A atração de mais recente reunião de cientistas em San Diego, na Califórnia, foi a ressurreição de uma droga que tinha sido posta de lado depois de um investimento milionário e que pode se tornar o primeiro medicamento eficaz contra o mal de Alzheimer. Isso aconteceu nesta quinta-feira, na conferência Clinical Trials on Alzheimer’s Disease, quando a Biogen, uma empresa de biotecnologia sediada em Cambrigde, Massachusetts, exibiu informações incompreensíveis para nós, leigos, mas que atestam a retomada da esperança no aducanumabe.
Trata-se de um anticorpo monoclonal humano que era visto como a grande esperança científica até o início do ano, quando a Biogen e sua parceira, a Eisai, anunciaram que descontinuariam os testes com o produto. As ações da companhia despencaram 29% e parecia tudo perdido.
Mas ciência tem dessas coisas: os pesquisadores resolveram experimentar doses mais elevadas do medicamento em pacientes com comprometimento cognitivo leve ou doença de Alzheimer precoce e os resultados foram animadores.
Stephen Salloway, diretor de Neurologia e do Programa de Memória e Envelhecimento do Hospital Butler, em Providence, Rhode Island, disse num painel da conferência que isso abre uma “era de precisão para a doença de Alzheimer”. Salloway, que também é professor da Brown University ressaltou que a dose é a chave do tratamento.
Sharon Cohen, diretora médica e pesquisadora-chefe do Programa de Memória de Toronto, foi além e classificou a apresentação de “emocionante” – adjetivo nem sempre aplicado a esse tipo de evento. Mas a doutora Cohen justificou para a Bloomberg: “As pessoas ainda conseguem trabalhar, fazer compras, viajar. E isso importa muito mais para nossos pacientes do que a pontuação obtida em um teste de memória”.
Emocionados também devem ter ficado os acionistas da Biogen, que nos últimos três anos investiu 743 milhões de dólares na pesquisa e desenvolvimento do aducanumabe e mais 93 milhões em vendas e marketing.
A Bloomberg acrescentou um alerta de que os resultados são insuficientes para garantir a aprovação do medicamento, mas recomendam nova fase de pesquisa. De todo modo, para os portadores do mal de Alzheimer ou seus familiares, uma boa nova.