A losartana potássica figura em primeiro lugar no ranking dos medicamentos genéricos mais vendidos no Brasil. Ele é indicado para o tratamento e controle da hipertensão (além de alguns casos de insuficiência cardíaca). O levantamento é da IQVIA Brasil sobre os dez medicamentos genéricos mais vendidos no País em abril deste ano. Na lista estão losartana, dipirona sódica, hidroclorotiazida, nimesulida, tadalafila, enalapril, simeticona, sildenafila, atenolol e sinvastatina.
No relatório divulgado durante a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) revela que o Brasil possui uma taxa de pacientes hipertensos superior à média global, que varia entre 30% e 40%. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão afeta mais as mulheres (54%).
No entanto, essa prevalência pode ser ainda maior para ambos os gêneros, já que o índice considerado normal anteriormente – igual a 120/80mmHg (em milímetros de mercúrio) ou 12 por 8 (em centímetros de mercúrio) – está sendo revisto pelas novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia. Com isso, a pressão ideal passa a ser de 12 por 7 (ou 120/70 mmHg).
O medicamento losartana é um anti-hipertensivo classificado como Bloqueador dos Receptores da Angiotensina II (BRAs), devido a sua ação capaz de reduzir a pressão arterial, impedindo a constrição das artérias, possibilitando a circulação do sangue no corpo humano. A substância prolonga a vida ao controlar a pressão alta e prevenir infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Segundo a farmacêutica, mestre em Farmacologia, coordenadora e professora acadêmica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Juliana Cardoso, a losartana potássica, é considerada de primeira linha no tratamento da hipertensão, principalmente em suas fases iniciais, além de ser utilizada na terapia de insuficiência cardíaca, entre outras indicações.
Como o medicamento previne infarto e AVC?
“A Angiotesina II é produzida pelo organismo para manter o equilíbrio orgânico, entretanto, quando sua quantidade e produção aumentam, fato que pode acontecer durante o processo natural de envelhecimento, a hipertensão pode aparecer. Como a losartana bloqueia a ação do receptor dessa substância, ela é considerada como um medicamento de ação preventiva, pois, ao controlar a pressão, também previne o infarto e o AVC”, comenta Juliana.
A hipertensão é uma doença crônica, e se a losartana for indicada para seu tratamento, ela deve ser de uso contínuo. Entretanto, alguns pacientes com hipertensão arterial precisam de mais de um medicamento para controle. Por exemplo, se houver a indicação da losartana, a prescrição pode incluir hidroclorotiazida, nifedipina ou anlodipino, entre outros.
A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo. Sendo um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os hábitos de vida. No Brasil, 388 pessoas morrem por dia por hipertensão, e sabe-se que a incidência é maior na raça negra, em diabéticos e com o aumento da idade.
Alguns fatores de risco são:
- Fumo;
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Obesidade;
- Estresse;
- Elevado consumo de sal;
- Níveis altos de colesterol;
- Falta de atividade física.
Automedicação
A losartana é considerada uma medicação de baixo custo e é comercializada por vários laboratórios e disponibilizada pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Apesar dos bons efeitos do medicamento, é importante lembrar que seu uso deve ser prescrito por um médico e orientado pelo farmacêutico. Em entrevista ao portal do ICTQ, o então coordenador de saúde da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Estado de São Paulo, Victor Hugo Costa Travassos da Rosa, fez um alerta sobre os riscos relacionados à automedicação.
“É uma prática que pode levar até a morte. Consumir um medicamento sem orientação médica ou farmacêutica é uma atitude perigosa. A pessoa deve sempre procurar se informar com médicos ou farmacêuticos”, destacou.
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Vale ressaltar ainda que, como qualquer outro medicamento, a losartana pode apresentar efeitos colaterais e tem contraindicações. “Seu uso deve ser evitado em casos de pacientes que tenham função hepática prejudicada, gravidez, problemas renais, entre outros, portanto, conferir a bula e ter a prescrição do médico e a orientação do farmacêutico é fundamental para o uso da terapia”, ressalta Juliana.
Há outros medicamentos para tratar a hipertensão arterial, entre eles estão:
- Hidroclorotiazida (Diurético tiazídico)
- Enalapril (Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA))
- Captopril (Inibidor da ECA)
- Atenolol (Beta-bloqueador)
- Anlodipina (Antagonista de canais de cálcio)
- Olmesartana (Bloqueadores dos receptores AT1 de angiotensina II (BRA))
- Valsartana (Antagonista de Receptor de Angiotensina II)
- Irbesartana (Antagonista específico irreversível dos receptores da angiotensina II (subtipo AT1))
- Candesartana (BRA)
- Telmisartana (Bloqueador específico dos receptores da angiotensina II, tipo AT1)
- Nifedipino (Bloqueadores dos canais de cálcio)
- Anlodipino (Bloqueadores dos canais de cálcio)
Incompatibilidade com outros medicamentos - A losartana não pode ser usada junto com Captopril ou Enalapril, que também são inibidores da enzima conversora de angiotensina.
Efeitos colaterais da losartana
Como toda medicação, a losartana pode trazer alguns efeitos colaterais, como eventualmente:
- Angioedema (embora seja muito raro)
- Um pouco de tosse seca (embora a tosse seja mais comum nos pacientes que usam, por exemplo, Captopril e Enalapril)
- Hipotensão (pressão baixa)
- Superdose (menos de 2%), mas - quando ocorrem - o principal efeito é elevar o potássio no sangue e trazer prejuízos, como arritmia.
Como deve ser feita a prescrição?
Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosticar a hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes por ano.
“A losartana não pode ser usada sem prescrição médica e costuma ser administrada uma ou duas vezes ao dia. A dose mínima é de 25 miligramas e, a máxima, 100 miligramas ao dia. Deve-se evitar consumo durante as refeições e manter a administração sempre nos mesmos horários”, finaliza Juliana.
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