O ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico realizou uma live, em seu canal no YouTube, com a presença do médico Drauzio Varella e outros convidados. Durante a transmissão, o oncologista defendeu que é preciso ampliar a atuação dos farmacêuticos nos sistemas de saúde e explicou que é necessário desburocratizar a atuação desses profissionais, inclusive, nas farmácias.
“A saúde envolve um conjunto de profissionais, esse conjunto envolve os farmacêuticos. Vejamos, quando acabar a pandemia, pessoas vão continuar morrendo, lógico. Mas do que morrem os brasileiros? Ao menos 30% dos casos de falecimento são por doenças cardiovasculares, grande parte delas, está relacionada à hipertensão arterial, além de fatores que envolvem o sedentarismo, a obesidade”, inicia Varella. Em seguida, o médico fala sobre outras doenças que causam mortalidade e explica que o farmacêutico poderia ajudar bastante no tratamento desses problemas de saúde.
“Como nós, que somos médicos, fazemos esse trabalho, de controle dos diabéticos, dos obesos, dos fumantes? Pessimamente! Exemplo: o paciente vai ao médico, está com pressão alta, recebe o medicamento. Então, a pessoa toma o fármaco e acha que está tudo bem. No entanto, pode acontecer uma de três coisas: primeira, ela toma o medicamento, a pressão volta ao normal e para de tomar a substância; segunda, ou então, ela simplesmente para de tomar porque não sente nenhum sintoma; terceira, um dia a pessoa toma, outro dia não. Então, quem controla isso?”, questiona.
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Varella continua: “O médico não controla isso, ele diz, ‘toma esse medicamento e volte daqui há 3 meses, volte daqui há 6 meses’, ou nem marca o retorno”, ressalta. Nesse sentido, ele complementa: “Eu só vejo uma pessoa [profissional] para fazer esse controle, que é o farmacêutico”.
Para ilustrar ainda mais a ideia, o oncologista explica: “Quantas farmácias existem no Brasil? São 90 mil farmácias, sabe quantas Unidades Básicas de Saúde (UBS) temos no País? 45 mil. Ou seja, o número de estabelecimentos farmacêuticos é o dobro dessas unidades. Pela lei, tem que ter um farmacêutico formado na farmácia, correto? De plantão no balcão. No entanto, qual o grande trabalho que esse profissional tem? Pelo que vejo, sem nenhuma análise especial, grande parte desses profissionais estão controlando algumas coisas, como receituários, por exemplo”, analisa.
O médico prossegue: “Existe uma carga burocrática absurda. Não é para esse profissional [o farmacêutico] fazer esse tipo de trabalho. É ridículo você pegar uma pessoa que estudou, que fez o curso universitário, e colocá-la para controlar formulário. O farmacêutico tem que fazer parte do sistema de saúde, essa pandemia está mostrando isso para gente”, ressalta.
Varella ainda exemplificou: “Quanto tempo se discutiu se vacinas poderiam ser aplicadas nas farmácias? Houve um tempo em que o farmacêutico não podia medir a pressão do paciente na farmácia, isso é um absurdo. O farmacêutico tem que, não só aferir, mas ajudar a controlar, porque o doente vai no estabelecimento todos os meses”, enfatiza o oncologista, explicando que os farmacêuticos podem orientar os pacientes, inclusive, em caso de deles precisarem procurar um médico.
Para Varella, existe uma quantidade enorme de trabalho que os farmacêuticos podem fazer no âmbito da saúde pública. Ele explica que a atuação desses profissionais nas farmácias pode ajudar a desafogar os hospitais. “É uma idiotice não ser usada essa grande massa de trabalhados, que são bem formados, para fazer esse trabalho que é o mais importante”.
Previsão pós-pandemia
Varella acredita que haverá uma inclusão maior do profissional farmacêutico após a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19). Nesse sentido, um dos exemplos citados pelo oncologista foi a implementação de consultórios farmacêuticos.
“Eu vejo muitos médicos que falaram: ‘isso é um absurdo’, ‘é exercício ilegal da medicina’. Isso é uma idiotice, como exercício ilegal? O farmacêutico não está ali para competir com o médico. Ele não pode resolver alguns problemas com as pessoas no balcão da farmácia, com um monte de gente amontoada. Se esse profissional tem um lugar para receber e orientar o paciente, eu acho fundamental”, pontua o oncologista.
Por fim, Varella destaca: “O Sistema Único de Saúde (SUS) pode sofrer uma grande ampliação se a gente conseguir incluir e reconhecer, de fato, as farmácias como estabelecimentos de saúde”, encerra.
Assista o vídeo da live:
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