Covid-19: remdesivir pode não funcionar, diz OMS

Covid-19: remdesivir pode não funcionar, diz OMS

Apesar dos resultados promissores do remdesivir apresentados em relatório publicado em maio, que estimularam o governo dos Estados Unidos a comprar quase todo seu estoque, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que o medicamento pode não funcionar como imaginado contra o novo coronavírus. A agência também pediu cautela para com as vacinas em estudo.

De acordo com a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, o uso do medicamento, fabricado pela Gilead Sciences, pode não ser eficaz no tratamento de pacientes com o novo coronavírus. Há pesquisas conflitantes em relação ao antiviral. A cientista-chefe alertou ainda que há outros estudos que mostram que o remdesivir pode ser ineficaz no tratamento da Covid-19.

“Não sabemos se é eficaz, mas o plano é continuar com as pesquisas, precisamos responder a questões, como as taxas de mortalidade e de alta médica. Em algumas semanas, devemos ter mais resultados de estudos sobre taxas de mortalidade e altas médicas”, afirmou em entrevista coletiva Soumya, conforme divulgou o Estadão.

No fim de maio, relatório preliminar publicado no New England Journal mostrou que o tempo de recuperação em pacientes hospitalizados por coronavírus foi menor para os que tomaram o remdesivir em comparação com aqueles que receberam placebo. A taxa de mortalidade também foi menor nos pacientes que receberam o antiviral. 

De acordo com levantamento do Estadão, quem recebeu o remdesivir se recuperou, em média, após 11 dias, contra os 15 dias daqueles que tomaram placebo. Ao todo, participaram 1.063 pacientes, mas alguns desistiram no meio do estudo e outros morreram antes de concluir o período de avaliação. A taxa de mortalidade, analisada dentro do período de 14 dias, foi de 7,1% no grupo que recebeu o remdesivir, enquanto o grupo que recebeu placebo apresentou a taxa de 11,9%.

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O remdesivir é a primeira droga aprovada por autoridades norte-americanas para ser usada no tratamento contra a Covid-19 sem ser em caráter experimental, o que levantou uma esperança quanto ao uso do medicamento. Ele é indicado para impedir que certos vírus, como o novo coronavírus, façam cópias de si mesmos, o que pode sobrecarregar o sistema imunológico. No entanto, ainda não está claro em qual fase da doença o medicamento deve ser utilizado. Vale lembrar que ele não funcionou em testes como tratamento para o Ebola.

Na semana passada, o governo norte-americano revelou ter comprado o equivalente a 100% da produção do remdesivir para julho e 90% do total a ser produzido em agosto e setembro, conforme anúncio feito pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês). O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, afirmou ter feito um “acordo incrível” com o laboratório Gilead, por 500 mil ciclos do medicamento para três meses.

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No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou no fim de junho o estudo com remdesivir com 105 pacientes hospitalizados com pneumonia grave causada pelo novo coronavírus. A autorização foi solicitada pela empresa PPD Pesquisa Clínica, segundo o Estadão.

Vacina exige cautela

Soumya Swaminathan comentou também durante a entrevista coletiva sobre o avanço das vacinas contra o coronavírus. Ela pediu cautela para a população, apesar de ter admitido que há testes em estados avançados.

“Estamos aptos a comparar as vacinas que vêm sendo produzidas por diferentes farmacêuticas e ansiosos pelos resultados, mas é preciso ter consenso e muita colaboração. Não podemos acelerar o processo, temos que ter foco na ciência”, disse.

A vacina em estágio mais avançado é a desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Na semana passada, a professora de vacinologia da universidade, Sarah Gilbert, disse que a equipe tem obtido o tipo certo de resposta imune em testes, mas não afirmou quando ela estará pronta. Foram recrutados 8 mil voluntários para a terceira fase de testes da vacina.

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