Medicamento inovador tem tripla ação contra doença pulmonar obstrutiva

Medicamento inovador tem tripla ação contra doença pulmonar obstrutiva

Produzido pelo laboratório italiano Chiesi, sai o primeiro medicamento no mercado com tripla ação (dois broncodilatadores e um corticoide) para o tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), quarto motivo de internações em hospitais públicos no País e a terceira principal causa de morte no mundo.

Esse novo medicamento traz novidades importantes que visam aumentar a adesão ao tratamento. É apresentado em dispositivo único inalatório de tripla ação, que facilita sua administração e potencializa os efeitos por meio de partículas extrafinas que avançam para áreas limítrofes do pulmão, conforme revelou à revista Veja o médico e professor de Pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, José Eduardo Delfini Cançado.

“Esse medicamento é um grande avanço para a medicina respiratória, pois, além de simplificar o tratamento e contribuir para a adesão do paciente, também apresenta inovação por conter partículas extrafinas, que atingem as áreas mais periféricas do pulmão, proporcionando maior efeito com menor dose de cada medicamento e reduzindo assim, os efeitos colaterais”, salientou Cançado.

Um dos grandes complicadores da DPOC é a dificuldade dos pacientes aderirem ao tratamento, uma vez que para reduzir a progressão da doença são usados broncodilatadores por via inalatória, as famosas ‘bombinhas’, e, em casos mais avançados, um corticoide associado.

“Muitos pacientes, em sua maioria idosos, enfrentam dificuldades em aderir ao tratamento, pois recebem a prescrição de dois ou três diferentes dispositivos inalatórios (bombinhas), resultando em uso de forma incorreta dos dispositivos, o que reduz a eficácia do tratamento”, apontou o professor da Santa Casa.

DPOC causa milhões de mortes anualmente

Antigamente chamada de bronquite crônica e enfisema pulmonar, a DPOC tornou-se um sério problema de saúde pública que não tem recebido a devida atenção. Somente no Brasil, existem mais de 6 milhões de pacientes com a doença, sendo que o País está entre os que tem maior número de casos, juntamente com a China, Índia e Estados Unidos, conforme levantamento da Veja.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a DPOC será a terceira principal causa de mortes no mundo até o final de 2020. Estima-se também que, ainda neste ano, a doença ocupe a quinta posição no ranking do Disability-Adjusted Life Year (DALY), que soma os anos perdidos por mortes prematuras e os anos vividos com incapacidade.

Em 1990, a doença ocupava o 12º lugar. Além da questão física, o peso psicossocial da doença não é pequeno – 23% dos portadores de DPOC consideram-se inválidos em função de seus problemas respiratórios e têm medo de sair de casa.

No Brasil, a DPOC já se tornou a quarta causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS). Para se ter ideia, em 2018, foram mais de 110 mil internações, 8 mil mortes e custo de mais de R$ 100 milhões aos cofres públicos, informa a Veja.

Apesar de grave, a doença nem sempre recebe a devida atenção. Sintomas como tosse, pigarro, catarro e até dificuldades para respirar são, na maioria das vezes, relativizados por quem os apresenta, especialmente os fumantes.

De acordo com relatório divulgado em 2019 pelo Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar (Platino), cerca de 80% das pessoas nem sabem que têm DPOC, sendo que apenas 12% dos pacientes recebem o diagnóstico e 18% seguem o que foi prescrito pelo médico.

Como a doença se manifesta

A DPOC é uma doença respiratória crônica caracterizada pela obstrução dos brônquios, associada a uma inflamação das vias aéreas, causada por inalação de partículas e gases nocivos. O início da doença costuma ser silencioso, com pequenos episódios de falta de ar ao realizar tarefas simples e tosse acompanhada de pigarro.

Apesar de estar muito associada ao tabagismo (80% dos casos estão relacionados ao cigarro), a doença também pode ter outras causas, como exposição à fumaça de lenha, produtos tóxicos, poeira e poluição, além de histórico familiar. “Em geral, existe um subdiagnóstico, porque o fumante atribui os sintomas de tosse, catarro, pigarro e cansaço ao hábito de fumar e não a uma doença desencadeada pelo cigarro”, explicou à revista José Eduardo Delfini Cançado.

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O especialista contou que a DPOC é uma doença progressiva e irreversível que gera a diminuição da capacidade pulmonar e tira a qualidade de vida do paciente. Diferentemente da asma, que permite ao paciente ficar livre de sintomas quando não está em crise, a DPOC tem potencial altamente incapacitante devido aos sintomas serem constantes, o que pode deixar o indivíduo dependente do uso de oxigênio e oferecer outros riscos, como doenças cardiovasculares, osteoporose, câncer e depressão.

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“Com o tempo, os sintomas de tosse, catarro, cansaço e falta de ar se intensificam, piorando a qualidade de vida e desencadeando exacerbações frequentes (crises de falta de ar), o que leva os pacientes recorrentemente a procurar o pronto socorro. Muitas vezes acabam necessitando de internação hospitalar, gerando um impacto social e econômico muito grande sobre o sistema de saúde”, esclareceu o médico.

De acordo com o profissional de saúde, o recomendado é fazer exames de rotina com um pneumologista todos os anos, principalmente a partir dos 50 anos de idade, além de consultar um médico ao apresentar qualquer sintoma respiratório, por mais brando que pareça.

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