Logística e logística reversa em ambiente hospitalar

Logística e logística reversa em ambiente hospitalar

A logística é essencial para o crescimento de clínicas e hospitais em qualquer mercado do mundo. Por isso, as empresas devem efetivar seus processos logísticos baseando-se em uma visão estratégica e buscando a garantia de resultados mais satisfatórios e o aumento da vantagem competitiva do negócio. É muito provável que os farmacêuticos, assim como os demais profissionais da área da saúde, já tenham tido contato com a logística hospitalar, considerada o componente mais importante da administração de uma instituição de saúde.

De forma operacional, a logística está relacionada à administração dos recursos materiais, financeiros, humanos e informações envolvidas nas atividades de uma organização. No contexto da administração de um hospital, trata-se de uma dinâmica para gerenciar, de maneira estratégica e racional, as aquisições, movimentações e armazenamentos dos aparatos médico-hospitalares.

Como não poderia ser diferente, todo trabalho deve ser feito intencionando a proteção da vida e a recuperação da saúde dos pacientes, oferecendo um atendimento de qualidade, com baixo custo e resultado positivo à instituição. Ademais, a logística abrange a gestão institucional, visando a assegurar a eficiência, a segurança, a qualidade, a rastreabilidade e o bom desempenho das tecnologias aplicadas na área da saúde.

A logística inclui toda gestão hospitalar, desde o planejamento e entrada na instituição até o descarte de algum material, tendo em vista a proteção e a segurança de todo o corpo de colaboradores, pacientes e do meio ambiente.

Já a logística reversa tem dois eixos fundamentais, o consumidor final - responsável pelo descarte de medicamentos vencidos em pontos de coleta autorizados, e os gestores hospitalares, que devem observar e aplicar recursos que permitam remanejar os medicamentos por unidades, controlar rigorosamente os prazos de validades, entre outros tantos benefícios que somam também em segurança e economia.

Logística farmacêutica

De acordo com o farmacêutico, especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica e professor do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Josué Loureiro, logística significa contabilidade e organização e é um termo de origem grega. Logística também vem do francês ‘logistique’, que significa uma arte que trata do planejamento e realização de vários projetos, muito utilizado durante as guerras.

A farmacêutica, mestranda em Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora farmacêutica do Centro de Distribuição do Grupo Cimed, no Pará, Viviane Menezes, reitera que logística farmacêutica é o planejamento, a implementação e o controle eficiente e eficaz do fluxo de distribuição, dos custos associados, do controle das informações e das etapas de armazenamento e transporte de produtos farmacêuticos, desde o fabricante até o fornecimento ao usuário final, garantindo sua integridade, para que não haja comprometimento em relação à sua segurança e eficácia.

Papel do farmacêutico

De acordo com Loureiro, é importante o papel do farmacêutico como gestor na área de logística, pois ele passa de mero cumpridor de legislação para uma pessoa que se integra com outras áreas, proporcionando melhorias do processo, integração das equipes, melhor formação das pessoas no ambiente de trabalho, melhor conhecimento do que é um produto farmacêutico e o porquê são exigidos mais cuidados em relação às outras mercadorias, como eletrodomésticos, eletrônicos e calçados.

Sobre hospital e administração de saúde

“Podemos entender que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o hospital é um elemento organizador de caráter médico-social, cuja função consiste em assegurar assistência médica completa, curativa e preventiva à população, e cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar considerada em seu meio um centro de medicina e de pesquisa biossocial”, fala a professora do ICTQ, doutora em Inovação Terapêutica, mestra em Gestão da Assistência Farmacêutica e responsável técnica e legal da Inovar SS Materiais Médico-Hospitalar, Mônica Santos.

Segundo a professora, no entanto, não se pode deixar de reconhecer que o conceito do hospital moderno aponta para uma nova orientação, sistematizada, que alcançou, com efeito, vários países. Isso compreende a formação do especialista, o planejamento das edificações e instalações, a seleção do equipamento (com legislação específica), a cooperação profissional e associativa ou de classes, o que abrange todo o domínio da assistência médico-social na comunidade, para os pacientes, cuidadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo central o paciente de forma segura e efetiva.

“As unidades hospitalares são de diversos níveis de atendimento e de complexidade, podendo variar de atendimento de urgência e emergência até o nível ambulatorial. Podem ser apenas para fins diagnósticos, de acompanhamento clínico e também para tratamento continuado e de níveis de especialização conforme a área da saúde à qual se destinam suas aplicações”, fala Loureiro.

