Crianças foram atendidas na UPA do 2º Distrito de Rio Branco.
Doze estudantes, cujas idades variam entre 10 e 12 anos, foram encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco na manhã do dia 7 de dezembro, após ingerirem medicamentos controlados na escola. Segundo informações da unidade de saúde, uma aluna trouxe para a sala de aula medicamentos da avó destinados a duas colegas que estariam enfrentando problemas de insônia.
As duas crianças teriam consumido metade de um comprimido, enquanto o restante foi distribuído entre os demais alunos. Essas informações foram corroboradas por uma administradora de radiologia presente na sala de atendimento da UPA e pela direção da própria unidade de saúde.
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A direção do hospital informou que os estudantes ingeriram zolpidem e sertralina, resultando em um "estado de letargia devido ao uso da medicação". Após receberem atendimento na emergência pediátrica, foram medicados, permaneceram algumas horas em observação e, posteriormente, receberam alta.
A farmacêutica e conselheira federal de Farmácia pelo Acre, Isabela Sobrinho, analisa com certa preocupação o aumento de casos de crianças e adolescentes fazendo uso dessas medicações sem supervisão dos pais e sem a devida prescrição de profissional habilitado. “É importante que o farmacêutico seja consultado e inserido nas políticas públicas sobre a conscientização do uso racional de qualquer medicamento. Como profissional da saúde, me preocupo com a falta de orientação que as nossas crianças e adolescentes têm com relação aos medicamentos. Precisamos ampliar o debate nas escolas, em casa e na sociedade”, destaca a conselheira federal.
Isabela explica que esses medicamentos são capazes de agir no Sistema Nervoso Central (SNC) e possuem propriedades sedativas, relaxantes e anticonvulsivantes. “Nossos jovens precisam entender que medicamento é coisa séria e, se usado sem a devida prescrição e supervisão, pode trazer sérios riscos. O que preocupa é o risco de dependência. Quanto maiores forem o tempo de uso e as doses, maiores serão as chances de tolerância aos medicamentos e os sintomas da sua retirada. Tanto as crianças como os idosos são mais propensos à manifestação de efeitos adversos”, analisa.
Consciente do seu papel fundamental como farmacêutica, Isabela conta que já iniciou o debate com escolas para ampliar a conscientização e a informação entre os jovens e adolescentes. “Em maio de 2023, iniciei um projeto de diálogo com os nossos estudantes, onde fiz uma palestra sobre automedicação na Escola Pública Estadual Humberto Soares, em Rio Branco, e pude constatar que a falta de informações sobre os medicamentos é um grave problema de saúde pública”.
Zolpidem e sertralina são medicamentos considerados bem tolerados, seguros e eficazes quando usados em doses adequadas e pelo menor tempo possível. No entanto, como qualquer fármaco, podem apresentar efeitos colaterais, sendo os mais comuns a letargia, o cansaço, a sedação, a sonolência e as alterações da capacidade motora. “Em caso de dúvida, consulte sempre o farmacêutico”, finaliza Isabela Sobrinho.
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