Na quarta-feira (17/06), o Ministério da Saúde (MS) emitiu um comunicado que o Brasil está chegando ao momento de estabilização da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Com isso, tanto a curva de infectados como a de mortes se encontram em um platô, ou seja, continuam altas, mas começam a apresentar uma trajetória plana. Contudo, para o biólogo e pesquisador brasileiro, Atila Iamarino (foto), esses dados podem estar associados à falta de testagem em massa da população.
Em live transmitida pelo ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, na quinta-feira (18/06), ao explicar que o número de casos em território nacional se aproxima de 1 milhão de infectados, Iamarino destacou alguns fatores importantes sobre o atual momento da pandemia no País.
“Esse é o segundo número mais alto do mundo, em termos de casos diários. O Brasil ainda apresenta os maiores índices, mas nós estamos em um aparente platô, devido aos casos não terem apresentado crescimento nos últimos dias. No entanto, nesse momento, eu tenho muitas dúvidas se chegamos a esse cenário por medidas ou porque não temos testes suficientes para saber de números maiores, pois, para se constatar 30 mil casos por dia é preciso testar, em média, 50 mil pessoas por dia, inclusive, talvez, esse tenha sido nosso limite de testagem", destacou.
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Segundo Iamarino, que é doutor em virologia, países que têm segurado a proliferação do novo coronavírus são aqueles que estão testando por volta de dez casos negativos para um positivo. "São países que estão fazendo testes em muitas pessoas para encontrar alguém com o vírus: Austrália, Alemanha, Cingapura e Vietnã. Até a Índia se enquadra nesses números, devido ao tamanho da sua população, pois, apesar da quantidade de testes ainda ser pouca para o número de habitantes, eles estão testando muita gente para encontrar um caso positivo”, avalia.
Poucos testes
O biólogo comenta que o Brasil é um dos países que menos testam no mundo, pois, o número de testes realizados para cada caso positivo de Covid-19 é muito baixo. “Essa é uma das métricas mais importantes”, ressalta.
Segundo ele, em território nacional, a média é de dois testes para cada caso confirmado de infecção pelo vírus. “Países com esse cenário são aqueles que estão testando quem está muito mal no hospital, esse é o caso do Brasil. Nessa situação ainda é possível colocar os resultados negativos dentro da margem de erro. Por isso, provavelmente, em nosso País só estejam sendo testadas pessoas com diagnóstico positivo, pois, os resultados negativos podem ser atribuídos a outros fatores, não significa que, propriamente, o vírus não está na pessoa”.
Sazonalidade
Na transmissão, Iamarino também falou sobre outros possíveis fatores que podem ter contribuído para esse momento de platô da pandemia. Segundo ele, a sazonalidade é um deles. Nesse cenário, o vírus se espalha de acordo com as condições climáticas.
"É o que acontece com a gripe e com outros vírus respiratórios, sendo o padrão que a Covid-19 tem seguido no Brasil. Os casos começaram [a aumentar] primeiro na região Norte, logo após Nordeste, Sudeste e Sul. Esse cenário é mais ou menos o que temos visto com a Covid-19, excluindo as grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro”.
Assista ao vídeo da transmissão da live do ICTQ:
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