As infecções sexualmente transmissíveis dispararam nos últimos anos nos Estados Unidos e em vários outros países do mundo, inclusive o Brasil, levando a uma busca urgente por soluções. Novas pesquisas sugerem que um antibiótico amplamente disponível, tomado após o sexo, pode ajudar a conter a maré.
Uma única dose de doxiciclina tomada dentro de 72 horas após o sexo desprotegido reduz drasticamente o risco de uma IST bacteriana, descobriram estudos. A abordagem parece mais eficaz para prevenir a clamídia e a sífilis, e um pouco menos para prevenir a gonorreia.
A estratégia demonstrou funcionar entre mulheres trans e homens que fazem sexo com homens que correm alto risco de contrair uma IST. Mas as pílulas não mostraram benefício em mulheres cisgênero (cuja identidade de gênero corresponde ao sexo atribuído no nascimento).
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— Embora os preservativos funcionem muito bem quando as pessoas os usam, eles nem sempre estão acessíveis às pessoas em seus relacionamentos — disse Jenell Stewart, médica de doenças infecciosas da Hennepin Healthcare e da Universidade de Minnesota. — Precisamos ter soluções além disso.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) ainda não recomendam a doxiciclina pós-exposição para prevenir ISTs. Mas com base na força das novas evidências, algumas cidades como São Francisco já estão oferecendo o antibiótico para aqueles com alto risco de infecção por clamídia, sífilis e gonorreia.
A sífilis foi quase eliminada nos Estados Unidos em 2000; as taxas de gonorreia também estavam diminuindo nessa época. Mas as infecções ressurgiram, em grande parte devido ao fechamento de clínicas de saúde sexual em todo o país. Em qualquer dia de 2018, cerca de 1 em cada 5 americanos teve uma DST, estimou o CDC.
Os novos estudos analisaram principalmente o uso de doxiciclina em homens que fazem sexo com homens, responsáveis por mais de 40% das ISTs nos Estados Unidos. Geralmente, os participantes receberam um suprimento do antibiótico e foram instruídos a tomar dois comprimidos dentro de três dias após uma possível exposição a uma IST.
Um estudo de 2017 descobriu que a doxiciclina pós-exposição reduziu drasticamente a taxa de clamídia e sífilis, mas não de gonorreia, nesse grupo. Os resultados foram reforçados pelos de outro estudo que descobriu que a doxiciclina após o sexo diminuiu a incidência de sífilis e clamídia entre os participantes em mais de 80% e a de gonorréia em cerca de 55%.
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