O laboratório norte-americano Pfizer pretende oferecer ainda neste ano um tratamento experimental de uso oral contra a Covid-19, revelaram a Dow Jones Newswires e o Valor. Ainda não há previsão de lançamento para o Brasil, que, por enquanto, tem aprovado apenas o uso emergencial do coquetel Regn-Cov2 como tratamento para a doença.
Segundo o diretor-presidente da Pfizer, Albert Bourla, o medicamento estará disponível caso seja comprovada sua eficácia em humanos e receba autorização dos órgãos reguladores. A revelação foi feita ontem (27/4) à emissora de TV CNBC, dos Estados Unidos.
Conforme a empresa, uma pílula oral desempenharia um papel fundamental no tratamento, ajudando pessoas que estão doentes, mas ainda não hospitalizadas. Após mais de um ano de pandemia, há um número limitado de tratamentos disponíveis para pessoas diagnosticadas com Covid-19.
Em março, a Pfizer começou o teste de estágio inicial do tratamento. A droga também está sendo avaliada como tratamento intravenoso, em testes separados iniciados em outubro de 2020. O medicamento bloqueia uma enzima chave, conhecida como protease, que ajuda os vírus a se replicarem.
Ambas as versões da droga são baseadas em uma descoberta feita em 2003, quando a Pfizer procurou antivirais durante a epidemia de Sars, ocorrido entre 2002 e 2004. As enzimas do vírus novo coronavírus (Sars-CoV-2) que causam a Covid-19 são semelhantes às de outros vírus Sars, de acordo com a Pfizer.
Até agora, o único antiviral autorizado pela Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos, é o remdesivir da Gilead Sciences, que demonstrou um benefício apenas modesto em pacientes hospitalizados, reduzindo suas estadias em vários dias. Merck e Ridgeback Biotherapeutics também estão testando um antiviral no ambiente ambulatorial, embora recentemente tenham interrompido um ensaio.
Anvisa aprovou coquetel da Roche e Regeneron
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na semana passada o uso emergencial do coquetel Regn-Cov2. O medicamento é uma combinação dos fármacos casirivimabe e imdevimabe, com aplicação intravenosa, desenvolvido pelos laboratórios Roche e Regeneron.
Esse é um tratamento de anticorpos monoclonais, ou seja, quando anticorpos de uma pessoa recuperada da doença são selecionados e copiados em laboratório. Segundo a Roche, nos testes já realizados nos Estados Unidos, o coquetel conseguiu reduzir em 70% o risco de hospitalização e morte, na comparação com o placebo.
Para aprovar esse tipo de medicação, a Anvisa recorre a uma equipe multidisciplinar que envolve especialistas das áreas de registro, monitoramento e inspeção. Em entrevista, via podcast, à Escola da Magistratura do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o gerente-geral da Gerência Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) da Anvisa, Gustavo Mendes, explicou como se dá a atuação da entidade para analisar e aprovar o uso de novos medicamentos no Brasil.
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De acordo com Mendes, que é também professor da pós-graduação de Assuntos Regulatórios do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, quando se refere à aprovação de medicamentos, a Anvisa atua em dois momentos: pesquisa clínica, quando os estudos são feitos no Brasil, e registro do produto, quando os estudos foram realizados em outro país, como é o caso do coquetel da Roche.
“A nossa avaliação, como agência reguladora, tem por objetivo garantir que esses medicamentos tenham segurança, qualidade e eficácia. Nesses três pilares, nós envolvemos uma série de questões técnicas, como quais são as reações adversas desse medicamento e em qual local ele vai ser fabricado para uso em massa”, destacou Mendes.
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