O presidente da Sinovac, Weidong Yin, admitiu pagamento de propina a autoridades chinesas, entre 2002 e 2011, para acelerar aprovação de vacinas, revelou o jornal norte-americano Washington Post. Não há suspeita de irregularidades no processo de desenvolvimento da Coronavac, que a empresa elabora em parceria com o Instituto Butantan, revelou o Estadão.
De acordo com a reportagem do WP, com base em documentos de tribunais da China, o presidente da Sinovac admitiu à Justiça da China em 2016 ter pago propina a um ex-oficial da agência regulatória de medicamentos do país durante quase uma década para acelerar a aprovação de vacinas no órgão governamental.
Devido a um acordo com a Justiça, o executivo permaneceu em liberdade e continua comandando a companhia. Em um relatório da empresa para investidores obtido pelo Estadão, a Sinovac diz apenas que “Weidong Yin não foi acusado de qualquer crime ou conduta imprópria” e que “cooperou como testemunha com a Procuradoria”.
A empresa informou ainda que “para o nosso conhecimento, as autoridades chinesas não iniciaram nenhum processo legal ou inquérito governamental contra Yin”. Por fim, a Sinovac afirmou ter conduzido auditorias internas e implementado um programa de combate à corrupção nos últimos anos.
Segundo trechos do depoimento de Yin à Justiça revelado pelo Washington Post, o executivo afirmou que pagou US$ 83 mil ao ex-oficial da agência chinesa Yin Hongzhang, responsável pela área de imunobiológicos do órgão, e à sua esposa.
O executivo justificou, no depoimento, que “não poderia negar pedidos de dinheiro por parte de um oficial da agência regulatória”. O ex-oficial da agência chinesa, por sua vez, foi condenado a dez anos de prisão por cobrar suborno de vários membros da indústria de vacinas chinesa. O julgamento ocorreu em 2016.
No período do pagamento do suborno, a Sinovac conseguiu o registro de vacinas como a da gripe H1N1 e a de hepatite A, mas, segundo a reportagem, não houve escândalo relacionado à segurança e à qualidade das vacinas aprovadas no período, tampouco irregularidades referentes ao desenvolvimento da Coronavac.
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Em nota, o Instituto Butantan disse que a parceria com a farmacêutica foi firmada neste ano para estudos clínicos e desenvolvimento da vacina contra a Covid-19. “A pesquisa clínica tem auditoria independente e o registro do imunizante passará por avaliação técnica da Anvisa”, revelou a instituição, segundo O Globo.
A Sinovac é a segunda maior empresa do setor na China, perdendo apenas para a estatal Sinopharm, que também desenvolve uma vacina para Covid-19. As duas empresas contribuem para um certo orgulho nacional que a indústria biomédica chinesa inspira, apurou O Globo, por ter conseguido desenvolver as primeiras vacinas contra SARS e gripe suína do mundo.
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