Por meio do livro Dez Drogas, o jornalista americano, Thomas Hager (foto), conta passagens da história que abordam e apresentam uma reflexão sobre a relação da humanidade com os medicamentos. Entre alguns fatos curiosos e polêmicos, o autor revela que a heroína foi receitada como expectorante para crianças, nos anos de 1890.
De acordo com a publicação, em 1890 a Bayer, que lidava com corantes, embarcou na busca de novos medicamentos. A partir dessa iniciativa, nasceu a Aspirina e, logo após, a Heroína da Bayer. Segundo o livro, os testes iniciais mostraram que a droga era cinco vezes mais forte que a morfina e muito propensa a causar vício, sendo até dez vezes mais eficaz que a codeína e muito menos tóxica.
Na época, o milagroso produto foi indicado como expectorante infantil e até no combate à ninfomania, entre outros problemas. O autor explica que podia-se comprar por US$ 1,50 (quase R$ 7, 00) uma maleta com uma seringa, agulhas e dois frascos de heroína. Segundo Hager, as primeiras apresentações científicas elogiaram a Heroína da Bayer e fizeram plateias aplaudirem a droga em pé.
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No entanto, a Bayer encontrou um problema: como a farmacêutica não tinha descoberto a heroína, pois, a molécula tinha, originalmente, sido elaborada por um químico londrino 20 anos antes, a empresa possuía uma patente fraca. Sendo assim, outras indústrias começaram a produzir a droga. Com isso, milhões de expectorantes à base da substância teriam sido vendidos.
"Dizia-se que elixires [preparações farmacêuticas] com heroína eram seguros para todas as idades, até para crianças. A droga era vendida sem receita, usada num tratamento atrás do outro, e servia para tudo, de diabetes, pressão alta, soluços e ninfomania (a aplicação para ninfomania pelo menos tinha alguma base na realidade: a heroína, como qualquer viciado pode testemunhar, acaba com a libido). Em 1906, a Associação Médica Americana aprovou a heroína para uso geral, especialmente, como substituta para a morfina", explica o autor em um trecho do livro.
Nesse sentido, a publicação ajuda a entender a epidemia de opioides (drogas que podem ser derivadas do ópio, como a heroína e a morfina). De acordo com o autor, a história se inicia a partir do consumo dos opiáceos, pois, esse fato explicaria o motivo pelo qual tantos medicamentos à base dessas substâncias são tão vendidos em todo o mundo, até mesmo, na atualidade.
No entanto, com o passar dos anos, especialistas em saúde foram descobrindo que a substância não era tão boa assim. De acordo com a publicação, na época, foi constatado que a teoria inicial, sobre a ideia de que a heroína era boa para o sistema respiratório foi considerada equivocada, pois, não fazia nada, em especial, para abrir as vias aéreas. Além disso, entre outras polêmicas, os consultórios começaram a receber muitos pacientes viciados no composto, e jornais também passaram a relatar diversos casos de overdoses.
O livro Dez Drogas pode ser encontrado, na versão em português, em diversas livrarias em território nacional ou em sites de venda na internet.
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