Com o decisivo auxílio da tecnologia, a indústria farmacêutica tem investido em pesquisas para encontrar tratamentos ou vacinas contra a Covid-19. Além de trazer soluções mais rápidas, as inovações tecnológicas têm trazido crescimento financeiro às companhias, revelou o portal Terra.
Segundo dados da Bolsa de Valores de Nova York, empresas como Bayer e Pfizer apresentaram crescimento significativo no mercado de ações a partir de março de 2020, devido à corrida por um tratamento ou vacina contra a Covid-19.
Levantamento do GlobalData indicou que a Pfizer obteve grande sucesso com o surto do novo coronavírus. Primeiro, a já existente vacina contra pneumonia da empresa, a Prevnar 13, teve um salto inesperado nas vendas justamente quando o surto da Covid-19 começou a desencadear casos graves de pneumonia, com altas taxas de mortalidade.
Posteriormente, o aumento de receita da Pfizer foi largamente superado com a criação de uma vacina contra a Covid-19, em parceria com a farmacêutica alemã Biontech, que já é utilizada em vários países. A busca por uma vacina contra o coronavírus despertou o interesse de outras empresas farmacêuticas, gerando uma corrida por inovação.
Para o especialista em soluções tecnológicas e business intelligence, Alexandre Guercione Bergmann, sem a presença da tecnologia não se teria chegado às atuais vacinas em um tempo tão curto, de poucos meses. Segundo ele, o fácil acesso às tecnologias existentes da era digital e o investimento das empresas farmacêuticas em tecnologias inovadoras fez disparar a corrida rumo às vacinas em um tempo recorde de menos de um ano, quando o período normal para se criar um imunizante até então era de 10 anos.
“As inovações tecnológicas têm sido um fator-chave no desenvolvimento das vacinas e em todo o sistema de logística de insumos e na entrega de cada dose pelo mundo. Um sistema extremamente rápido, rastreável e confiável que apenas investimento em inovações tecnológicas poderia trazer”, sustentou Bergmann ao Terra. “Esse sistema permite que o departamento de saúde de cada país acesse todos os cadastros de provedores, facilitando na tomada de decisão sobre para onde enviarão a vacina dentro de sua jurisdição”, completou.
Segundo Bergmann, com a pandemia muitos paradigmas foram superados. Ele lembra que antes da crise de saúde, apenas 1% das consultas médicas era feito virtualmente e esse número subiu para mais de 50% atualmente. Se por um lado essa nova abordagem veio para ficar, de outro, nem todas as pessoas têm acesso aos mesmos avanços.
“Há também desvantagens, que incluem desigualdade para acessar a internet, resultando em falta de acesso à telemedicina, o que por sua vez implica em doenças não tratadas, afetando a eficácia do médico”, apontou o especialista.
Para a professora da Pós de Gestão da Qualidade e Auditoria em Processos Industriais do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Luciana Colli, essa nova realidade estimulou novas soluções tecnológicas, em parte porque houve uma colaboração entre os países para enfrentar os desafios da situação atual.
“Como temos uma ação coletiva que envolve várias potências mundiais, há um benchmarking global acontecendo, de forma muito prevalente. A colaboração entre os países é muito importante para encontrar solução para enfrentar a pandemia. Isso fica claro com o desenvolvimento da vacina”, observa Luciana.
Ela destaca, porém, que apesar da colaboração ser global, a desigualdade entre os países fica evidente. “Quando se fala da produção de vacina, por exemplo, há vários países pesquisando, mas o insumo farmacêutico ativo (IFA) vem da China e da Índia, o que demonstra que esses países têm um claro domínio sobre os demais no campo tecnológico”, assinala a professora.
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A vacina, uma necessidade iminente, tem impacto econômico e social em todo lugar. Isso provocou mudanças inclusive no campo regulatório, acrescenta Luciana. “Com a pandemia, houve uma negociação e um repensar das regras regulatórias mundiais, uma flexibilização dessas regras, mesmo primando pela segurança, qualidade e eficácia desse produto”.
Também a gestão foi impactada, lembra Luciana. “Nesse aspecto, a principal ferramenta de inovação que foi utilizada é o benchmarking, além do brainstorming. Com uma discussão ampla, produzida por várias autoridades sanitárias em todo o mundo, gerou um esforço, uma sinergia que viabilizou estarmos tomando a vacina agora”.
A professora destaca ainda que ao implantar novos procedimentos ou processos uma boa parte das ferramentas de gestão da qualidade são aplicadas, entre elas 5W2H, análise SWOT, 5 forças de Porter, entre outras. “Em uma situação como essa se aplicam várias ferramentas, é um caso muito complexo”, conclui Luciana.
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