Pressionado, Governo diz que comprará qualquer vacina contra Covid-19

Pressionado, Governo diz comprará qualquer vacina contra Covid-19

Pressionado por governadores e prefeitos, o Governo Federal mudou mais uma vez o discurso sobre o plano de vacinação. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, revelou ontem (8/12) que Governo comprará qualquer vacina com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O anúncio ocorreu no final da tarde, em pronunciamento à imprensa (no qual não foram permitidas perguntas dos jornalistas) no Palácio do Planalto. Entre platitudes como “não podemos desanimar” e “erguer a cabeça e dar a volta por cima é o padrão brasileiro”, o ministro disse que o ministério “acompanha a evolução de imunizantes para Covid-19 em passos acelerados e com total responsabilidade”.

“Vale ressaltar que qualquer vacina aprovada e certificada pela Anvisa, será comprada pelo Governo Federal e distribuída para toda a população que desejar ser vacinada. Tenham certeza, que é um compromisso do Governo Federal vacinar todos os que precisam ser imunizados e aqueles que desejarem”, revelou Pazuello, conforme o G1. Segundo a rádio CBN, o ministro deve anunciar hoje um plano detalhado de vacinação.

A pressão dos governadores contra o Planalto foi impulsionada pelo anúncio, feito na segunda-feira pelo governador de São Paulo, João Doria, de que o início da vacinação em São Paulo começaria em 25 de janeiro. O imunizante escolhido é a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e pelo Instituto Butantan, cuja proposta de compra pelo Governo Federal havia sido vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Estiveram ontem em Brasília seis governadores, que se reuniram com o ministro da Saúde. Outros participam de forma remota do encontro. Eles criticaram a falta de coordenação do Governo e cobraram a compra de vacinas e um plano nacional de imunização para o País, revelou O Globo. O governador do Maranhão, Flavio Dino, pressionou também em outra frente: entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obter autorização para comprar imunizantes aprovados em outros países e fazer um plano estadual, com recursos do Governo Federal.

Wellington Dias, governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, que representa os Estados da região, disse ontem que a posição dos governadores é “colocar a vida em primeiro lugar” e é obrigação “a união de todos” para um plano nacional. Ele defendeu que o Congresso aprove a liberação de recursos para vacina e também um plano estratégico.

“Não temos restrição a nenhuma vacina. A vacina está autorizada, segura, tem eficiência, essa é a vacina boa para os brasileiros. Segundo, um plano nacional de imunização, comprada com dinheiro do povo brasileiro para todo o Brasil. Terceiro, garantir um cronograma. O que entrega em dezembro, em janeiro, em fevereiro, em março. O ideal é se a gente tiver todos os laboratórios produzindo vacina para o Brasil para que possamos o mais rapidamente sair da crise”, salientou Dias ao jornal.

Ele completou destacando que, se um Estado começar isoladamente a fazer vacinação, o Brasil inteiro vai correr para lá. “Vai ter uma situação gravíssima. Ou seja, tem que pensar em um plano nacional. O Butantan é de São Paulo, mas é do Brasil. Há necessidade de que a gente garanta as condições de ter um calendário de vacinação único no Brasil”.

Também os prefeitos intensificaram as cobranças. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) e outras entidades que representam municípios divulgaram uma nota ontem pedindo para o Governo comprar e distribuir “todas as vacinas reconhecidas como eficazes e seguras contra a Covid-19”, apurou O Globo. A nota diz que o Governo precisa assumir sua “responsabilidade prevista na legislação” para evitar o “acirramento do conflito federativo”.

Ministro questionado

Pazuello disse ontem ainda que o Brasil tem 300 milhões de doses de vacinas asseguradas, à espera da conclusão dos testes e de aprovação pela Anvisa. Desse total, segundo o ministro, 260,4 milhões são do laboratório Astrazeneca e da Fundação Oswaldo Cruz (100,4 milhões no primeiro semestre e 160 milhões no segundo) e 42,5 milhões de doses do consórcio internacional Covax-Facility, segundo o G1.

De acordo com o ministro, já foi assinada uma carta de intenções para a aquisição de mais 70 milhões de doses da Pfizer/Biontech, cuja vacina o ministério havia praticamente descartado na semana passada, pelo fato de o Brasil, segundo o MS, não ter infraestrutura para armazenar vacinas que exigem temperaturas muito baixas (-70° C, no caso desse imunizante).

“Fundamentalmente que ela [a vacina] seja termoestável por longos períodos, em temperaturas de dois a oito graus. Por quê? Porque nossa rede de frios, nas 34 mil salas, é montada e estabelecida com aproximadamente 2° C a 8° C”, declarou o secretário de Vigilância em Saúde do MS, Arnaldo Medeiros, segundo a BBC.

Em audiência ontem na Câmara, o presidente da Pfizer do Brasil, Carlos Murillo, revelou que, se o País fechar o acordo, a entrega pode começar em janeiro de forma gradativa, e que, até março, o laboratório poderá entregar doses para vacinar pelo menos 2 milhões de pessoas, informou o Jornal Nacional, da TV Globo. Segundo ele, o laboratório poderá entregar as doses em caixas de gelo seco, que garantem a conservação por 30 dias a -70° C.

“A companhia está trabalhando e entende a importância e a complexidade de logística por trás disto. A oferta da companhia é que a vacina seja entregue nessas caixas nos pontos de vacinação, que tem que ser acordado e trabalhado com os governos. Essa é a parte que ainda teremos que trabalhar com o Ministério da Saúde e o governo do Brasil”, explicou Murillo ao JN.

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Em meio a tantas reviravoltas em seus posicionamentos, declarações controversas e desmentidos, muitos deles sob pressão do presidente da República, o ministro Pazuello cada vez mais tem sua atuação contestada. 

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Sob sua guarda, a pasta permitiu o encalhe de quase sete milhões de testes de Covid-19, como lembrou o colunista do Globo Bernardo Mello Franco. O material ficou esquecido num depósito no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Depois que o caso veio à tona, o ministro ofereceu uma solução inusitada: estender o prazo de validade dos kits, que começa a expirar neste mês.

“Até hoje Pazuello não foi capaz de apresentar um cronograma de imunização para o Brasil. Nem a compra de seringas e agulhas está definida. O apagão logístico vai além do combate ao coronavírus. Pacientes com HIV e hepatite C estão sem exames de genotipagem porque o ministério deixou o contrato vencer”, escreveu o colunista.

“Ao assumir o Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello foi apresentado como um especialista em logística. Pelos resultados da sua gestão, seria arriscado nomeá-lo para administrar uma barraca de feira”, resumiu Mello Franco.

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