Surge uma nova possibilidade de medicamento contra o novo coronavírus (Covid-19). Na terça-feira (25/08), a empresa francesa de biotecnologia Abivax anunciou a realização do estudo miR-AGE no Brasil, que vai avaliar uma a possível tripla ação de um medicamento contra a doença, trata-se do ABX464, que é antiviral, anti-inflamatório e repara tecidos do corpo humano.
Segundo a revista Galileu, em um estudo promissor o fármaco conseguiu inibir a replicação do novo vírus em culturas celulares do epitélio ciliado dos brônquios, que faz parte do tecido pulmonar. De acordo com o médico e professor titular de imunologia clínica e alergia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Kalil, que é coordenador do estudo no Brasil, a ação do ABX464 foi comparada a de outro medicamento que, inclusive, já aprovado em muitos países no tratamento da doença. "Ele foi comparado à ação e eficácia do remdesivir, são semelhantes nesse sentido", destacou.
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Em teste pré-clínico, o fármaco mostrou ação anti-inflamatória ao auxiliar no controle do micro-RNA, que é um fragmento de material genético que reduz a ação de várias moléculas inflamatórias. Já o possível terceiro benefício ficou por conta da capacidade reparadora do medicamento, que é bastante notável em pacientes com colite ulcerativa, pois, tiveram suas lesões regeneradas no trato digestivo.
Vale ressaltar que, inicialmente, o medicamento foi desenvolvido para o tratamento de outras doenças, como: colite ulcerativa, doença de crohn e artrite reumatóide.
Estudo
O estudo miR-AGE chega em território nacional com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além do Brasil, os testes serão realizados em outros países da América Latina: México, Peru e Chile. A análise é amparada pelo fato de que mais de 300 pessoas já foram tratadas com o ABX464 na Europa.
Ao todo, mais de 1.034 vão participar dos estudos, incluindo latino-americanas e europeus. Desse total, 800 voluntários devem ser brasileiros. Na iniciativa, poderão participar pessoas recém-diagnosticadas, internadas ou não, com mais de 65 anos ou com algum fator considerado de risco para a doença, como, por exemplo, portadores de diabetes, hipertensão, obesidade ou doenças cardíacas.
Durante 28 dias, alguns pacientes receberão uma dose diária do ABX464 por via oral. Contudo, como o estudo é randomizado algumas pessoas vão receber o medicamento e outras um placebo. Todos os participantes serão monitorados. Segundo os pesquisadores, a ideia do estudo miR-AGE, que está na fase 2b/3, é avaliar a eficácia do medicamento no tratamento dos pacientes.
"A expectativa é que possamos diminuir muito a internação e as complicações da doença em pessoas de grupos de risco", destaca Kalil. Ele completa: "Estamos confiantes em relação a isso porque, com a tripla ação do medicamento, vamos atacar os três principais problemas da doença: a replicação viral, o processo inflamatório e os prejuízos aos tecidos do pulmão", finaliza.
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