De acordo com um levantamento da consultoria Nielsen, as marcas próprias estão em alta nas redes de farmácias. Segundo o relatório, o setor farmacêutico registrou aumento de 43% nas vendas desse segmento de produto, no primeiro semestre de 2019, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
O conceito de venda com marcas próprias foi desenvolvido, primeiramente, pelas redes de supermercados, no entanto, o mercado segue crescendo em outro nesse segmento outro varejo. Os dados do estudo mostram que as vendas já representam 2,8% do setor.
Um fator primordial para o aumento das marcas próprias em farmácias está associado ao grande número de fusões entre empresas farmacêuticas, que permitiu às redes ganhar escala nacional. Conforme aponta o levantamento da consultoria, a tendência se concentra, principalmente, em produtos das linhas de beleza e higiene.
A estratégia está interligada ao conceito de custo-benefício. Nas farmácias, o consumidor pode encontrar produtos com qualidade similar aos desenvolvidos por marcas líderes e players de mercado, entretanto, com um preço mais em conta. Para a executiva da Nielsen, Tábata Flores, a ideia desenvolve um diferencial em relação aos concorrentes.
"O objetivo principal é fidelizar o cliente, então, é preciso ter qualidade. Muitas vezes o consumidor nem sabe que é uma marca própria, mas vai até aquela farmácia buscá-la pela qualidade", explica ela, em entrevista ao jornal O Globo.
Redes que estão lucrando com marcas próprias
Veterana no segmento, a rede Panvel já tem rótulo próprio há 30 anos. No entanto, está aproveitando o bom momento nas vendas dos produtos nas farmácias, para ampliar seu portfólio de submarcas. Ao todo, a companhia gaúcha tem 22 marcas parceiras com 850 intens. A iniciativa corresponde a quase 10% no total de produtos vendidos.
Já a Raia Drogasil, proprietária, desde 2011, da marca Needs, que desenvolve produtos para higiene pessoal, aumentou seu catálogo de submarcas e lançou a Nutrigood, de alimentos saudáveis; a Triss, de acessórios para cabelo e maquiagem; e a Caretech, que tem como foco a tecnologia em aparelhos digitais para a saúde. Ao todo, os produtos desenvolvidos pelas parcerias correspondem a 6% do total de vendas da rede.
“O apelo é ser bom a um preço justo. E conseguimos isso porque temos escala com uma grande rede de vendas, o que nos dá poder de negociação com os fornecedores. E não precisamos gastar com publicidade", comenta o diretor de planejamento da empresa, Eugênio De Zagottis.
Um exemplo internacional de sucesso, quando se fala em vendas de marca própria, é a rede britânica Boots. Em suas farmácias espalhadas por todo o Reino Unido, a companhia comercializa diversos produtos de marcas que são de fabricação própria.
No entanto, vale ressaltar que, no Brasil, os varejistas não produzem. O que está em alta são as parcerias com fornecedores. Para o gerente comercial do Grupo DPSP, dono das redes Pacheco e Drogarias São Paulo, esse movimento está muito ligado à questão da publicidade.
“Para eles [fornecedores] é vantajoso vender em grande quantidade sem gastar com propaganda”, enfatiza o executivo. As tendências globais, como o mercado vegano, por exemplo, também influenciam o surgimento das novas linhas. Em 2019, a Pague Menos lançou uma marca sem insumos de origem animal ou que tenha efetuado testes em bichos.
"Em 2019, revitalizamos as marcas e vimos demanda para um produto sustentável. Estamos buscando diferenciação", finaliza a gerente de Marca Própria da Pague Menos, Ariane Haddad.