Por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi feito um alerta para todo o território nacional, na segunda-feira (07/12), sobre a investigação em curso do possível primeiro caso positivo no Brasil de Candida auris (C. auris), um fungo resistente a medicamentos, responsável por infecções hospitalares, considerado um dos mais temidos do mundo.
Segundo o comunicado da Anvisa, o fungo foi identificado em "amostra de ponta de cateter de um paciente internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) adulto em um hospital do Estado da Bahia". Por isso, o material coletado foi submetido à análise do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA) Prof. Gonçalo Moniz, em Salvador, e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
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A Agência explica ainda que a amostra ainda passará por "análises fenotípicas (para verificar o perfil de sensibilidade e resistência)" e "sequenciamento genético do microrganismo (padrão-ouro)", pois, após esses procedimentos poderá haver uma confirmação oficial sobre o caso.
Entretanto, em meio à suspeita, a Agência reguladora recomendou o reforço da vigilância laboratorial em relação ao fungo em todos os serviços de saúde em território nacional, além de outras medidas de controle e prevenção que possam evitar um potencial surto.
“Para acompanhar o caso e para prevenir a disseminação de C. auris no País foi organizada uma força-tarefa nacional composta por representantes da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa-BA), da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH-BA), do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs), da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, além de representantes do Ministério da Saúde (MS), do Lacen-BA, de laboratórios da rede nacional para identificação de C. auris e da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES) da Anvisa”, explica o comunicado do órgão sanitário.
E completa: “A Agência está trabalhando na revisão do Comunicado de Risco para contemplar a nova situação epidemiológica do País, a inclusão de outros laboratórios como referência para a rede nacional e as novas evidências científicas disponíveis. Recomendamos que os serviços de saúde e laboratórios de microbiologia estejam alertas às orientações previstas nesses documentos (veja aqui), para que ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo sejam adotadas de forma oportuna e segura”, orienta a Anvisa.
O fungo
Segundo a Anvisa, o “C. auris é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global e foi identificado, pela primeira vez, como causador de doença em humanos em 2009, no Japão”.
A Agência destaca ainda que “algumas cepas de C. auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas) e sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, uma vez que pode ser facilmente confundida com outras espécies de leveduras, tais como Candida haemulonii e Saccharomyces cerevisia”.
Um detalhe preocupante em relação ao C. auris está relacionado à sua resistência, pois, ele pode sobreviver em superfícies por longos períodos. Além disso, não é possível eliminá-lo usando detergentes e desinfetantes mais comuns. Ao ser confirmado um surto, a desinfecção só é possível por meio de produtos químicos de limpeza adequados, que são utilizados em hospitais, segundo o G1.
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