Após ser aprovada por algumas Agências reguladoras internacionais, a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2), desenvolvida pelas empresas Pfizer e BioNTech, passou do conceito à realidade em apenas 10 meses, tempo recorde, jamais visto na história, para o desenvolvimento e disponibilização de um imunizante à população. Com isso, houve muitos questionamentos como: por que isso não aconteceu com outros vírus? Já que o HIV, por exemplo, já fez milhões de vítimas e, há mais de três décadas, desde que se tornou notícia em todo o mundo, ainda não tem um antígeno que possa combatê-lo.
Segundo o farmacêutico e professor do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Thiago de Melo, existe uma explicação para essa situação: “Nós estamos diante de um retrovírus no caso do HIV, que necessita de uma enzima chamada transcretais reversa para incorporar o seu genoma no DNA, isso só se faz, na verdade, com o HIV. E fora a sua capacidade extrema de mutação, coisa que não é aplicável ao Sars-CoV-2, pois, a sua capacidade de mutação é muito limitada em relação ao vírus HIV”, disse ele, em live transmitida pela Instituição no YouTube.
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Melo, que também é pesquisador, continua: “Por isso, dessa forma, nós temos uma certa facilidade em poder produzir um anticorpo com o alvo principal, que seria sobre a proteína S, a Spike do Sars-CoV-2, fazendo com que haja uma melhor eficácia com menos mudanças, se comparado a vários tipos de vírus HIV, que nós presenciamos ao longo de mais de 30 anos sobre o vírus HIV”, complementa.
Tempo recorde
Melo ainda explica que há um motivo para o desenvolvimento da vacina em tempo recorde. Segundo o farmacêutico, a experiência contou muito. “10 anos, em média, foi o tempo necessário para outras vacinas, como contra o sarampo, rubéola e caxumba, sendo que para algumas doenças, até hoje, não existe, como para a malária, que ainda não existe, para o HIV também não. Então, nós nos surpreendemos com essa grande evolução, mas é importante lembrar que já existia uma expertise por trás disso, um entendimento melhor sobre a forma de se incorporar o RNA numa partícula ou, então, de se inativar alguns tipos de vírus da linhagem também dos Sars-CoV-2. Contudo, essa situação trouxe à tona essa ideia de quão rápido é, colocando essa imagem aqui de fundo, porque nosso assunto não é somente para farmacêuticos, muitos leigos têm interesse, atualmente, sobre esse assunto”, explica o pesquisador.
Por fim, o farmacêutico usa uma explicação ampla para ilustrar esse momento histórico: “É como se nós fossemos ao shopping para comer em um fast food rapidamente, então, o prato dentro de 5 ou 10 minutos está pronto. Então, você pergunta como que está pronto um prato desse tipo? A explicação é porque algumas coisas já estavam pré-preparadas para que [o prato] pudesse sair de forma tão rápida. Eu acredito que esse foi um dos motivos pelos quais nós temos, em 10 meses, a grata resposta de várias vacinas com a sua segurança e eficácia [contra a Covid-19]”, encerra.
Assista ao vídeo completo com a live do ICTQ:
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