Covid-19: por que a vacinação para a mesma idade muda entre Estados

Covid-19: por que a vacinação para a mesma idade muda entre Estados

Brasileiros com a mesma idade e condições de saúde ocupam lugares diferentes na fila da vacina no País. Um morador do Pará com 55 anos tem previsão de ser vacinado nos próximos 14 dias. Se ele vivesse em São Paulo, a espera poderia levar quase 40 dias. Logística, número de pessoas por faixa etária e falta de coordenação nacional explicam disparate.

Levantamento do jornal Estado de Minas, com base nos dados do @coronavírusbra1, painel que reúne dados de vacinação, casos e óbitos pelo coronavírus no Brasil e no mundo, revela que a vacinação para a mesma idade muda entre os Estados brasileiros e pode fazer a fila andar mais rápido ou ao contrário.

Segundo dados de 9 de abril, o Estado que mais aplicava vacina era São Paulo, com média diária de 144.224 doses, seguido por Minas Gerais, com 81.073 aplicações. Logo depois apareciam Rio Grande do Sul (64.286), Rio de Janeiro (52.576) e Bahia (38.605). Apesar desses números, não significa que um indivíduo de um Estado que está aplicando mais vacinas será imunizado mais rapidamente. Quem tem 25 anos no Rio Grande do Sul, por exemplo, deve esperar 3 meses e 6 dias. No DF, 1 ano.

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Determinados fatores explicam essa divergência, segundo especialistas. O farmacêutico e professor de Programa de Formação e Habilitação de Farmacêuticos em Vacinação do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Klauber Menezes Penaforte, citou alguns desses motivos ao Estado de Minas.

O primeiro deles está relacionado à estrutura de transporte e distribuição dos insumos nas regiões do País. “Temos que levar em consideração a questão da logística, pois é diferente levar uma vacina para o interior do Amazonas e para o interior de São Paulo. Isso pode afetar a vacinação nos Estados”, explicou Penaforte.

Outro fator indicado pelo professor é a diferença na quantidade de pessoas de uma mesma faixa etária entre os Estados. “Uma coisa que também temos que pensar é no perfil etário da população. O número de jovens que estão em São Paulo é infinitamente maior do que o número de jovens que estão no Pará. Então, a logística vacinal é mais abrangente”, comenta Penaforte. Ou seja, mesmo que a taxa média de vacinação no Estado seja alta, ela não é suficiente para agilizar a fila de espera de uma determinada faixa etária.

Por fim, a falta de coordenação nacional é apontada pelo virologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rômulo Neris como mais um motivo para a diferença na fila da vacina. Ele lembra que o Brasil quebrou recordes de vacinação no passado. Em 2009, durante a gripe H1N1, o País vacinou todas as pessoas do grupo de risco em apenas três meses.

“Para que essas campanhas de imunização funcionem, elas precisam de um único centro de coordenação. Em geral, essa coordenação vem do Ministério da Saúde, que é quem implementa o Programa Nacional de Vacinação (PNI). Exatamente por isso o ministério é que define os grupos principais, as faixas etárias a serem vacinadas e adquire e distribui os insumos e as vacinas”, esclareceu Neris ao jornal.

O virologista da UFRJ disse que quando não há o controle central, ocorrem cenários como esse da diferença de prazo de vacinação entre os Estados de pessoas de uma mesma idade. “O Ministério da Saúde definiu quais eram os grupos prioritários para receber a vacina, definiu até algumas categorias dentre esses grupos, mas não chegou a determinar um calendário nacional por idade. Isso gerou o cenário que estamos vendo. Municípios vizinhos com discrepâncias absurdas”.

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Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, entre fevereiro e março, o calendário da maioria dos municípios não tinha correlação. “Podia andar 20 minutos de carro, ir para outro município e a faixa etária da vacinação diminuir em 10, 15, 20 anos”, salientou Neris.

Segundo os especialistas, tendo em vista esse cenário, alguns municípios podem ter datas de vacinação diferentes dos demais dentro de um mesmo Estado. Os grupos prioritários seguem o PNI, mas estão suscetíveis a alteração ou priorização por governos estaduais e municipais. Além disso, os dados são estimativas que podem mudar diariamente, não podendo servir de base para ações de políticas públicas e estão suscetíveis a alterações de regras e leis da Federação, Estados e municípios.

Plataforma surgiu da carência de dados

O painel @coronavirusbra1 nasceu no início da pandemia no Brasil, em 2020, quando até mesmo os órgãos públicos tinham poucas informações sobre a Covid-19. “Os dados começaram a ser coletados manualmente e depois automatizados com a ajuda de novos colaboradores e conforme o projeto crescia”, revelou ao Estado de Minas o voluntário da plataforma Renan Altendorf.

Em 2021, um novo tema também se tornou importante, a imunização. “Com o início da vacinação, um novo braço de coleta de dados foi criado. Alguns novos ‘robôs’ vão várias vezes ao dia até os sites das secretarias estaduais de Saúde e, posteriormente, é feita uma validação manual por colaboradores, antes de os dados serem publicados”, explicou Altendorf.

De acordo com ele, os dados disponibilizados são atualizados diariamente com a média de sete dias de vacinação por Estado e considera a projeção da população brasileira e o recorte dos Estados por idade disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, como os dados levam em conta os últimos sete dias, quando há problema de abastecimento das vacinas, a média diária de pessoas vacinadas diminui e, consequentemente, aumenta o número de dias necessários para atingir outras idades.

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