O Governo Federal pagou neste ano seis vezes mais pela matéria-prima importada da Índia para produzir cloroquina nos laboratórios das Forças Armadas do que desembolsou pela substância em maio de 2019.
De acordo com levantamento da Folha de S. Paulo, a mesma empresa, sediada em Campanha (MG), vendeu o produto para o Comando do Exército e para o Ministério da Saúde, no intervalo de um ano, com uma diferença de 500%. O preço do quilo saiu agora por R$ 1.304, quase seis vezes aquele pago pelo Ministério da Saúde em contrato assinado em maio de 2019, quando o Governo Federal desembolsou R$ 219,98 por quilo.
Nos dois casos, o sal difosfato, insumo da cloroquina, foi importado de um mesmo fabricante da Índia, o Laboratório IPCA. O Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFEx) comprou 500 quilos da matéria-prima, totalizando R$ 652 mil. O Exército adquiriu o produto sem licitação, e a compra faz parte das ações de enfrentamento à pandemia. A diferença de preço se deve sobretudo ao aumento de custo decorrente da crise provocada pelo novo coronavírus.
Segundo a Sulminas Suplementos e Nutrição informou à Folha, além do aumento da demanda mundial por um produto até então pouco procurado, o aumento do preço dos fretes internacionais e a variação da cotação do dólar também pesaram no custo – a moeda norte-americana se valorizou mais de 40% frente ao real no ano. A empresa, principal fornecedora do insumo no Brasil, entregou ao Exército 100 quilos dos 500 quilos encomendados neste mês.
No início do mês, a cloroquina teve sua produção paralisada por falta de insumos. De acordo com o Centro de Comunicação Social do Exército, não havia previsão para que a produção se restabelecesse até que a matéria-prima chegasse.
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Na sexta-feira (15/5), o Exército divulgou à Folha que o LQFEx já havia fabricado 1,25 milhão de comprimidos de difosfato de cloroquina. O comando da instituição informou ainda a previsão de produzir mais 1,75 milhão de comprimidos com o recebimento de mais matéria-prima, previsto para os próximos dias.
Os medicamentos fabricados pelo laboratório foram distribuídos aos hospitais das Forças Armadas e seriam suficientes para o tratamento de cerca de 5.000 pacientes, informou a Folha. O laboratório do Exército repassou parte da produção a centrais de abastecimento de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os Estados.
Parte das verbas do crédito extraordinário de R$ 231 milhões destinado ao Ministério da Defesa na ação de enfrentamento à pandemia foi repassada aos laboratórios do Exército e da Marinha. A Marinha informou à Folha que participa apenas no processo de embalagem da cloroquina. A fabricação do medicamento pelas Forças Armadas ainda não tem uma previsão total de gastos definida, segundo o Exército. “Depende da evolução da pandemia no Brasil e das demandas decorrentes”, declarou ao jornal a assessoria.
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