Ele afirma, ainda, que o conceito de administração e gestão em saúde tem ampla especificação, pois envolve os diversos setores e segmentos multiprofissionais e multicêntricos da área da saúde. Abrangência de significado amplo, pois vem desde o nível de gerenciamento estrutural e físico do ambiente hospitalar, passando pelo gerenciamento de pessoal em seu mais amplo conceito de recursos humanos, e que tem sua vertente de gerenciamento de tecnologia e estrutura de tecnologia da informação. Há, também, a parte de gerenciamento de engenharia clínica e de equipamentos de saúde que irão prover todo o apoio terapêutico e diagnóstico à estrutura hospitalar específica.

No que tange o capital humano, a maior preocupação se dá em administração de pessoal tecnicamente qualificado - padrão ideal, segundo o farmacêutico, para o exercício profissional nos mais diversos setores do hospital. Dessa forma, a qualidade dos serviços prestados e a segurança dos pacientes/clientes envolvidos será a mais eficaz, eficiente e, principalmente, com baixo potencial de riscos à saúde e o grau elevado de segurança seja garantido.

“Na área farmacêutica, no que se refere especificamente à farmácia hospitalar, ela seguirá as mesmas prerrogativas do ambiente hospitalar como um todo para que se possa atingir um grau elevado de qualidade de atendimento e de segurança e eficácia profissional adequados às necessidades de sua clientela nos seus diversos segmentos de atuação dentro da unidade hospitalar específica”, explica Loureiro.

Administração de material

A administração do material se inicia na aquisição correta. Primeiro se identifica corretamente o que comprar, quando, quanto e como comprar - seleção, programação e aquisição de fato.

“Na gestão é levada em consideração também a parte financeira e, assim, avaliados produtos e serviços na quantidade certa, qualidade com menor custo, entrega realizada corretamente. Para a aquisição ser mais assertiva é preciso a seleção e padronização de medicamentos, observando a demanda com todas suas particularidades. Os de uso permanente, sazonal ou em desuso, por exemplo. Podendo ser classificadas qualitativamente ou quantitativamente”, descreve Viviane.

A literatura atual mostra que a os processos de administração de materiais se subdividem em controle de estoque; classificação de materiais; aquisição; almoxarifado; movimentação; recebimento; cadastro; inspeção de suprimentos e transporte de materiais.

Segundo Mônica, tais processos devem garantir a existência contínua de um estoque, organizado de modo a nunca faltar nenhum dos itens que o compõe, sem tornar excessivo o investimento total. “Atualmente é definido como um sistema integrado que cuida dos materiais indispensáveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo”, complementa ela.

Os medicamentos constituem, na grande maioria dos casos, a intervenção terapêutica com maior relação custo-efetividade, desde que prescritos e utilizados de forma racional. Por outro lado, no que tange ao acesso a medicamentos, é latente a iniquidade entre o consumo de medicamentos e distribuição demográfica, sendo 80% dos medicamentos consumidos por 18% da população que vive em países desenvolvidos - América do Norte, Europa e Japão.

Etapas da cadeia

“Para manter a qualidade dos produtos farmacêuticos, todas as etapas da cadeia de distribuição devem cumprir as legislações e regulamentações. Todas as atividades de logística de produtos farmacêuticos devem ser realizadas de acordo com os princípios das Boas Práticas de Fabricação (BPF), Boas Práticas de Armazenagem (BPA), Boas Práticas de Distribuição (BPD) e Boas Práticas de Transporte (BPT)”, diz Loureiro.

Assim, na cadeia de serviços de saúde, a assistência farmacêutica é um instrumento estratégico e deve ocorrer por meio de ações que tenham como alvos precípuos o acesso, a qualidade e o uso racional, garantindo a sustentabilidade do sistema.

“Como desafios, os profissionais envolvidos nesse campo enfrentam capacitação e qualificação nos aspectos relacionados ao desenvolvimento de atividades de natureza clínica e gerencial. Com a homologação da Constituição Federal de 1988, suscitou-se a necessidade de implementação de políticas de saúde que envolvam atividades, bem como insumos em saúde que melhorem a qualidade de vida da população”, destaca Loureiro.

