janeiro afirma que, inicialmente, a fabricante do produto disponibilizou a cabine para testes. No entanto, segundo a administração municipal, as negociações estão em fase final com o fornecedor: “A decretação do Estado de calamidade dispensa licitação diante da necessidade de combater com urgência à pandemia, mas toda a negociação está sendo feita com cuidado, custo-benefício, zelo ao erário público e a idoneidade determinadas por lei”, ressaltou o órgão, por meio da assessoria de imprensa.

Ao Estadão, a Prefeitura ainda falou sobre a questão do custo-benefício das cabines, se comparado com outras iniciativas, como a distribuição de máscaras e álcool em gel, por exemplo. Nesse aspecto, o órgão afirmou que, neste momento, a prioridade é proteger os cidadãos, mas que está tentando conciliar o melhor custo e benefício, sempre com transparência. A administração municipal ainda destacou que irá distribuir, também, os itens de proteção.

Para o professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmilson Migowski, a distribuição de máscaras e álcool em gel são primordiais: “Muito mais importante que isso [instalação das cabines] é distribuir máscaras e álcool em gel nos transportes públicos”.

Quanto à instalação das cabines, Migowski dá sua opinião: “É uma ação de marketing para conscientizar as pessoas de que há um problema de saúde pública, o que é válido, mas não sei se será efetivo”, disse ele, ao Estadão.

Iniciativas semelhantes

Em Osasco (SP), a Prefeitura do município também instalou uma medida semelhante. Neste caso, foi instalada uma tenda de higienização para combate ao novo coronavírus, na saída da estação de trem da CPTM, principal via de entrada e saída da cidade.

A limpeza acontece por meio das tendas que liberam no ar um produto spray que contém uma solução composta por hipoclorito de sódio (também conhecida por água sanitária) e extrato vegetal, as substâncias são diluídas em água.

De acordo com a administração municipal, o desinfetante tem ação antibacteriana. “Aqui é a principal entrada e saída da nossa cidade. Em dias normais acaba atendendo 300 mil pessoas. Mas agora, com a reclusão social, passam em média 70 mil pessoas, entre entradas e saídas, e elas têm a oportunidade de desinfectar cabelo, barba e as roupas também”, explicou o prefeito da cidade, Rogério Lins, ao G1.

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