Trump estoca 29 milhões de comprimidos de cloroquina

Trump estoca 29 milhões de comprimidos de cloroquina

No domingo (05/04), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou que o país comprou e armazenou mais de 29 milhões de doses de comprimidos de hidroxicloroquina e cloroquina para tratar pacientes infectados pelo novo coronavírus (Covid-19). Segundo o político, o medicamento já está sendo encaminhado para vários hospitais, laboratórios e até para os militares, mesmo sem ter sua eficácia comprovada, além de poder acarretar efeitos colaterais perigosos.

"Se funcionar, seria uma pena que não o fizéssemos tão cedo. Estamos enviando-os para vários laboratórios, para os nossos militares, enviando aos hospitais", contou o presidente americano. Para justificar a medida, Trump alegou que "existem sinais muito fortes e poderosos" sobre o potencial do produto contra a doença. No entanto, ele ressaltou: “Mas o que eu sei? Eu não sou médico ”.

Na reunião, que abordou, exclusivamente, ações de combate à pandemia, o político, novamente, fez o seguinte questionamento aos jornalistas: "O que você tem a perder?", perguntou ele, ao se referir ao uso da hidroxicloroquina por pacientes infectados.

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Vale ressaltar que a declaração de Trump vai contra o posicionamento do próprio diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAD) dos Estados Unidos, o médico infectologista, Anthony Fauci, que já defendeu, em várias ocasiões, que estudos mais rigorosos ainda precisam ser realizados para comprovar a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento à Covid-19.

Durante o briefing na Casa Branca, um repórter ainda tentou ouvir a posição de Fauci sobre a medida anunciada pelo presidente, entretanto, Trump não permitiu que o médico falasse e tomou a frente: "Ele respondeu a essa pergunta 15 vezes", disse ele.

É importante destacar que o uso da hidroxicloroquina para tratar o novo coronavírus já havia sido encorajado por Trump. Em 19 de março, o presidente pediu ao Food and Drug Administration (FDA), entidade que regula os medicamentos nos EUA, que acelerasse a aprovação definitiva do produto no combate ao vírus. Na ocasião, o comissário do órgão sanitário americano, Stephen Hansen, pediu cautela: "Precisamos ter certeza que, nesse mar de novos tratamentos, levaremos a droga certa, ao paciente certo, na dosagem certa e no momento certo", alertou.

No entanto, em 30 de março, o FDA aprovou, de forma emergencial, o plano do Governo americano para distribuir milhões de doses do medicamento para pacientes que estão em tratamento contra a doença. De acordo com o Estadão, o órgão sanitário alegou que "vale a pena arriscar tratamentos não comprovados para retardar a progressão do novo coronavírus em pessoas em estado grave".

O medicamento

A hidroxicloroquina, também conhecida pelo nome comercial de Reuquinol, é um medicamento utilizado no tratamento da malária, mas também já foi usado para combater doenças como artrite reumatoide e lúpus. Anteriormente, o produto também se mostrou eficaz contra a síndrome respiratória aguda grave (Sars), doença que, inclusive, pertence ao grupo coronavírus.

Um ponto polêmico em relação ao estímulo do uso do produto, sem que seja comprovada sua eficácia contra a Covid-19, está no fato de que muitos pacientes que precisam da hidroxicloroquina para tratar outras doenças estão tendo dificuldades para encontrar a substância nas farmácias.

No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enquadrou a hidroxicloroquina e cloroquina como medicamentos de controle especial, justamente, para evitar que pacientes em tratamento de outras doenças fiquem sem o fármaco.

Em comunicado à imprensa, a Anvisa alertou: “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos [hidroxicloroquina e cloroquina] para o tratamento da Covid-19. Assim, não há recomendação desse órgão, no momento, para a utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação. Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”.

Vale ressaltar que, em território nacional, o uso da hidroxicloroquina e cloroquina também é estimulado pelo presidente, Jair Bolsonaro, a exemplo de Trump.

Especialistas também alertam para os efeitos colaterais do produto. A própria bula do medicamento explica que o uso da substância apresenta reações adversas comuns em muitos pacientes, como, por exemplo: cefaleia, irritação do trato gastrointestinal, distúrbios visuais e urticária, entre outros sintomas. As orientações ainda explicam que doses diárias altas podem resultar em retinopatia e ototoxicidade irreversíveis.

Vítimas fatais

No domingo (22/03), um homem, de 60 anos, morreu, nos Estados Unidos, após fazer uso da hidroxicloroquina sem prescrição médica e orientação farmacêutica. Além disso, sua esposa também foi internada em estado grave, devido aos efeitos colaterais do produto.

Ao menos três pacientes contaminados pelo novo coronavírus (Covid-19) podem ter sido vítimas de automedicação por possíveis efeitos colaterais causados pela cloroquina e hidroxicloroquina na França. Com base nos casos, a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e de Produtos de Saúde (ANMS) emitiu um alerta aos franceses sobre os riscos de tomar o medicamento por conta própria, pois, o produto só pode ser consumido com prescrição médica e orientação do farmacêutico.

Posicionamento da OMS

Em comunicado à imprensa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já se manifestou sobre o uso da hidroxicloroquina. De acordo com o órgão, embora a substância possa ter algum impacto no tratamento de alguns pacientes, não há, até o momento, um tratamento efetivo ou drogas comprovadas contra o novo coronavírus.

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