Atendimento clínico farmacêutico melhora qualidade de vida de idosos

Entre as prioridades na saúde elencadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) neste ano está o tratamento de doenças crônicas, como o diabetes. Vale lembrar que, só no Brasil, 13 milhões de pessoas são acometidas pela doença.

Prova disso é o caso da idosa O. C. L., de 73 anos, que apresentava uma ferida no pé que não cicatrizava. Ela mesma pediu para não ser identificada. Ela mora na capital paulista e se consultou com a médica angiologista particular, Vanessa G. Timponi, que solicitou que ela procurasse um serviço de saúde nas proximidades de sua casa para fazer curativos diários.

Acatando a sugestão, a idosa foi à Unidade Básica de Saúde, na mesma cidade. Chegando lá, os profissionais da unidade se negaram a fazer os curativos diariamente alegando falta de estrutura.

Procurando a médica novamente, a idosa foi instruída a fazer os curativos em uma farmácia do bairro, todos os dias. Assim, ela foi encaminhada para uma farmácia comunitária próxima.

1. C. L. chegou à farmácia e solicitou atendimento clínico. Foi marcado um horário para ela ser atendida pelo farmacêutico clínico, André Schmidt Suaiden. Ela compareceu no horário agendado, quando foi realizada uma anamnese e o processo de semiologia, quando ela relatou todos os seus sinais e sintomas.

Na anamnese, Suaiden indagou sobre a sua queixa principal, que era a ferida no pé (ulcera varicosa), que não cicatrizava. O farmacêutico decidiu investigar o motivo do processo inflamatório. Assim, foi solicitado que ela levasse à farmácia, no dia seguinte ao da consulta inicial, todos os exames laboratoriais e os medicamentos que utilizava. Ela fez isso.

Diabetes não controlado

Na segunda consulta, ao analisar os exames da paciente e os medicamentos utilizados, Suaiden constatou que O. C. L. era diabética e que não usava os medicamentos de forma correta. Naquele dia, a glicemia da paciente estava 220 mg/dL. Assim, ela foi orientada a tomar de forma adequada os medicamentos para o diabetes.

“Por conta disso, eu solicitei que a paciente fizesse um acompanhamento de glicemia capilar na própria consulta, com o glicosímetro, a cada semana. Assim, ela começou a tomar os medicamentos de forma correta”, lembra Suaiden.

Com relação à ferida, foi feita uma assepsia no local e um curativo. E isso se prolongou por dez dias, todos os dias. No entanto, a úlcera varicosa não cicatrizava, mesmo com o diabetes controlado e os curativos.  Além disso, ela apresentava processo infeccioso na úlcera varicosa.

O.C. L. já tinha uma consulta agendada com a médica. Por isso, o farmacêutico fez um relato por escrito para a profissional explicando a situação da idosa e a constatação de que ela estava usando os medicamentos incorretamente e, por conta disso, o diabetes estava alterado.

“Eu expliquei à médica que havia feito o acompanhamento farmacoterapêutico e que apareceu um sinal de infecção na ferida. Além disso, relatei todos os medicamentos usados na lesão”, lembra o farmacêutico.

A profissional respondeu por escrito que O. C. L. apresentava a patologia insuficiência venosa crônica bilateral com quantidades de varizes mais úlcera. Ela elogiou e agradeceu o tratamento, dizendo que os procedimentos farmacêuticos estavam corretos e foram fundamentais naquele caso.

Diante do diagnóstico médico, Suaiden decidiu estudar a patologia, e foi buscar mais informações junto a um amigo enfermeiro que cuidava de tratamento de feridas. Aquele profissional orientou a usar na ferida uma escova de dentes de bebê para a retirada do pus. Esse enfermeiro também orientou Suaiden a esquentar levemente o soro fisiológico no forno de micro-ondas e, com o auxilio de uma seringa, fazer a assepsia do local. Suaiden fez isso por mais 15 dias.

“O dr. Suaiden me procurou para entender a patologia de O. C. L. Como enfermeiro e especialista em feridas, expliquei a ele como deveria ser o procedimento, e o mesmo o executou perfeitamente. São exemplos assim que nos fazem acreditar no ser humano”, ressalta o enfermeiro, Willian Luís Almeida.

 A infecção cedeu

Após esses 15 dias de cuidados farmacêuticos, a infecção cedeu e a ferida começou a cicatrizar. “Eu relatei o fato para a médica, que agradeceu e elogiou o tratamento. A partir daí, ela começou a encaminhar outros pacientes com o mesmo problema para os meus cuidados. Foi um importante reconhecimento do meu trabalho”, orgulha-se Suaiden.

