A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está em conversa com pelo menos quatro laboratórios de medicamentos veterinários para verificar a possibilidade de adaptar algumas fábricas à produção de imunizantes contra a Covid-19.
A informação foi dada pelo Valor Econômico. Segundo o canal, a agência avalia exigências necessárias para a adaptação e, também, o possível interesse das empresas do setor.
Se as conversas se concretizarem, a Anvisa estima que em torno de quatro a seis meses as unidades veterinárias já possam contribuir para ampliar a linha de produção das vacinas no País.
Mas, antes disso, a entidade quer entender se, de fato, as indústrias estão interessadas nessa iniciativa. A resposta deve começar a ser destrinchada hoje (16/04), pois haverá reuniões individuais de representantes da Agência com os das companhias Ourofino, Ceva, Merck e Boehringuer.
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
Antes disso, na noite anterior (15/04), o presidente da Agência, Antonio Barra Torres, já conversou sobre o tema com a ministra da Agricultura, Teresa Cristina.
Outros diálogos também já ocorreram entre a Anvisa e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan). O presidente da entidade, Delair Ângelo Bolis, garantiu que a indústria de produtos farmacêuticos para animais é capaz de adaptar suas estruturas para iniciar a produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) de vacinas contra a Covid-19. E isso, segundo ele, levaria no máximo, de 90 dias.
Projeto de Lei defende adaptação das fábricas
Estes diálogos entre as partes ganharam força no decorrer dessa semana. Isso porque, na segunda (12/04), o senador Wellington Fagundes (PP-MT) apresentou o Projeto de Lei (PL) 1.343/21, que prevê a autorização temporária para que as fábricas de medicamentos veterinários possam produzir as vacinas contra a Covid-19.
No entanto, de acordo com o PL, para isso, os estabelecimentos devem cumprir as normas sanitárias e exigências de biossegurança voltadas à produção de imunizantes humanos.
Em justificativa do projeto, Fagundes defendeu que a utilização dessas plantas contribuirá para ampliar a oferta de doses de vacina e acelerar a imunização da população brasileira, “para evitar mais mortes e permitir o retorno do país à normalidade, o mais rápido possível”.
Ainda na argumentação, ele lembrou a necessidade da medida no País, que já supera mais de quatro mil mortes por dia e é “o epicentro da doença, motivo de preocupação mundial, já que um terço das mortes diárias por Covid-19 no mundo ocorre no Brasil”.
“Certamente, a falta de vacinas é o principal fator para o cenário de atraso na vacinação, que nos conduziu ao colapso do sistema de saúde que hoje estamos vivendo, com falta de leitos de terapia intensiva e carência de oxigênio medicinal, de medicamentos e de insumos essenciais”, justificou.
Quanto à adaptação das fábricas, o senador elencou que todas as atividades pertinentes ao imunizante da Covid-19 deverão ser feitas em locais separados daqueles que estão em produção veterinária.
“Todas as fases relacionadas à produção, ao envasamento, à etiquetagem, à embalagem e ao armazenamento de vacinas para uso humano deverão ser realizadas em dependências fisicamente separadas daquelas que, numa mesma estrutura industrial, porventura ainda estejam sendo utilizadas para a fabricação de produtos destinados a uso veterinário”, diz o senador, no texto do PL.
No entanto, essa exigência preocupa a Anvisa, mas não no ponto de vista sanitária, e sim porque a operação pode ficar cara e afastar eventuais interessados.
Ministério da Saúde defende adaptação
A proposta apresentada por Fagundes também já tem um parecer positivo do Ministério da Saúde. No começo do mês corrente, o ministro da pasta, Marcelo Queiroga, afirmou que seria realizada uma análise técnica para estudar a possibilidade de as fábricas de medicamentos veterinários passarem a produzir o imunizante contra a Covid-19. Contudo, ele não citou nomes de quais seriam esses parques.
Na ocasião, Queiroga pontuou que estudaria essa adequação dos parques industriais “não só para abastecer o mercado interno e ampliar a nossa capacidade de vacinação, mas também para que o Brasil passe, em breve, se tudo ocorrer como nos programamos, a oferecer vacinas para outros países na América Latina", disse.
Participe também: Grupos de WhatsApp e Telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente
Obrigado por apoiar o jornalismo profissional
A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.