Duas doses do medicamento Spinraza, que custam R$ 600 mil (R$ 300 mil cada), foram furtadas da farmácia do Hospital da Criança, em Rio Branco (AC). O fármaco, que é utilizado para o tratamento de Atrofia Muscular Espinhal (AME), seria usado por duas crianças: Maria Eduarda, de 10 anos, e o primo dela, Otávio Yankee Moura, de 1 ano e 4 meses. Devido ao desaparecimento do produto, os dois pacientes tiveram a terapia suspensa.
De acordo com informação divulgada pelo G1, as crianças receberiam a quarta dose do medicamento, na última segunda-feira (09/03). No entanto, a equipe médica e a direção da unidade de saúde tomaram conhecimento de que o produto foi furtado minutos antes da aplicação nos pacientes, que já estavam na sala à espera da terapia.
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O Instituto de Criminalística da Polícia Civil já realizou uma perícia no hospital e a Polícia Federal também participa das investigações. Segundo o delegado, Alcino Ferreira Junior, da Delegacia de Combate à Corrupção e aos Crimes Contra a Ordem Tributária e Financeira (DECCOR), responsável pelo caso, todas as informações e evidências estão sendo apuradas.
“Já ouvimos seis pessoas nesse caso, a perícia foi ao local e a gente está correndo atrás. A Polícia Federal também está tratando do assunto. A gente não tem a data exata de quando esses medicamos sumiram, porque foi constatado no dia da aplicação. A última vez que foi aplicada a dose foi no final de janeiro, então tem um delay (atraso) grande até o sumiço”, afirmou ao G1.
Ele ainda disse que não descarta nenhuma hipótese sobre o sumiço das medicações: “Pode estar acontecendo também um boicote contra a atual gestão, no sentido de não ter acontecido um furto, e sim, a pessoa ter trocado de lugar ou escondido a medicação. Mas, são linhas ainda, e nenhuma está descartada. Estamos tentando rastrear a questão do acesso de pessoas ao local onde estavam acondicionados”, declarou.
MPF nas investigações
Na última terça-feira (10), o Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC) recebeu um pedido para investigar o desaparecimento dos produtos. A solicitação foi entregue por meio do deputado estadual, Jenilson Leite (PSB-AC).
“É uma coisa inadmissível, porque não estão nos tirando apenas cifras, mas o direito de crianças poderem viver e ter uma melhor condição de vida. Uma das crianças não andava e a outra não respirava sem ajuda de aparelhos. Ganharam na Justiça o direito do medicamento, começaram a receber as doses e tiveram uma melhora. Vamos acompanhar de perto porque é um crime”, afirmou o deputado no documento.
A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) também informou que acionou o Ministério da Saúde (MS), em Brasília, para que seja enviado, o mais rápido possível, um novo lote do medicamento para que os pacientes possam dar continuidade ao tratamento. No entanto, o órgão esclareceu que o crime seguirá sendo investigado pelas autoridades.
“Todas as medidas investigativas estão sendo tomadas por partes das polícias (Civil e Federal). A Sesacre não aponta culpados e suspeitos, sendo esse o papel dos órgãos investigativos”.
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