No novo método, as microagulhas levam o medicamento direto ao tumor de câncer de pele. A inovação, que foi criada em parceria entre a USP e a Queen’s University of Belfast, na Irlanda do Norte, permite a entrega dos fármacos via terapia fotodinâmica (TFD), revelou o Jornal da USP.
Pesquisa desenvolvida no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, em colaboração com a Queen’s University of Belfast, desenvolveu nova forma de combater o câncer de pele. A terapia consiste em utilizar microagulhas dissolúveis que, aplicadas diretamente sobre o tumor, entregam fármacos para combater a doença, via TFD. A pesquisa foi publicada no periódico científico Journal Biophotonics.
A inovação, que cabe na ponta de um dedo, é composta de um arranjo que contém 361 microagulhas, em formato de pirâmide, com 0,5 milímetro (mm) de altura. Durante a aplicação, o dispositivo é posicionado na superfície do tumor e pressionado por 30 segundos. Ele permanece inserido no tumor para que as microagulhas atuem por uma hora.
Passado esse tempo, as microagulhas se dissolvem e o fármaco é absorvido pelo tumor. A partir de então, a região é iluminada, dando início ao processo de terapia fotodinâmica, conforme explicou ao Jornal da USP a autora do estudo, Michelle Barreto Requena, do Grupo de Óptica do IFSC, que fez ‘doutorado-sanduíche’ no Reino Unido.
Tendo como base pesquisas que se propunham a investigar métodos mecânicos para melhorar a entrega de fármacos contra o câncer, Michelle descobriu uma nova vertente para seu trabalho quando esteve em contato com um grupo de especialistas em desenvolvimento de microagulhas poliméricas, no Reino Unido. A partir da parceria estabelecida, direcionou seu trabalho para a área de tratamento do câncer de pele, do tipo não melanoma.
Já no IFSC, Michelle testou o novo procedimento com microagulhas em modelos animais. A pesquisa teve orientação do professor do IFSC Vanderlei Salvador Bagnato. Os resultados obtidos nos testes com camundongos foram superiores aos apresentados nas aplicações tópicas, que usualmente são feitas com creme.
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Segunda a pesquisadora, pela nova experiência, o fármaco foi disponibilizado de forma mais homogênea e em maiores profundidades nos tumores. Além disso, as concentrações dos medicamentos foram quatro vezes menores do que as utilizadas em cremes.
Ainda de acordo com Michelle, o novo procedimento é minimamente invasivo e não causa dor ou sangramento durante a aplicação. Os próximos passos são estudos clínicos em humanos e, se tudo correr como os pesquisadores estão planejando, no futuro, este tipo de procedimento poderá ser disponibilizado para hospitais, centros de saúde e consultórios médicos.
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2015, a pesquisadora descreve que a Terapia Fotodinâmica caracteriza-se por um conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que ocorre após a administração de compostos fotossensibilizantes (FS), uma fonte de luz e o oxigênio. Nesta modalidade terapêutica, ocorrem mecanismos de transferência de energia entre o FS e o oxigênio molecular presentes nos tecidos, gerando espécies reativas de oxigênio capazes de levar as células cancerígenas à morte.
O artigo ‘Dissolving microneedles containing aminolevulinic acid improves protoporphyrin IX distribution’, que descreve os resultados da pesquisa, pode ser consultado no site do Journal Biophotonics.
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