Com a vacinação avançando pelo mundo, as ações das empresas farmacêuticas envolvidas com o desenvolvimento de imunizantes obtiveram valorização expressiva. Embora a vacina da Pfizer seja a mais aplicada no mundo, o caso mais representativo é o do laboratório norte-americano Novavax, que viu suas ações saltarem 5.200%, revelou a CNN.
Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, feito a pedido do CNN Brasil Business, e mostram o desempenho das principais indústrias farmacêuticas que lideraram a corrida pelas vacinas. No levantamento foram consideradas apenas as que são listadas na bolsa de valores de seus países. O estudo comparou o preço das ações das empresas em dezembro de 2019 e em junho deste ano.
Com a vacina na fase final do ensaio clínico, a Novavax viu, além das ações se elevarem mais de 5.200% – de US$ 4 (R$ 20,7) para US$ 212 (R$ 1.098) –, seu valor de mercado dar um salto notável de 12.900% – de US$ 105 milhões (R$ 543,9 milhões) para US$ 13,7 bilhões (R$ 71 bilhões), em um intervalo de um ano e meio.
A segunda empresa que mais viu as suas ações se valorizarem no período foi a Moderna Therapeutics, com 1.130% – de US$ 19 (R$ 98,4) para US$ 234 (R$ 1.212). A empresa também obteve um expressivo ganho no valor de mercado de 1.380% – de US$ 6 bilhões (R$ 31 bilhões) para US$ 89 bilhões (R$ 461 bilhões).
Na sequência, vêm Biontech, com suas ações valorizando 596%, Astrazeneca (+18%), Johnson (+13%), Pfizer (+12%) e Sanofi (+4%). A única indústria farmacêutica entre as analisadas que não teve suas ações valorizadas no período foi a canadense Zymeworks, que registrou queda de 22%.
Em valor de mercado, a terceira colocada foi da alemã Biontech, que cresceu 157%, seguida pela Astrazeneca (19%), Johnson (16%) e Sanofi (4%). Já a Pfizer e a Zymeworks registraram queda no período. As empresas recuaram, respectivamente, 2% e 11%.
O desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, que está rendendo alto retorno financeiro para as indústrias farmacêuticas, ocorreu em tempo recorde. Do início da pandemia até a chegada da primeira vacina disponível para uso em massa se passaram 11 meses, algo sem precedentes na história dos imunizantes. Muitos se perguntam como isso foi possível.
Para o gerente-geral de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e professor da pós-graduação de Assuntos Regulatórios do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Gustavo Mendes, dois aspectos contribuíram para que ocorresse esse desenvolvimento em tão pouco tempo.
“O primeiro deles é o conhecimento cientifico na área de vacinas que foi acumulado ao longo dos anos, permitindo esse avanço tão rápido. Já existia esse conhecimento relacionado a testes de outros imunizantes, para outras doenças, permitindo que não se começasse do zero. Havia, por exemplo, a ideia de vacina com vírus inativado, com RNA, ou seja, com o material genético do próprio vírus para desenvolvimento de uma vacina”, diz Mendes.
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A outra questão, segundo o gerente da Anvisa, é que agências reguladoras de todo o mundo tiveram que repensar os seus procedimentos, permitindo que estudos clínicos pudessem ser aceitos e desenvolvidos de forma mais rápida.
“Isso não significa, contudo, que as vacinas não sejam seguras por isso. O que aconteceu, na pratica, foi que os estudos clínicos, em sua sequência de fases (1/2/3), puderam ser reorganizados para que pudessem dar respostas mais rápidas”, explica Mendes. “Tudo isso ajudou para termos respostas para as vacinas em um tempo tão curto. Contando também com investimentos de governos e indústrias farmacêuticas para que os estudos fossem conduzidos adequadamente”, finaliza.
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