A start-up britânica Exscientia, em parceria com a Sumitomo Dainippon Pharma, companhia farmacêutica japonesa, criou uma molécula medicinal feita por meio de Inteligência Artificial (IA). O novo medicamento será testado no tratamento de pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC).
Essa é a primeira vez que uma molécula criada por meio da IA será testada em humanos. Durante os estudos, os pesquisadores fizeram uso de algoritmos que vasculharam possíveis compostos e os compararam com um grande banco de dados de parâmetros.
Um ponto importante é que o estudo é considerado uma inovação, pois, conforme divulgado no portal Mundo Conectado, pesquisas sobre o desenvolvimento de medicamentos levam cerca de cinco anos até chegar na etapa de testes. No entanto, o mesmo processo por meio da IA levou apenas um ano.
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Segundo o chefe executivo da Exscientia, Andrew Hopkins, a IA foi bastante eficiente nos estudos: "Vimos a IA diagnosticando pacientes e analisando dados e exames, mas esse é um uso direto dela na criação de um novo medicamento", explica.
De acordo com informação divulgada à imprensa, para os próximos passos, a DSP-1181 (nome dado à molécula) entrará na primeira fase de testes no Japão. Caso os resultados sejam positivos, o medicamento será encaminhado para avaliações globais. Em paralelo, a start-up está desenvolvendo outros produtos que, futuramente, também serão testados em tratamentos contra o câncer e contra doenças cardiovasculares.
De acordo com Hopkins, a intenção é que até o final de 2020 outra molécula esteja pronta para a fase de testes clínicos: "São necessárias bilhões de decisões para encontrar as moléculas certas e é uma decisão enorme projetar uma droga com precisão. Este ano foi o primeiro a ter um remédio [medicamento] projetado por Inteligência Artificial, mas até o final da década todos os novos medicamentos poderiam ser criados por meio dela".
IA e a indústria farmacêutica
A IA tem sido cada vez mais utilizada na indústria farmacêutica, muitas empresas e laboratórios estão, inclusive, recrutando profissionais especializados no assunto com a intenção de desenvolver produtos e medicamentos inovadores.
Um exemplo disso envolve a farmacêutica multinacional britânica GlaxoSmithKline (GSK), que, até o final de 2020, quer preencher 80 vagas para a nova unidade dedicada à genômica funcional, que ficará sediada em São Francisco, nos Estados Unidos.
De acordo com o jornal The Guardian, a gigante farmacêutica tem encontrado dificuldades com a escassez de profissionais especializados no segmento. Por isso, está procurando mão de obra qualificada em diversas universidades, na marinha norte-americana e até na indústria da música.
Segundo o vice-presidente de Ciência Médica e Tecnologia da GSK, Tony Wood, a farmacêutica quer em sua equipe profissionais de alto padrão. “Na inteligência artificial estamos à procura dos melhores em todo o mundo. E são muito difíceis de encontrar. A competição é maior e não há um número grande de pessoas", explica.
Após a seleção, os profissionais escolhidos serão distribuídos em vários postos, entre cidades da Inglaterra (Londres, Heidelberg) e Estados Unidos (São Francisco, Filadélfia e Boston).
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