“Eu avaliei a condução deste caso e considerei a debridação da ferida fundamental. A ação contribuiu para a cicatrização do local. Corretas as condutas do farmacêutico e do enfermeiro”, afirma o clínico geral e gastroenterologia da Unidade Básica de Saúde de Bady Bassit, em São Paulo (SP), Omar Ismael.

Além disso, a própria O. C. L. começou a indicar outros amigos e parentes. Em gratidão, ela tricotou duas blusas de frio para o farmacêutico e deu a ele uma gratificação em espécie. “Apenas o dr. Suaiden conseguiu resolver o problema da minha mãe, não tomamos nenhum medicamento em casa sem falar com ele primeiro. Ele é o nosso farmacêutico”, destaca a filha da idosa, I.C.L.

Além do reconhecimento profissional por parte dos médicos e da valorização do farmacêutico pela paciente e a filha dela, Suaiden ainda foi bem remunerado por seus serviços e com a venda de medicamentos. O.C.L. gastou entre R$ 700,00 e R$ 800,00.

A idosa e a médica indicaram mais oito pacientes com o mesmo problema nos meses seguintes. Cada um gastou, também, entre R$ 700,00 e R$ 800,00. Assim, apenas com nove casos (O.L.C. mais os oito indicados), a farmácia e Suaiden faturaram cerca de R$ 7.200,00.

Ações fundamentais em consulta na farmácia

A farmacêutica clínica e professora especializada em diabetes, Monica Lenzi, descreve quais são as ações mais importantes durante uma consulta de um paciente diabético. Acompanhe.

1 – Verifique se o paciente já possui ou não o diagnóstico de diabetes e se necessário, faça um rastreamento por meio do teste de glicemia capilar.

2 – Avalie os fatores de risco: idade, peso, histórico familiar, avaliação da pressão arterial e sedentarismo.

3 – Execute, no primeiro momento, o levantamento dos fatores de risco e o teste de glicemia capilar para pacientes já diagnosticados e em tratamento.

4 – Avalie como anda o controle glicêmico.

5 – Averigue a existência de comorbidades inerentes ao descontrole glicêmico.

6 – Levante os fatores de risco cardiovascular. Não se pode esquecer que a maioria dos diabéticos apresenta hipertensão e dislipidemia.

7 – Identifique quais são os hábitos de vida do paciente.

8 - Verifique como o paciente aderiu ao tratamento farmacológico e não farmacológico.

9 – Passe à orientação sobre medicamentos. Divida os pacientes em dois grupos, os insulinizados e em uso de medicações injetáveis para controle dos níveis de glicose (Victoza, Lyxumia e Trulicity) e os não insulinizados.

10 – Oriente os pacientes que fazem uso de insulina e medicações injetáveis para controle dos níveis de glicose nas melhores práticas, tais como:

  • Fazer o rodízio do local de aplicação;
  • Escolher o tamanho da agulha;
  • Definir o melhor dispositivo para aplicação (seringa ou caneta);
  • Adequar as melhores práticas para armazenamento e transporte, já que insulinas e medicamentos injetáveis são susceptíveis às variações de temperatura;
  • Orientar sobre a não reutilização de material descartável;
  • Explicar como descartar adequadamente o material perfuro-cortante.

11 – Preste atenção, com relação ao uso de medicação oral, à interação medicamentosa, pois os pacientes diabéticos são polimedicamentados. Com o passar do tempo de diagnóstico, estes pacientes fazem uso de medicações para controle de outras doenças que fazem parte das complicações, como neuropatia, nefropatia, retinopatia e doenças cardiovasculares.

12 – Instrua os pacientes em uso de medicações hipoglicemiantes (insulinas, glibenclamida, glicazida), sobre o risco de crises de hipoglicemia, que podem ocorrer devido à alimentação insuficiente.

13 – Estimule a mudanças de hábitos alimentares, tão necessária para um melhor controle glicêmico. Uma dieta equilibrada deve ser adotada.

14 – Direcione a prática de atividade física. Oriente o paciente na realização de, pelo menos, 30 minutos de atividade, cinco vezes na semana.

15 – Garanta que, mesmo se encontrando com taxas glicêmicas normais, os pacientes não abandonem a medicação prescrita e o tratamento.

16 – Monitore e acompanhe os parâmetros bioquímicos desses pacientes, encaminhando-os a outros profissionais de saúde, que fazem parte da equipe multidisciplinar, quando necessário.

17 - Capacite o paciente diabético a gerir melhor o seu controle, por meio do autocuidado. Oriente-o nas melhores práticas de uso correto das medicações e equipamentos, como glicosímetros e dispositivos para aplicação de insulina (canetas e seringas).

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