Apesar da boa notícia em relação à aprovação do uso emergencial da vacina contra o novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil alertam que a situação da pandemia em território nacional deve se agravar, entre o final de janeiro e o início de fevereiro de 2021.
Segundo a reportagem, que ouviu epidemiologistas, bioinformatas e cientistas de dados, a tendência é que os números de óbitos e infectados permaneçam elevados ou aumentem de maneira significativa. Esse possível cenário já causa preocupação em autoridades científicas e de saúde.
"Estamos num momento bem preocupante. Talvez as pessoas não estejam percebendo ainda, mas tudo indica que as próximas semanas serão complicadas", afirmou o bioinformata Marcel Ribeiro-Dantas, que é pesquisador do Institut Curie, na França, em matéria publicada na BBC.
Consequências do Natal e Réveillon
Um dos motivos para esse agravamento, apontado pelos especialistas ouvidos pelo veículo, seria as aglomerações das festas de fim de ano, pois, muitas pessoas não respeitaram as orientações dos órgãos de saúde e se reuniram em locais públicos, como praias e clubes, por exemplo. Além disso, muitos foram celebrar com familiares e amigos, negligenciando todas as recomendações de isolamento social.
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Nesse sentido, os efeitos dessas aglomerações só começam a ser sentidos a partir das últimas semanas de janeiro, pois, esse resultado pode ser explicado pela dinâmica da doença e pelo tempo que ela leva para se manifestar com sintomas.
"A transmissão do vírus pode até ter ocorrido durante essas festas, mas a necessidade de ficar num hospital ou até a morte do paciente leva semanas para acontecer", explica o estatístico e pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Leonardo Bastos, à BBC.
Cadeia de transmissão
Em resumo, segundo a BBC, quando a pessoa é infectada pelo vírus, os sintomas, que incluem febre, tosse seca, dores, cansaço e falta de paladar ou olfato, podem demorar até 14 dias para se manifestar.
Nesse sentido, ainda há um agravante: em meio a esse intervalo, em que o indivíduo está assintomático, ele pode transmitir o vírus para diversas pessoas, criando uma cadeia de disseminação em sua comunidade.
Nos casos considerados mais graves da Covid-19, que são aqueles que ocasionam falta de ar, pois, o agente infeccioso prejudica os pulmões, há uma janela de sete dias entre o contato com o vírus e a necessidade de hospitalização da pessoa.
Após a internação, muitos pacientes podem permanecer até cinco semanas em atendimento hospitalar antes de vir a óbito. Fato que também pode gerar superlotação nos sistemas de saúde, ocasionando, inclusive, falta de medicamentos, produtos e leitos para atender aos pacientes.
Um exemplo dessa situação aconteceu em Manaus, em que a falta de oxigênio resultou na morte de diversas pessoas que estavam internadas em hospitais daquela cidade.
Pandemia atualmente
Segundo um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), até 20 de janeiro de 2021, o Brasil contabiliza 8,5 milhões de casos de infectados e 210 mil mortes por Covid-19.
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