Anvisa suspende estudos da Coronavac; Bolsonaro diz que ‘ganhou mais uma’

Anvisa suspende estudos da Coronavac; Bolsonaro diz que ‘ganhou mais uma’

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Anvisa suspendeu – ‘após a ocorrência de um evento adverso grave’ – os estudos clínicos da Coronavac, vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo Instituto Butantã em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Diretor-geral do Butantan, Dimas Covas, estranhou a decisão e disse que houve um óbito não relacionado à vacina. Presidente comemora nas redes sociais: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

Segundo a Anvisa, o evento ocorrido no dia 29/10 foi comunicado à Agência, que decidiu interromper o estudo para avaliar os dados observados até o momento e julgar o risco/benefício da continuidade do estudo. Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado.

“Esse tipo de interrupção é previsto pelas normas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil”, disse o órgão regulador em comunicado publicado ontem (9/11) à noite, sem, contudo, detalhar qual evento adverso foi observado no participante. 

O possível efeito adverso que a Anvisa se refere é a morte de um voluntário que participou do estudo clínico. Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, o governo de São Paulo disse que era impossível relacionar o óbito ao imunizante. Segundo a polícia, a causa da morte do voluntário (um homem de 32 anos) foi suicídio, conforme apurou a TV Globo.

Em 29 de outubro, policiais militares encontraram o corpo da vítima no banheiro, ao lado de seringas e ampolas de medicamentos, de acordo com boletim de ocorrência obtido pela emissora. O laudo necroscópico ainda não foi divulgado. O resultado depende do exame toxicológico, que demora mais tempo para ficar pronto, segundo a TV.

Pouco depois da divulgação da causa da morte do voluntário, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou durante entrevista coletiva da Agência que “objetivamente, não havia essa informação [de que o voluntário se suicidou] entre as que recebemos ontem (9/11)”, conforme a TV Globo.

Sem perder tempo, o presidente Bolsonaro afirmou na manhã desta terça-feira que a vacina chinesa Coronavac causa morte e que ‘ganhou’ mais uma disputa contra o governador de São Paulo, João Doria. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, publicou o presidente em sua rede social, segundo o Estadão.

O uso político da vacina chinesa pelo Planalto já havia causado controvérsia antes, quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou em 20/10 a compra de 46 milhões de doses da Coronavac. No dia seguinte, Jair Bolsonaro desautorizou seu subordinado e mandou cancelar o protocolo de compra do imunizante. “Presidente sou eu”, disse Bolsonaro na ocasião.

Segundo matéria publicada pelo site Poder 360, o presidente ainda teria enviado uma mensagem aos seus ministros afirmando: “Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre Covid-19”, destacou.

O anúncio da suspensão dos testes de fase 3 da Coronavac, a mais avançada nesse tipo de estudo, ocorreu no mesmo dia em que o governo paulista divulgou que o primeiro lote de imunizantes chegaria a São Paulo no próximo dia 20, informou o Estadão.

A Sinovac revelou nesta terça-feira em comunicado que “está confiante na segurança da vacina” contra a Covid-19, segundo o G1. A empresa salientou que o estudo clínico em fase 3 no Brasil “é realizado estritamente de acordo com os requisitos do GCP”, sigla em inglês para Boas Práticas Clínicas.

Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente

Dimas Covas afirmou ontem, ao vivo, durante participação no Jornal da Cultura, ter tomado ciência da medida da Anvisa pela imprensa e que recebeu com estranheza a notícia da suspensão temporária dos testes em humanos da Coronavac.

publicidade inserida(https://emailmkt.ictq.com.br/anuncie-no-ictq)

Segundo Covas, trata-se de “um óbito não relacionado à vacina” e, portanto, “não existe nenhum momento para interrupção do estudo clínico”. “Em primeiro, a Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso. Isso é diferente. Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa, porque é um óbito não relacionado à vacina”, afirmou o diretor do Butantan à TV Cultura.

“Como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, podem acontecer óbitos. [O voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer. Ou seja, é um óbito não relacionado à vacina. É o caso aqui. Ocorreu um óbito que não tem relação com a vacina”, completou.

Covas também afirmou que o Butantan iria pedir esclarecimentos à Anvisa sobre a interrupção e que esperaria ter mais detalhes hoje. O Portal do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico procurou o Butantan para informações adicionais, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno. Caso o instituto se pronuncie este texto será atualizado.

Segundo especialistas, o registro de eventos adversos é comum nesta etapa de pesquisas de imunizantes, mas sempre precisam ser investigados para se determinar a origem do problema. A pesquisa da vacina da Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica Astrazeneca, também teve os testes interrompidos pelo menos duas vezes por causa de efeitos adversos graves, mas os estudos foram retomados após análises de comitê independente de cientistas, destacou o Estadão. 

Participe também: Grupos de WhatsApp e Telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente

Obrigado por apoiar o jornalismo profissional

A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.

Veja mais materias sobre:

ANVISA, Política Farmacêutica, Covid-19

Telefones

Atendimento de segunda a quinta-feira das 08:00h às 18:00h e sexta-feira das 08:00h às 17:00h (Exceto Feriados).

Fale conosco

Sou aluno:

(62) 99433-0397

Quero me matricular:

CLIQUE AQUI

E-mail

faleconosco@ictq.com.br

Endereço

Escritório administrativo - Goiás

Rua Engenheiro Portela nº588 - Andar 5/6 - Centro - Anápolis/GO CEP

CEP: 75.023-085

ictq enfermagem e mec
 

Consulte aqui o cadastro da instituição no Sistema e-MEC

PÓS-GRADUAÇÃO - TURMAS ABERTAS