Há dois anos o Grupo Cimed bateu, pela primeira vez em sua história de mais de quatro décadas, R$ 1 bilhão de faturamento. À época, o CEO do Grupo, João Adibe Marques (foto), indicou que aceleraria sua expansão nos anos seguintes, com pretensão de triplicar sua capacidade de produção e iniciar exportação, em especial para os Estados Unidos, com a construção de uma nova fábrica, prevista para 2020, quando deverá chegar ao marco de R$ 2 bilhões.
“Minha vida é feita de números. Lembro-me da primeira vez em que faturamos R$ 100 mil, R$ 1 milhão e, depois, R$ 1 bilhão, que foi em 2017. Levamos 30 anos para conquistar o primeiro bilhão. Agora estamos projetando o segundo bilhão para 2020. E depois o terceiro, o quarto…”, comemorou o presidente.
O Grupo Cimed cresceu 23% em 2018, e a estimativa para 2019 foi de 25%, equivalendo a um rendimento estimado de R$ 1,6 bilhão. A título de comparação, a média de crescimento do mercado de medicamentos no Brasil é de 7%. Com essa receita, a farmacêutica entra para o rol das dez maiores empresas em faturamento do País. Em 2018, de acordo com os dados da consultoria IQVIA, considerando as vendas líquidas que incluem os descontos para os pontos de venda, a companhia figurava na 18ª posição no ranking de maiores farmacêuticas que atuam no Brasil.
A corporação utiliza da seguinte estratégia: preços competitivos, custando, geralmente, um terço do valor cobrado pelos concorrentes diretos. Segundo Marques, o Grupo é o único na indústria farmacêutica nacional com um modelo verticalizado, sem intermediários para fazer seus produtos chegarem ao varejo.
Em ocasião anterior, o presidente explicou como funciona o modelo. O Grupo tem a fábrica de embalagens, a indústria farmacêutica e a distribuição. Com isso, seu acesso é muito mais rápido aos pontos de venda, entendendo melhor a dinâmica do País e adaptando seu portfólio de acordo com cada região. “Na Cimed, brincamos que dividimos o País em dois. De Minas Gerais para cima e de Minas Gerais para baixo. Onde temos mais potencial de crescimento é justamente de Minas para cima, ou seja, nas regiões Norte e Nordeste”, ressaltou Marques.
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Chegar aos R$ 2 bilhões, no entanto, não será tarefa fácil. De acordo com o executivo, o Grupo tem consciência de que a população brasileira ainda é muito pobre. Um dos grandes fatores que geraram seu crescimento nos cinco anos anteriores foi a participação dos genéricos dentro do setor. “O genérico no mundo inteiro chega a representar 55% das vendas. No Brasil, ele representa 30% no máximo, dependendo da categoria. Então, acreditamos que, com o esclarecimento da população e também com o seu envelhecimento, a tendência é que os medicamentos de uso contínuo tenham crescimento de vendas muito expressivo”, indicou o CEO.
O mercado de genéricos é estratégico para a Cimed, e sua participação no faturamento do Grupo vem aumentando significativamente. Em 2018 essa categoria representou 25% da receita da empresa. O volume de genéricos vendidos no Brasil tem crescido, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está disposto a investir e contribuir com a ampliação da capacidade de produção desses medicamentos no País, o que, indiretamente, contribui para levar um produto mais acessível ao consumidor brasileiro.
Dimensão
Em julho de 2019, a Cimed informou que conseguiu um financiamento de R$ 100 milhões junto ao BNDES para a construção da nova unidade, em Pouso Alegre, Minas Gerais, que deve entrar em operação em 2021, com a perspectiva de gerar 500 empregos diretos. A expectativa é ampliar a capacidade de produção para 40 milhões de comprimidos ao mês, que pode chegar a 60 milhões no médio prazo.
A unidade, que vai consumir investimentos totais de R$ 500 milhões, terá capacidade instalada para 400 milhões de caixas por ano. Assim, a Cimed poderá produzir, anualmente, 800 milhões de unidades, o dobro do que produz atualmente.
Mesmo depois de inaugurar sua nova fábrica, a Cimed manterá a unidade atual de Pouso Alegre ativa. Com um portfólio com em torno de 600 produtos, a Cimed atende 42 mil pontos de venda por mês, graças à agilidade proporcionada pelos 24 centros de distribuição da empresa espalhados pelo país.
Não à toa, a Cimed está entre as maiores indústrias farmacêuticas do Brasil – a única com distribuição nacional própria, para agilizar o atendimento a mais de 50 mil farmácias e drogarias. São mais de 600 produtos em seu portfólio, que a faz liderar o mercado de medicamentos isentos de prescrição em diversas classes terapêuticas.
