Maior grupo de farmácias do País, a Raia/Drogasil revelou que não pretende repassar reajuste de preço dos medicamentos, previsto para entrar em vigor a partir de 1º de abril. As demais redes ainda não se pronunciaram sobre o assunto.
De acordo com a Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (Cmed), o reajuste anual deverá girar em torno de 4%. Apenas uma lista de medicamentos relacionados à Covid-19 terá o reajuste postergado, incluindo a substância cloroquina.
O diretor do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, disse ao jornal O Globo que a tendência das associadas da entidade é aplicar o reajuste, devido ao impacto cambial e ao aumento dos custos de produtos acabados, como insumos e gastos logísticos, principalmente com a substituição do transporte marítimo pelo aéreo.
Já o diretor de Planejamento e Relações com Investidores da Raia/Drogasil, Eugênio De Zagottis, garante não ser o momento correto para aplicar o reajuste. “Somos contra o aumento e não vamos mexer nos preços durante todo o mês de abril, em qualquer circunstância. Estamos em uma crise, pessoas estão super vulneráveis em termos de saúde e emprego. Não consideramos correto fazer isso”.
O executivo destaca que a Raia/Drogasil implementou um esquema especial para manter abertas e abastecidas as duas mil lojas da rede espalhadas por todo o País. Nos estabelecimentos, barreiras de contenção foram instaladas para garantir um isolamento de um metro dos clientes em relação ao balcão e aos caixas. Em horários de pico, um funcionário fica na porta para limitar o número de pessoas.
Mas a empresa tem estimulado a compra a distância. “O cenário ideal é que as pessoas não venham às lojas e que comprem pelo call center, pelo app ou pelo site. Mas temos que manter as lojas abertas. Nossa principal preocupação é com as pessoas, clientes e funcionários”, revelou ao jornal, De Zagottis. “A gente acompanha o que está acontecendo na Itália, com um grau de gravidade que espero jamais chegue aqui. Estamos no início de uma epidemia que vai contaminar muito mais pessoas. O grande desafio é conseguir se manter operando, com as lojas abertas”, concluiu.
Reajuste ainda não está confirmado
Segundo levantamento do Sindusfarma, o preço dos medicamentos deverá ter alta de 4,08%. Esse valor representa a média do teto do reajuste, que é calculada a partir dos três índices máximos de aumento aplicados aos produtos conforme a quantidade de concorrentes na fabricação. Medicamentos produzidos por diversos laboratórios, como são os genéricos, podem ter reajuste de até 5,21%.
Os índices de reajuste que formam a média são divididos em:
Nível 1 (sem evidências de concentração – genéricos – fórmula liberada): reajuste de 5,21% Nível 2 (moderadamente concentrado – concorrência média): reajuste de 4,22%
Nível 3 (muito concentrado): 3,23%
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Segundo o Sindusfarma, o aumento médio real dos medicamentos tem ficado abaixo da inflação e do reajuste autorizado pelo Governo. No acumulado de 2001 a 2019, a inflação geral somou 216,07% ante uma variação de preços dos produtos farmacêuticos de 167,19%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. No mesmo período, o reajuste concedido pelo Governo somou 181,04%.
Por enquanto, o aumento ainda não foi confirmado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Já o Ministério da Saúde não se pronunciou sobre uma possível revisão ou suspensão do aumento devido à pandemia da Covid-19. Se confirmado, o reajuste poderá ser aplicado em cerca de 13 mil apresentações de medicamentos disponíveis no mercado.
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