O governo dos Estados Unidos comprou 90% da produção trimestral do medicamento remdesivir, fabricado pela Gilead e que tem mostrado alguma eficácia no tratamento da Covid-19. O anúncio foi feito pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos norte-americano. Países em desenvolvimento poderão ter genérico do antiviral.
“O presidente Trump fez um acordo incrível para garantir que os norte-americanos tenham acesso à primeira terapia autorizada para a Covid-19”, afirmou o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, segundo o Estadão. “Na medida do possível, queremos assegurar que qualquer paciente norte-americano que precise do remdesivir possa obtê-lo. A administração Trump está fazendo todo o possível para aprender mais sobre o tratamento que salva vidas do novo coronavírus”, completou.
Segundo o que foi divulgado, toda a produção de julho e 90% da quantidade de doses até agosto e setembro do remdesivir serão destinadas ao povo norte-americano. O governo dos Estados Unidos fechou contrato com o laboratório para compra do equivalente a 500 mil ciclos de tratamento com o medicamento, revelou a Agência Reuters.
De acordo com a secretaria de Saúde do país, o custo de um ciclo do tratamento completo custará US$ 3,2 mil (R$ 17 mil). Já o preço de fabricação do medicamento, segundo a rede britânica BBC, não passa de US$ 6 (R$ 33) por um ciclo completo de tratamento. Há expectativa de que a demanda seja alta pelo produto, já que é um dos poucos tratamentos que mostrou ajudar na recuperação da doença.
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O remdesivir é a primeira droga aprovada por autoridades norte-americanas para ser usada no tratamento contra a Covid-19 sem ser em caráter experimental, o que levantou uma esperança quanto ao uso do medicamento. Ele é indicado para impedir que certos vírus, como o novo coronavírus, façam cópias de si mesmos, o que pode sobrecarregar o sistema imunológico, informou o G1. No entanto, ainda não está claro em qual fase da doença o medicamento deve ser utilizado. Vale lembrar que ele não funcionou em testes como tratamento para o Ebola.
Medicamento pode ser opção em vários países
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou, segundo o G1, que está em contato com a empresa que fabrica o remdesivir pra acompanhar a evolução dos estudos. O remdesivir tem uso hospitalar e não é vendido em farmácias. Ele ainda não possui registro no Brasil.
A Anvisa autorizou, no final de junho, a realização de estudos clínicos com o remdesivir para o tratamento de pacientes com o novo coronavírus, relatou o Uol. De acordo com a Agência, o estudo é de fase 3 (quando há observação de pacientes que usaram o medicamento) e será aplicado em indivíduos hospitalizados com pneumonia grave provocada pela Covid-19.
Segundo o G1, a Gilead fez parcerias com fabricantes de genéricos na Índia e no Paquistão para produzir o medicamento para 127 países em desenvolvimento. A Coreia do Sul acrescentou o antiviral às suas diretrizes de tratamento do novo coronavírus em sua primeira revisão de recomendações desde o início do surto.
Já a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou na semana passada a autorização condicional do uso do remdesivir em pacientes com Covid-19. Em comunicado, a EMA informou que a molécula será o primeiro medicamento contra a doença formalmente recomendado aos pacientes da União Europeia, informou o G1. Estudo da agência demonstrou que os pacientes com a Covid-19 tratados com remdesivir se recuperam, em média, quatro dias antes do que outros enfermos.
O pesquisador sênior da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, Andrew Hill, criticou a administração Trump pela ação unilateral, conforme revelou o Diário de Pernambuco. “Imaginem se fosse uma vacina”, sugeriu, salientando que, se fosse esse o caso, a questão se tornaria uma ‘tempestade de fogo’. “Eles possuem acesso a maior parte do fornecimento de medicamentos, portanto não há nada para Europa. Esta é a primeira grande droga aprovada e onde está o mecanismo de acesso? Mais uma vez, estamos no fim da fila”, acrescentou Hill. A medida também desagradou o premiê do Canadá, Justin Trudeau, que alertou que “é de nosso interesse trabalhar em colaboração e cooperação para manter nossos cidadãos seguros”.
Reino Unido e Alemanha alegaram que possuem estoques suficientes do antiviral remdesivir, mesmo que os Estados Unidos tenham comprado quase toda a produção para os próximos três meses, segundo o Estadão.
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