“A Cimed é atualmente a quarta maior farmacêutica do Brasil em unidades vendidas, e está entre as dez maiores em faturamento. Crescemos a um ritmo três vezes maior do que o mercado. De acordo com nossos estudos, devemos ficar entre as cinco primeiras em faturamento em meados de 2021 ou 2022. Nosso objetivo é estar entre as cinco maiores em faturamento e ser, talvez, a segunda em unidades vendidas”, antecipa Marques.
Com marcas como Cimegripe, K-Med, Lavitan, Redubío, Dermafeme, Loratamed, Babymed e Gravtest, o presidente já revelou que o Grupo sempre procura olhar cinco anos para frente. Obviamente que não é regra, entretanto a meta atual é aumentar em 30% o portfólio.
Gestão
Fundado em 1976, o Grupo sempre focou na venda de medicamentos similares a preços baixos. Desde que Marques assumiu a presidência, em 2012, o crescimento passou a ser vertiginoso. Entre outras ações para fortalecer o nome da marca nacionalmente está o investimento em automobilismo, vôlei e futebol. Com a crise econômica que assolou o Brasil nos últimos anos, enquanto os concorrentes recuaram, o Cimed encarou movimento contrário.
“Sempre imprimi na gestão um ritmo acelerado. A orientação na empresa sempre foi não se satisfazer com o crescimento do mercado. Então, nosso grupo tem muita energia. Esse é um estilo que está implantado há muito tempo e está enraizado em quem faz parte da companhia”, explicou o CEO.
Para o Grupo, esporte é frequência e sequência. Segundo Marques, não se tem um projeto de esporte dentro da companhia que dure menos que quatro anos. Para a corporação, o esporte não é uma plataforma de oportunidade de momento. É algo para longo prazo, porque ele vive de vitórias e derrotas. A lógica é: se ficar muito tempo patrocinando alguém, a marca inevitavelmente ficará conhecida.
Planejamentos são realizados a cada dois anos com um encontro de líderes para discutir o futuro do Grupo. Em seguida é realizada uma convenção para traçar os planos para os próximos dois anos. Uma vez por mês, as diretorias da Cimed se reúnem e apresentam metas. Havendo necessidade de se corrigir alguma rota, isso é feito imediatamente.
Sobre o atual cenário econômico, Marques acredita ser um momento muito positivo. “Tanto a reforma da Previdência como a reforma tributária afetam diretamente os negócios. A da Previdência será fundamental para regularizar a casa, e a tributária, para colocar fim à guerra fiscal. A partir do momento em que conseguirmos resolver esses dois problemas, o Brasil passa a ser um País com mais garantias de solidez para os investimentos. Então, o cenário é de otimismo”, avalia.
Regionalização
Mesmo com possíveis facilidades para a exportação de medicamentos brasileiros, a Cimed mantém seu foco no mercado nacional. Uma das principais estratégias do Grupo para obter seu vertiginoso crescimento, ano após ano, é trabalhar a regionalização do Brasil. A partir do olhar cuidadoso e respeitoso pelas diferenças e singularidades nacionais, o Grupo criou a expressão e forma de trabalho chamada Brasil de 10 Brasis. Acompanhe algumas das iniciativas, já em curso, dessa estratégia. Todas são revistas e atualizadas constantemente.
- Distribuição nacional própria (cadeia de verticalização: sede, fábrica, instituto de pesquisa, uma distribuidora por Estado, gráfica e força de vendas própria). Isso faz com que a companhia e seus produtos consigam chegar mais rápido aos vendedores e farmácias. Faz, também, com que a empresa consiga gerenciar melhor a distribuição dos produtos de acordo com o seu escoamento, diminuindo as perdas por falta de procura.
- Campanhas, divulgação e precificação de todo o portfólio Cimed de acordo com cada uma das regiões brasileiras. Tudo é pensado para cada local, individualmente.
- Carga tributária: os produtos da indústria farmacêutica são tributados em mais de 30% sobre o valor deles. Somando-se ainda às diferenças entre os tributos estaduais fazendo com que esses valores impactem a distribuição, precificação e divulgação do portfólio em nível nacional. Montar uma composição que consiga olhar para essa complicada estrutura tributária de forma analítica é importante para conseguir se diferenciar regionalmente e oferecer o melhor preço para cada região do País.
- Cobrança local: descentralizar a cobrança foi uma atitude importante e que deu muito resultado para a empresa. Cobrar um devedor é, por natureza, uma atividade delicada. Ao utilizar um cobrador local – mesmo sotaque, mesma linguagem, mesmo modo de tratamento – a Cimed conseguiu se aproximar dos farmacêuticos, além de ser, também, uma atitude que mostra respeito e apreço pelos empresários regionais.
- Convenção de vendas. São seis convenções de vendas no Brasil todos os anos, em vez de fazer uma convenção enorme na cidade sede da empresa. As convenções regionais conseguem abranger um número maior de vendedores, senão todos eles, e se aproxima das regionalidades e do espírito de vendas de cada grupo.
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