Farmacêutica diretora da Precisa depõe à CPI

Farmacêutica diretora da Precisa depõe à CPI

A diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, falou nesta quarta-feira (14/7) à CPI da Covid. No depoimento, a farmacêutica clínica negou irregularidades no contrato de venda da vacina Covaxin, mas admitiu que não houve preocupação do Ministério da Saúde durante a negociação com o calote milionário que outra empresa do grupo havia dado no Governo Federal, revelou a Folha.

A Precisa é a representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, que fabrica a vacina Covaxin contra Covid-19, peça-chave nas investigações da CPI sobre a suspeita de irregularidades nas tratativas para a aquisição desse imunizante pelo Ministério da Saúde.

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Emanuela disse aos senadores que o valor de US$ 15 (R$ 76) estabelecido para a compra da Covaxin é determinado pelo laboratório indiano Bharat Biotech e não pela empresa que ela representa. Ela também falou aos senadores que era “mentirosa” a ata de uma reunião do Ministério da Saúde, que teria uma proposta de US$ 10 (R$ 50,7) por dose da vacina, inferior ao valor que acabou constando no contrato.

A diretora da Precisa falou ainda à CPI da Covid que a primeira invoice (fatura) da Covaxin foi enviada com previsão de pagamento antecipado porque esse era um padrão que o laboratório indiano adotava no mundo inteiro. “A Bharat tem o modo dela de fazer as emissões dessas invoices, e ela usou o tempo todo como se fosse uma minuta-padrão”, afirmou Emanuela, segundo o G1.

Em um dos momentos mais tensos, conforme apurou a agência Reuters, Emanuela contradisse sua própria fala a respeito da polêmica envolvendo as datas das invoices para o pagamento da Covaxin, apresentando uma versão alinhada ao Palácio do Planalto. Ela sustentou que a primeira invoice tratando da vacina indiana só foi enviada no dia 22 de março, data diferente da relatada à CPI pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e por seu irmão, o deputado Luís Miranda (DEM-DF).

Anteriormente, a própria Emanuela havia afirmado em sessão no Senado que a primeira fatura havia sido encaminhada em 18 de março, reconhecendo que a versão apresentada pelos irmãos Miranda seria verdadeira, conforme publicou a Folha. Ao ser questionada sobre o fato, a diretora da Precisa afirmou que “não estava sendo detalhista” na fala e frisou que encaminhou o primeiro invoice apenas em 22 de março.

Emanuela também foi questionada pelos senadores a respeito de um repasse de R$ 1 milhão feito pela empresa para a Câmara de Comércio Índia-Brasil, às vésperas da assinatura do contrato para a venda da Covaxin, conforme revelou O Globo. Emanuela, no entanto, afirmou não saber o motivo do repasse.

Segundo o jornal carioca, a CPI da Covid localizou duas transferências feitas pela Precisa à Câmara de Comércio Índia Brasil, em 17 e 23 de fevereiro deste ano. Poucos dias depois, em 25 de fevereiro, a empresa assinou um contrato de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde para fornecer 20 milhões de doses da Covaxin. A Precisa Medicamentos não se pronunciou sobre a finalidade dos repasses. Já a Câmara de Comércio afirmou ao Globo que os valores se destinaram a patrocinar eventos da associação ao longo de 2021.

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A diretora da Precisa explicou que a rapidez na negociação com a Precisa se deu porque a empresa teria aceitado todas as condições propostas pelo Ministério da Saúde. “Aceitamos 100% da minuta padrão que foi enviada pela conjur (consultoria jurídica). Não pedimos nenhuma alteração de cláusula, nenhuma alteração de prazo. Foi por isso que esse processo teve celeridade maior”, salientou, segundo a Folha.

Em outro momento, Emanuela afirmou que o Ministério da Saúde não questionou a Precisa sobre o fato de a empresa Global, que faz parte do mesmo grupo societário da companhia, ser acusada de ter dado calote na pasta.

Segundo apurou a Folha, a Global recebeu, em 2017, antecipadamente R$ 20 milhões por medicamentos de doenças raras que nunca foram entregues quando o ministro era o atual deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo Jair Bolsonaro na Câmara. O presidente da empresa, Francisco Emerson Maximiano, conhecido como Max, também é sócio da Precisa. Após investigação, o Ministério Público Federal denunciou a Global e Barros por improbidade administrativa.

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