Uma paciente norte-americana de 40 anos teve o líquido cefalorraquidiano vazado por conta de uma perfuração do revestimento do cérebro causada pelo swab (cotonete) nasal administrado incorretamente para fazer o teste de Covid-19, informou a AFP.
O caso foi relatado por médicos no periódico científico Jama Otolaryngology – Head & Neck Surgery, dos Estados Unidos, publicado na quinta-feira (1/10). Também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, o líquido cefalorraquidiano é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnóideo no cérebro e na medula espinhal.
Segundo um dos autores do artigo, Jarrett Walsh, que atende no Hospital da Universidade de Iowa, a mulher havia feito um teste nasal antes de uma cirurgia eletiva de hérnia e notou um fluido claro saindo de uma de suas narinas. Pouco tempo depois, ela começou a ter dor de cabeça, vômitos, rigidez de nuca e sensibilidade à luz, e foi levada aos cuidados de Walsh.
O medico acredita que o teste pode ter sido administrado um pouco alto demais na narina, provocando o acidente. Além disso, a mulher havia sido tratada anos antes de hipertensão intracraniana, o que significava que a pressão do líquido cefalorraquidiano que protege e nutre o cérebro era muito alta.
Na época, os médicos usaram um implante para drenar parte do fluido e a condição foi resolvida. Porém, fez com que ela desenvolvesse a chamada encefalocele, ou um defeito na base do crânio que faz o revestimento do cérebro projetar-se para o nariz, tornando-se suscetível a uma ruptura.
Isso passou despercebido até que antigos exames de tomografia foram analisados por seus novos médicos, que realizaram uma cirurgia para reparar o problema em julho. A paciente já se recuperou totalmente.
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Walsh disse acreditar que os sintomas que ela desenvolveu foram resultado de irritação no revestimento do cérebro. Se o problema não tivesse sido tratado, ela poderia ter desenvolvido uma infecção cerebral potencialmente fatal ou poderia ter entrado ar no crânio e colocado pressão indevida no cérebro.
O caso mostrou que os profissionais de saúde devem ter o máximo cuidado e seguir os protocolos do teste, destacou Walsh. “Para as pessoas que passaram por cirurgia de sinusite, por exemplo, deve-se, se possível, considerar a solicitação de testes orais”, frisou.
“Isso ressalta a necessidade de treinamento adequado daqueles que administram o teste e a exigência de vigilância após a sua realização”, complementou o especialista em ouvido, nariz e garganta do Hospital Lenox Hill em Nova York, Dennis Kraus, que não participou do artigo.
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