Processo logístico

Mônica esclareceu que a logística está compreendida entre dois tipos de atividades: primárias e secundárias. As atividades primárias são essenciais para o cumprimento da função logística e assim são consideradas porque contribuem com a maior parcela do custo total da logística e para a sua coordenação. São elas: transportes, gestão de estoques e processamento de pedidos.

Já as atividades secundárias exercem a função de apoio às atividades primárias na obtenção dos níveis de bens e serviços requisitados pelos clientes. Trata-se de armazenagem, manuseio de materiais, embalagem de proteção, programação de produtos e manutenção de informação.

Há muito tempo que logística e tecnologia se tornaram conceitos praticamente indissociáveis dentro das empresas. A contribuição da tecnologia da informação nas rotinas logísticas é enorme, sendo ela a responsável por aperfeiçoar e potencializar o trabalho de gestores e colaboradores, facilitar o gerenciamento das atividades, automatizar uma série de expedientes e promover a integração de processos logísticos.

“Assim, temos que a atividade logística está inserida em diversos pontos da organização produtiva e sua correta aplicação se faz necessária para o bom andamento e rentabilidade das atividades”, fala a professora Mônica.

Cadeia de abastecimento e cadeia de suprimento

Loureiro conta que a decisão de terceirizar parte do estoque permite que a indústria farmacêutica aperfeiçoe o uso do espaço da planta para a produção. Essa prática vem ampliando a importância do operador logístico, que de forma resumida possui a função de receber os produtos farmacêuticos, estocá-los e, de acordo com os pedidos de faturamento, expedi-los. Esses agentes estão investindo em modernos centros de distribuição próprios, para se dedicar às operações de um ou mais clientes.

A gestão da cadeia de suprimentos é a integração de todas as áreas envolvidas, desde a seleção dos fornecedores da matéria-prima até a entrega do produto no cliente final.

“Atualmente, um termo já bem conhecido no mercado é Supply Chain Management, ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Consiste em planejar e controlar todas as atividades que estão relacionadas a compras — aquisição e abastecimento — à produção e à logística: recebimento, armazenagem, movimentação, transporte, previsão de demanda, entre outras. E ainda o fluxo de informações”, acrescenta Viviane.

Segundo Mônica, com a gestão da cadeia de suprimentos, a empresa atinge maior vantagem competitiva e pode obter outros benefícios, como diferenciação no mercado, redução de custo, aumento da eficiência, diminuição no nível de serviço, aumento da satisfação do cliente, melhorias no atendimento e manutenção da atividade da empresa no mercado.

É importante deixar claro que a logística é uma parte especializada da cadeia de suprimentos. Enquanto a primeira foca no transporte e no armazenamento de mercadorias, a segunda abrange todos os aspectos de aquisição e o fornecimento de bens.

“A gestão da cadeia de suprimentos é responsável por tarefas operacionais relacionadas, de maneira direta ou indireta, ao produto. Os processos abrangidos vão desde a produção até a pesquisa de satisfação, enquanto que a logística é uma das etapas da cadeia de suprimentos. Ela se refere à movimentação física de produtos e tem como foco o prazo de entrega. Portanto, por mais que esses conceitos se diferenciem, são processos dependentes e conectados”, explica Mônica.

Planejamento logístico

Para Viviane, planejamento logístico consiste em desenvolver ou identificar formas diferentes de fazer, métodos, estratégias de armazenagem, atendimento, distribuição, objetivando reduzir custos sem perder a qualidade do serviço, além de aumentar a eficiência da operação, usando de forma racional seus recursos, encantando e fidelizando clientes por meio do recebimento de seus produtos com rapidez, em perfeito estado e de acordo com sua solicitação. O planejamento é feito nas três esferas: estratégico, tático e operacional. Os planejamentos são em curto, médio e longo prazos.

Gerenciamento logístico hospitalar

O enfoque logístico no contexto hospitalar deve ser gestão de qualidade, para um bom controle e redução de erros no ambiente hospitalar. A farmacêutica Viviane explica que o caminho para fazer o gerenciamento logístico de uma instituição hospitalar é avaliando e padronizando processos, perfil de atendimento e medicamentos, estruturando um bom centro de distribuição, com sistema operacional confiável, com setor de compras compilado ao estoque e fornecedores fixos e previamente estabelecidos. Parcerias com outras instituições para possíveis trocas ou empréstimos de moléculas também são bem-vindas, bem como treinamento constante na equipe e uma política de logística reversa bem estabelecida.

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