A farmacêutica Apsen, que fabrica no Brasil medicamento à base de hidroxicloroquina, implementou um plano emergencial para dar conta da alta demanda pelo produto em meio à pandemia de coronavírus.
O remédio vem sendo procurado por muitos brasileiros por causa de testes preliminares que apontam um bom desempenho da substância no combate ao vírus.
A empresa fabrica o medicamento Reuquinol, que tem a hidroxicloroquina como base e é usado para doenças crônicas e autoimunes.
De acordo com reportagem da revista EXAME, a Apsen fará turnos extras na produção durante o fim de semana para aumentar a oferta.
Em nota, a farmacêutica confirmou que o plano de emergência implementado irá triplicar a produção neste primeiro momento.
“Mas, caso seja necessário, poderemos aumentar ainda mais a produção do medicamento”, informou a companhia, ainda segundo a revista.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, na última quinta-feira (19), esclarecimentos sobre a utilização de medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento da nova variante de coronavírus.
Confira abaixo a íntegra da nota técnica da Anvisa:
“No contexto da atual pandemia decorrente do novo Coronavírus, evidências científicas sobre o potencial uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina no tratamento da doença estão sendo geradas e publicadas.
No Brasil, existem tanto medicamentos à base de Cloroquina como de Hidroxicloroquina registrados. As indicações aprovadas para esses medicamentos são:
– afecções reumáticas e dermatológicas (reumatismo e problemas de pele);
– artrite reumatoide (inflamação crônica das articulações);
– artrite reumatoide juvenil (em crianças);
– lúpus eritematoso sistêmico (doença multissistêmica);
– lúpus eritematoso discoide (lúpus eritematodo da pele);
– condições dermatológicas (problemas de pele) provocadas ou agravadas pela luz solar;
– Malária (doença causada por protozoários): tratamento das crises agudas e tratamento supressivo de malária por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e cepas (linhagens) sensíveis de P. falciparum (protozoários causadores de malária). Tratamento radical da malária provocada por cepas sensíveis de P. falciparum.
Um estudo in vitro desenvolvido por pesquisadores chineses avaliou o efeito antiviral da hidroxicloroquina contra o SARS-CoV-2 em comparação com a Cloroquina. Os pesquisadores afirmam que a Hidroxicloroquina inibiu efetivamente a etapa de entrada do vírus na célula assim como estágios celulares posteriores relacionados à infecção pelo SARS-CoV-2. Esse efeito também foi observado com a Cloroquina.
Os pesquisadores também observaram que a Cloroquina e a Hidroxicloquina bloqueiam o transporte do SARS-CoV-2 entre organelas das células (endossomos e endolisossomos) o que parece ser a etapa determinante para a liberação do genoma viral nas células no caso do SARS-CoV-2 (1).
Gautret et al. conduziram um estudo clínico aberto não randomizado. Apesar de seu pequeno tamanho amostral (foram 20 pacientes tratados), os autores afirmam que essa pesquisa mostra que o tratamento com Hidroxicloroquina é significativamente associado à redução / desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito é reforçado pela Azitromicina (2).
De acordo com revisão sistemática, há evidência pré-clínica da eficácia e evidência de segurança do uso clínico de longa data para outras indicações, o que justifica a pesquisa clínica com a Cloroquina em pacientes com COVID-19. A conclusão dessa revisão foi que dados de segurança e dados de ensaios clínicos de maior qualidade são urgentemente necessários (3).
A Anvisa reforça que, para a inclusão de indicações terapêuticas novas em medicamentos, é necessário conduzir estudos clínicos em uma amostra representativa de seres humanos, demonstrando a segurança e a eficácia para o uso pretendido.”