Covid-19 Anvisa explica como serão os testes da vacina no Brasil

Covid-19 Anvisa explica como serão os testes da vacina no Brasil

Uma vacina contra o novo coronavírus (Covid-19) foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e apresentou bons resultados preliminares nos testes com animais e com pequenos grupos populacionais naquele país. O próximo passo da pesquisa será testar a substância imunizante em pessoas de outros países, sendo que o Brasil está incluso nessa lista. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os resultados deverão ser divulgados a partir do segundo semestre de 2020.

Em território nacional, os testes serão realizados com duas mil pessoas. Segundo o gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, o estudo será feito em um determinado grupo: "Serão duas mil pessoas testadas. Eles vão priorizar profissionais de saúde. Esse não é estudo em que vão deliberadamente infectar as pessoas para ver se a vacina funciona. A ideia é buscar pessoas que têm maior risco de exposição", disse ele, em entrevista ao portal Gaúcha ZH.

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Ele ainda explicou: "O início dos testes depende de uma organização logística da empresa e da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Conep), do Ministério da Saúde (MS). Não saberia dizer precisamente a data, mas, da nossa parte, já existe a autorização para iniciar".

Como serão os testes?

A iniciativa funciona por meio da indústria farmacêutica AstraZeneca, que firmou uma parceria com a Universidade de Oxford para trazer a pesquisa para o Brasil. Mendes também conta detalhes de como será feita a testagem: “Não vai ser um estudo de desafio, como são chamados os casos em que, deliberadamente, se infecta as pessoas. As pessoas vão tomar dose única da vacina e, depois, voltam para sua vida normal. Após um tempo, elas são avaliadas para ver se produziram ou não os anticorpos para a Covid-19”.

Ele explica como é a substância: “Essa vacina é feita de vírus vivo. Você adiciona no vírus uma parte da proteína do vírus da Covid-19. Essa proteína tem a capacidade de gerar anticorpo. É isso que torna a pessoa imune. Pegamos o vírus com a proteína, inoculamos na pessoa e deixamos se replicar”, pontua.

Mendes complementa: “Sobre a dose única, ainda vai ser estudada se é suficiente. Em princípio, se testará em dose única. As vacinas que têm segundas e terceiras doses apresentam tendência de ter menor adesão das pessoas. O ideal, por isso, é ter dose única, pensando já numa eventual aplicação em massa. Não adianta descobrir um medicamento que, depois, as pessoas não conseguem usar. Sempre se tenta iniciar pelo o que seria o mais fácil”, enfatiza.

O gerente da Anvisa também explicou em quais aspectos técnicos e biológicos se baseia a vacina: "Essa fração da proteína é o que a gente viu preliminarmente que teve capacidade de gerar anticorpo em animais testados até agora (macacos). E já fizeram alguns estudos na chamada fase 2, com população menor de humanos lá na Inglaterra. Aqui será a fase 3 da pesquisa, é a última fase, que significa testar em número suficiente para se ter o cálculo estatístico adequado de eficácia e de segurança. Para decidir se é eficaz, precisa da estatística", ressalta.

Ele continua: "Esse estudo é controlado e randomizado, padrão ouro de estudo clínico. Vai ser comparada a vacina nova versus o que a gente chama de placebo, que é uma vacina sem relação nenhuma com a Covid-19. Uma parte dos recrutados vai tomar a vacina nova e outra parte vai tomar a vacina placebo, que não tem nada a ver. No final, se fazem os cálculos comparativos para ver se o grupo que tomou vacina nova teve maior criação de anticorpos e redução dos casos de desenvolvimento da doença".

O Brasil terá prioridade caso essa vacina seja eficaz?

Mendes explica que quando os estudos estiverem concluídos, o Brasil poderá ter os processos de registro dessa vacina acelerado, caso ela se mostre eficaz e a empresa responsável pela substância imunizante faça a solicitação de registro. Contudo, ele ressalta: "Sobre aquisição de vacinas, não posso falar, não é minha atribuição como gerente da Anvisa".

Por fim, ele reforça que no segundo semestre de 2020, testes já poderão ter um resultado: "Mas não dá para dar data exata", finaliza.

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