Farmacêuticos de três estados entram em estado de greve por valorização profissional

Farmacêuticos de três estados entram em estado de greve por valorização profissional

Os farmacêuticos de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná estão em mobilização. O movimento começou com o estado de greve anunciado pelo Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sinfar-SP) e já inspira outras unidades da federação. O Sinfar-RJ também deu início às assembleias para definir suas ações, enquanto o Sinfar-PR avalia seguir o mesmo caminho. A principal reivindicação da categoria é a valorização das condições de trabalho e da remuneração dos profissionais, que afirmam estar há anos sem conquistas reais.

Em São Paulo, o clima é de tensão. A presidente do Sinfar-SP, Renata Gonçalves, explica que o estado de greve é um período de alerta e mobilização que antecede uma possível paralisação geral. “Não significa falta ao trabalho, mas sim a necessidade de atenção por parte dos representantes do varejo farmacêutico para uma negociação adequada. Estamos em um momento crucial, que exige união e diálogo responsável”, disse.

As principais reivindicações do sindicato foram aprovadas em assembleia e encaminhadas ao Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sincofarma-SP) ainda em abril de 2025. Segundo Renata, em três meses de tratativas, não houve avanços significativos.

Entre as demandas estão:

  • Regulamentação do trabalho em feriados, com pagamento de horas extras ou folga compensatória;
  • Pausas regulares durante a jornada, já que a maioria trabalha em pé;
  • Folgas duplas mensais obrigatórias, como alternativa à exaustiva escala 6x1;
  • Concessão de vale-refeição diário.

“Temos farmacêuticos exaustos, sem pausas adequadas, e com jornadas que chegam a dez horas diárias. As empresas alegam impacto econômico, mas ignoram o impacto humano”, critica Renata.

Ela também rebate o discurso de grandes redes que afirmam ter encerrado a escala 6x1. “O que se vê é um aumento da jornada diária, sem a garantia de dois dias consecutivos de descanso. Isso não é avanço, é retrocesso”, afirma.

Segundo a presidente, uma nova rodada de negociações está marcada para esta semana. “Se não houver avanços, o movimento pode evoluir para greve. Pior do que está pode ficar, se continuarem desrespeitando quem garante a saúde do paciente no balcão”, declarou.

Já o Sincofarma-SP afirmou que “mantém a agenda de negociações com o sindicato profissional, pautado pelo diálogo e pelo compromisso com a regularidade das operações do varejo farmacêutico”.

Apoio do Conselho Regional de Farmácia

O presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), Marcelo Polacow, declarou apoio ao movimento. “Apoio qualquer ação que valorize e melhore as condições de trabalho dos farmacêuticos. O nosso código de ética assegura o direito a uma remuneração justa”, afirmou.

Polacow também destacou a importância de equilíbrio no setor: “O setor farmacêutico é um ecossistema, se uma das partes não vai bem, o todo sofre. É um contrassenso que um setor tão lucrativo não valorize um dos elos mais importantes da cadeia: o próprio farmacêutico”.

Rio de Janeiro: mobilização cresce e denúncias se multiplicam

No Rio de Janeiro, o presidente do Sinfar-RJ, Leonardo Légora, relatou ao ICTQ que a categoria vive situação semelhante à paulista, com desvalorização e descumprimento de direitos trabalhistas básicos. “Temos uma lei estadual de piso salarial que não é atualizada desde 2019. Muitos farmacêuticos recebem apenas R$ 3.158,00 brutos, e há municípios que sequer cumprem o reajuste conforme o INPC acumulado”, afirma.

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Légora explica que o sindicato luta por recomposição da massa salarial, pagamento do adicional de insalubridade, horas extras e cumprimento das folgas quinzenais para as mulheres, conforme a legislação. “Há casos de acúmulo de função sem remuneração adicional. Profissionais que atuam como gerentes deveriam receber 40% a mais no salário base, mas isso raramente ocorre”, denuncia.

Segundo ele, as negociações com os sindicatos patronais e redes de farmácias “têm sido bastante difíceis”, mas a mobilização cresce. “Já temos milhares de profissionais participando das assembleias e fornecendo informações essenciais para fortalecer o movimento. Mesmo com o medo de retaliações, muitos estão rompendo o silêncio e denunciando abusos”, destaca.

O presidente também afirmou que o Sinfar-RJ está organizando ações coletivas na Justiça para cobrar o cumprimento das normas trabalhistas. “Chegou a hora de virar o jogo. Não podemos continuar aceitando a exploração de quem é essencial para a saúde pública”, disse.

Légora, que também integra a direção da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), tem incentivado outros sindicatos estaduais a seguirem o mesmo caminho. “Estamos orientando as lideranças de todo o país a promover ações judiciais e a intensificar a mobilização coletiva. A força vem da união”, conclui.

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Paraná: movimento em observação

No Paraná, o Sinfar-PR ainda não anunciou oficialmente o estado de greve, mas acompanha de perto os desdobramentos em outros estados. A reportagem do ICTQ entrou em contato com o presidente do sindicato, que ainda não respondeu. Assim que houver uma posição oficial do sindicato, a matéria será atualizada.

Um movimento nacional em construção

O que começou em São Paulo já reverbera em outros estados e pode se tornar uma mobilização nacional pela valorização do farmacêutico. O sentimento comum entre os sindicatos é de que a categoria atingiu o limite. A rotina de longas jornadas, baixos salários e ausência de benefícios básicos tem levado ao esgotamento físico e psicológico dos profissionais.

Enquanto as negociações continuam, a categoria segue atenta. O desfecho das próximas semanas será decisivo para o futuro das relações trabalhistas no varejo farmacêutico, e o ICTQ estará acompanhando.

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