Empresas como Pfizer e Pharmavite estão entre as cerca de 400 companhias globais que anunciaram esta semana que vão pausar a publicação de anúncios no Facebook. O motivo é pressionar a rede social para criar mecanismos de combate ao discurso de ódio e notícias falsas disseminado em sua plataforma.
O boicote faz parte da campanha #StopHateforProfit (Pare de dar lucro ao ódio), que denuncia falhas do Facebook (dono também do Instagram e do WhatsApp) para conter o discurso odioso e racista na plataforma. A iniciativa foi lançada por grupos de direitos civis dos Estados Unidos após a morte de George Floyd por um policial, conclamando as empresas a suspender anúncios na rede social. Por trás do movimento estão a Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), Color Of Change, Free Press, Common Sense e a plataforma on-line Sleeping Giants.
O laboratório Pfizer anunciou que vai remover toda a publicidade do Facebook e do Instagram em julho, e pediu ao Facebook que atenda às preocupações da campanha de boicote #StopHateForProfit “e tome medidas”, conforme revelou a Agência Bloomberg. A rede de beleza The Body Shop afirmou, segundo a Bloomberg, que está interrompendo anúncios pagos em todos os canais do Facebook e pedindo à plataforma que aprimore e reforce suas políticas de moderação de conteúdo.
A má vontade com o Facebook se acentuou a partir da atitude da empresa frente a uma postagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que usou suas redes sociais para sugerir que a polícia reprimiria com violência as manifestações antirracistas. “Quando começarem os saques começam os tiros”, escreveu Trump em seu perfil no Twitter e no Facebook.
A maneira como a rede social de Mark Zuckerberg reagiu à postagem foi determinante para dar corpo às críticas, conforme revelou o Meio&Mensagem. Enquanto o Twitter sinalizou a mensagem de Trump com um rótulo de conteúdo incitador à violência, o Facebook não fez qualquer filtragem na postagem. Zuckerberg e outros executivos da companhia chegaram a dizer que, de forma pessoal, repudiavam a declaração, mas a companhia, institucionalmente, manteve o discurso de que não poderia interferir na liberdade de expressão.
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
Prejuízos milionários à plataforma
De acordo com levantamento da Agência Reuters, a campanha de boicote ao Facebook segue crescendo. Centenas de marcas anunciaram que interromperam seus anúncios na plataforma, após fracasso em negociações entre representantes do Facebook e de anunciantes. Segundo a CNN, somente Pfizer, Microsoft e Starbucks, que aderiram ao movimento, gastaram, juntas, cerca de US$ 2 bilhões em anúncios no Facebook em 2019, o que representa 3% da receita da rede social no período.
Gigantes como Unilever, Coca-Cola, Pepsi, Adidas, Colgate-Palmolive, Ford, Honda estão também entre as empresas que já aderiram ao boicote, conforme o site da campanha (stophateforprofit.org). Agora a iniciativa deve ganhar fôlego globalmente, expandindo a pressão sobre a rede social de Mark Zuckerberg para além das fronteiras dos EUA.
Segundo uma pesquisa da Federação Mundial de Anunciantes, um terço dos 58 principais anunciantes do mundo pretendem aderir ao boicote – no total, eles investem US$ 100 bilhões em marketing, conforme revelou o Estadão. Os organizadores da campanha vão agora chamar grandes companhias europeias para se unirem ao boicote, disse à Reuters o diretor executivo da Common Sense Media, Jim Steyer.
Levantamento da analista da Bloomberg Intelligence, Jitendra Waram, divulgado pelo Globo, mostra que os boicotes em julho podem custar ao Facebook mais de US$ 250 milhões no terceiro trimestre, se 25% de seus cem principais compradores interromperem os gastos, e até US$ 500 milhões se o boicote atingir metade dos principais anunciantes.
O que diz a empresa
O Facebook anunciou ter muito a fazer sobre o tema, mas que seus investimentos em inteligência artificial já permitiram identificar 90% dos conteúdos com discurso de ódio antes mesmo que os usuários delatassem essas postagens, revelou O Globo. Mark Zuckerberg disse que vai proibir anúncios que digam que “pessoas de raças, etnias, nacionalidades, religiões, castas, orientações sexuais, identidades sexuais ou status de imigração específicos” são uma ameaça às demais.
Segundo o Meio&Mensagem, a companhia também anunciou, há alguns dias, a criação de uma ferramenta que permite que os usuários bloqueiem anúncios políticos, se assim desejarem. Zuckerberg revelou ainda que o Facebook terá um hub de conteúdo e informações sobre a corrida eleitoral dos Estados Unidos deste ano, que reunirá as postagens de candidatos e autoridades políticas.
Mas nem todos estão confiantes nas ações efetivas da rede social. De acordo com o Estadão, Zuckerberg se reuniu nesta semana com os organizadores do boicote e seus executivos de negócios e de políticas públicas realizaram pelo menos duas reuniões com anunciantes. Contudo, os resultados foram frustrantes. “Simplesmente a empresa não está se mexendo”, disse à Reuters um executivo de uma grande agência de publicidade em relação às conversas.
Participe também: Grupo de WhatsApp e telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente
Obrigado por apoiar o jornalismo profissional
A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.