Zumbido no ouvido pode ser uma das sequelas da Covid-19

Zumbido no ouvido pode ser uma das sequelas da Covid-19

Cientistas norte-americanos estudam as ligações entre zumbido no ouvido e os casos de Covid-19. Em artigo recente no New York Times, pesquisadores apresentam alguns resultados que indicam que o zumbido pode ser sequela da doença, conforme destacou o portal Hospitais Brasil.

De acordo com os cientistas, o start para as pesquisas foi o suicídio do empresário Kent Taylor, fundador e executivo-chefe da rede de restaurantes Texas Roadhouse, chamando a atenção para uma possível ligação entre Covid-19 e o zumbido.

Taylor sofreu de uma variedade de sintomas após sua doença, incluindo zumbido severo, revelou sua família em um comunicado, acrescentando que seu sofrimento se tornou ‘insuportável’. Se o zumbido está relacionado ao Covid-19 e, em caso afirmativo, com que frequência ele ocorre ainda é uma questão a ser confirmada.

Até o momento nem a Organização Mundial da Saúde (OMS) e tampouco os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, descrevem o zumbido como um sintoma, embora os problemas auditivos sejam comuns em outras infecções virais.

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Porém, o zumbido já entrou na lista de sintomas da Covid-19 publicada pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, junto com fadiga, falta de ar, tontura, entre outros. E alguns estudos e relatos de casos recentes sugeriram uma ligação potencial.

Também há evidências de que a Covid-19 pode agravar os sintomas entre pessoas que tinham zumbido antes de contrair a doença. Um estudo publicado no final do ano passado na revista Frontiers in Public Health que avaliou 3.100 pessoas com zumbido descobriu que 40% dos 237 entrevistados que tiveram Covid-19 relataram que seus sintomas foram ‘significativamente exacerbados’ após a infecção causada pelo novo coronavírus.

“Existem muitos vírus que afetam os ouvidos, incluindo sarampo, caxumba e rubéola”, afirmou o audiologista da Anglia Ruskin University, do Reino Unido, Eldre Beukes, que liderou o estudo. “Também pode ser o caso de os medicamentos tomados para combater a Covid-19 estejam piorando o zumbido. E há uma ligação bem conhecida entre zumbido e estresse”, completou o especialista.

O estudo citou uma variedade de fatores que aumentaram o estresse para quase todas as pessoas na pandemia, incluindo o medo de pegar o novo coronavírus e as regras de distanciamento social que aumentaram o isolamento e a solidão. Considerando que o estresse é uma das causas universais de zumbido, com relação ao Covid-19 acredita-se tratar de uma neuropatia, como a perda do olfato e do paladar.

Segundo o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni, o surgimento constante de estudos que indicam novos danos relacionados à Covid-19 se deve ao fato de que o coronavírus é ainda um mistério em todos os aspectos, inclusive em relação às sequelas.

“As sequelas estão sendo descobertas aos poucos, haja vista que é uma infecção nova, com comorbidades associadas na maioria das vezes. Ao farmacêutico cabe informar às autoridades competentes essas possíveis sequelas da infecção da Covid-19 identificadas em seus pacientes, bem como estar sempre atento às bases de divulgação de estudos científicos, para que as informações possam ser passadas, aos pacientes e à população em geral, de modo fidedigno”, destacou Poloni ao Portal do ICTQ.

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De acordo com a médica Tanit Ganz Sanchez, diretora-presidente do Instituto Ganz Sanchez, entidade especializada no tratamento de zumbido em São Paulo, 15% de seus pacientes passaram a ter o problema após contrair o Covid-19 aliado ao estresse. Em outros 40%, o zumbido é motivado pelo estresse aliado a outras causas como problemas de audição, circulação, músculos do pescoço, mandíbula, entre outros.

Conhecido como uma ilusão sonora, o zumbido, é a sensação de ouvir som de apito, chiado, cigarra, sirene, motor ou panela. O problema acomete cerca de 24% da população em geral, atingindo 33% dos idosos, 31% das crianças e 34% dos adolescentes. Mais de 40 milhões de brasileiros sofrem com o incômodo, segundo o Instituto Ganz Sanchez.

Independente do sexo ou da idade, o zumbido é considerado um problema invisível porque nem mesmo exames avançados conseguem detectar sua presença, a não ser que o próprio paciente o revele. Mas já existe tratamento para a doença, sendo que, com técnicas apropriadas, vários pacientes obtiveram melhora no sintoma e alguns alcançaram a cura, segundo os especialistas.

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