Lista de medicamentos potenciais contra Covid-19 é enxugada

Lista de medicamentos potenciais contra Covid-19 é enxugada

A relação de medicamentos que poderiam contribuir para a cura da Covid-19 está se reduzindo. Depois da hidroxicloroquina, os ensaios clínicos europeus Solidarity e Discovery abandonaram o tratamento com os antivirais lopinavir/ritonavir por sua ineficácia e por seus efeitos colaterais. Já o Kevzara teve os estudos interrompidos nos Estados Unidos e até o remdesivir, que apresentou os resultados mais promissores, teve sua eficácia colocada em dúvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No final de junho, o ensaio clínico Britannique Recovery, dos antivirais lopinavir e ritonavir, usados no tratamento contra o vírus da Aids, foi abandonado, conforme revelou o Uol. O mesmo destino teve, no sábado (4/7), o teste Solidarity, promovido pela OMS em associação com o Discovery, realizado por franceses. Em 17 de junho, a entidade também descartou a hidroxicloroquina.

A OMS decidiu aceitar a recomendação pela paralisação dos experimentos do comitê diretor do Solidarity, programa coordenado pela OMS em 21 países, com mais de 5 mil pacientes hospitalizados, com o objetivo de encontrar um tratamento eficaz para casos mais sérios de Covid-19. Segundo o comitê, foram revisados também resultados de outros ensaios clínicos usando esses medicamentos.

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“Os resultados preliminares mostram que a hidroxicloroquina e o lopinavir/ritonavir produzem pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com Covid-19 hospitalizados quando comparados ao padrão de atendimento. Os investigadores do estudo de solidariedade interromperão os ensaios com efeito imediato”, revelou a OMS em comunicado, divulgado pela CNN, referindo-se a amplas análises em vários países.

O ensaio Discovery mostrou ainda que os efeitos colaterais na função renal em pacientes que tomam lopinavir/ritonavir “são significativamente mais altos”, esclarece um comunicado da instituição francesa de pesquisa que organiza o ensaio, o Inserm. Em particular, “nos pacientes hospitalizados em reanimação”, acrescenta o Inserm, conforme informou o Uol.

O Kevzara, por sua vez, teve os estudos interrompidos nos Estados Unidos depois que a droga não foi melhor que placebo para ajudar na recuperação de pacientes de Covid-19 hospitalizados em estado crítico.

Segundo a Agência Dow Jones e o Valor Econômico, os laboratórios Regeneron e Sanofi, que produzem o Kevzara, informaram que o medicamento falhou na recuperação de pacientes da Covid-19 durante um estudo clínico feito nos Estados Unidos.

Entre os pacientes que usam respiradores, 80% deles tratados com Kevzara apresentaram efeitos colaterais, em comparação com 77% daqueles que receberam placebo, informaram as empresas. Os resultados detalhados do estudo serão submetidos à publicação em uma revista científica.

O Kevzara é um anticorpo monoclonal humano que foi desenvolvido para o tratamento da artrite reumatoide. Sua substância ativa (sarilumabe) foi concebida para se ligar ao recetor (alvo) de uma molécula denominada interleucina-6, bloqueando a sua ação. A interleucina-6 está envolvida no processo inflamatório, estando presente em níveis elevados nas articulações dos doentes com artrite reumatoide. A Sanofi estuda se o fármaco pode influenciar na resposta inflamatória hiperativa nos pulmões de pacientes em estado grave ocasionado pela Covid-19.

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Restou o remdesivir, ainda que com ressalvas

Segundo o Uol, resultados do ensaio Recovery mostraram que a dexametasona reduz a mortalidade nos doentes mais graves – aqueles que usam ventilação artificial. Já o remdesivir conseguiu em 3 de julho autorização para seu uso condicional na União Europeia, após receber aprovação da Comissão Europeia.

O remdesivir é também a primeira droga aprovada por autoridades norte-americanas para ser usada no tratamento contra a Covid-19 sem ser em caráter experimental, o que levantou uma esperança quanto ao uso do medicamento.

Segundo um estudo americano, esse antiviral inicialmente desenvolvido para lutar contra a febre hemorrágica do Ebola reduz, ligeiramente, a duração do período de restabelecimento de doentes de Covid-19 internados – em média de 15 para 11 dias.

Apesar dos resultados promissores do remdesivir apresentados em relatório publicado em maio, a OMS alerta que o medicamento pode não funcionar como imaginado contra o novo coronavírus.

De acordo com a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, o uso do medicamento, pode não ser eficaz no tratamento de pacientes com o novo coronavírus. Há pesquisas conflitantes em relação ao antiviral. A cientista-chefe alertou ainda que há outros estudos que mostram que o remdesivir pode ser ineficaz no tratamento da Covid-19.

“Não sabemos se é eficaz, mas o plano é continuar com as pesquisas, precisamos responder a questões, como as taxas de mortalidade e de alta médica. Em algumas semanas, devemos ter mais resultados de estudos sobre taxas de mortalidade e altas médicas”, afirmou em entrevista coletiva Soumya, conforme divulgou o Estadão.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou no fim de junho o estudo com remdesivir com 105 pacientes hospitalizados com pneumonia grave causada pelo novo coronavírus. A autorização foi solicitada pela empresa PPD Pesquisa Clínica, segundo o Estadão.

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