Mais de 100 bilhões de doses de oxicodona e hidrocodona foram distribuídas nos Estados Unidos, entre 2006 e 2014. O levantamento foi divulgado por meio de dados federais no Washington Post. Em julho de 2019, o jornal já havia informado que empresas farmacêuticas do país tinham fabricado e disponibilizado mais de 76 bilhões de analgésicos, ou seja, os novos números revelam um aumento de 24 bilhões de doses no consumo dos medicamentos.
Os dados federais são de origem de um processo movido por uma empresa de advocacia que gerencia uma ação contra indústrias de opioides. "Mais de 100 bilhões de comprimidos. É simplesmente de cair o queixo", informou o advogado, Peter Mougey, que atua na Flórida. "Os dados demonstram que todas as comunidades do país foram impactadas negativamente", completa.
De acordo com o jornal Folha S.Paulo, as informações divulgadas, que traçam o caminho dos produtos até a distribuição nas farmácias dos Estados Unidos, citam seis empresas como responsáveis pelo maior número de fornecimento das pílulas: McKesson Corp., Cardinal Health, Walgreens, AmerisourceBergen, CVS e Walmart responderam, juntas, por 76% dos comprimidos de oxicodona e hidrocodona fornecidos entre 2006 e 2014.
Outras três fabricantes respondiam por 85% dos medicamentos: SpecGx, subsidiária da Mallinckrodt; Actavis Pharma; e Par Pharmaceutical, subsidiária da Endo Pharmaceuticals.
O levantamento também mostra quais Estados americanos que mais receberam os opioides, proporcionalmente, para cada cidadão: Virgínia Ocidental, com 66,8 comprimidos por pessoa ao ano; Kentucky, com 63,6; Carolina do Sul, com 60,9; e Tennessee, com 59. Vale ressaltar que a Virgínia Ocidental também teve a maior taxa de mortalidade pelos medicamentos prescritos durante o período de nove anos.
O processo judicial está transitando no tribunal federal de Cleveland. A ação envolve quase 2.500 cidades. Entre elas estão os condados e tribais indígenas, que processaram fabricantes, os distribuidores e as farmácias por, possivelmente, terem contribuído com a epidemia das drogas que, devido ao uso indiscriminado, fez inúmeras vítimas no país.
Em outubro do último ano, algumas empresas envolvidas na ação realizaram um acordo de US$ 260 milhões (R$ 1,08 bilhão) com dois condados de Ohio. Entretanto, ainda há várias ações pendentes na justiça.
Epidemia
Segundo dados do Centro de Controle de Doenças (CDC), os medicamentos utilizados para diminuição da dor causaram a morte de 48 mil americanos, apenas em 2017. Com base no novo levantamento, autoridades do país se mostram preocupadas com a atual epidemia causada pelo uso descontrolado dos analgésicos.
Já no período mostrado pela pesquisa, entre 2006 e 2014, mais de 130 mil americanos faleceram em consequência do consumo de opioides vendidos sob prescrição.
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