Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico conversou com a presidente da Roche Farma Brasil, Lorice Scalise, sobre o impacto da presença feminina na indústria farmacêutica. Em uma trajetória marcada por inovação e propósito, ela compartilha sua visão sobre a importância da representatividade, os desafios da liderança e os caminhos para que mulheres farmacêuticas ampliem seu protagonismo na área da saúde.
ICTQ - Como uma mulher farmacêutica pode mudar o contexto da comunidade onde está inserida?
Lorice Scalise - O olhar feminino tem a capacidade de transformar realidades, garantindo que a saúde — entendida pela OMS como um estado de completo bem-estar físico, mental e social — seja promovida de forma mais equitativa e humana.
Combinando conhecimento científico e paixão pela profissão, a mulher farmacêutica tem o poder de ampliar o acesso a tratamentos, estimular a inovação e criar um ambiente mais inclusivo, tanto na área da saúde quanto no mercado de trabalho. Muitas vezes, decisões que afetam diretamente as mulheres são tomadas sem considerar suas vivências, e é por isso que sua presença ativa no setor é indispensável.
A indústria farmacêutica é uma verdadeira alquimia, onde diferentes elementos se misturam para gerar soluções que mudam vidas. O olhar feminino não apenas complementa esse processo, mas o potencializa, garantindo que as necessidades da comunidade sejam atendidas de maneira mais justa, eficiente e transformadora.
ICTQ - Para chegar ao cargo de presidente, quais patamares a senhora já percorreu desde o início da carreira farmacêutica?
Lorice Scalise - Posso dizer que minha trajetória na indústria farmacêutica foi construída a partir de cada experiência. Olho para trás e vejo que todas as etapas da minha vida me trouxeram até aqui.
Nasci em Borborema, no interior de São Paulo, onde desenvolvi um forte senso de comunidade e pertencimento. Fiz Farmácia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde descobri minha voz como uma pessoa politicamente ativa, entendendo que a atuação profissional vai além do conhecimento técnico – ela pode transformar realidades.
Já no início da carreira na Roche, 25 anos atrás, atuei na divisão de diabetes, mergulhei no impacto da doença e seu contexto social. Depois, migrei para a divisão de diagnóstica que aportou muita experiência e conhecimento. Mais tarde, sair do Brasil e atuar internacionalmente na Suíça e na Argentina me permitiu observar diferentes padrões de mercado e saúde ao redor do mundo, trazendo uma bagagem rica para minha atuação atual. Olhar o Brasil de longe me deu novas lentes para compreender os desafios locais.
Cada uma dessas etapas foi essencial para que eu chegasse até aqui, consolidando, não apenas conhecimento técnico, mas também a capacidade de ter um olhar mais integral para a saúde.
ICTQ - Quais características femininas são fundamentais para liderar uma companhia farmacêutica com sucesso?
Lorice Scalise - Não sei se existem características femininas específicas para a liderança. O que existem são características individuais. Mas posso dizer que há a experiência de ser mulher na sociedade, que traz perspectivas e vivências diferentes.
A saúde impacta a todos, mas olhar para ela sob a ótica de uma mulher, que representa 50% da população, permite trazer uma experiência mais próxima da realidade de outras mulheres. Isso significa ter sensibilidade para perceber desafios que, muitas vezes, não são prioridade em espaços de tomada de decisão e garantir que soluções sejam desenvolvidas considerando essas necessidades.
Além disso, liderar exige mais do que competências técnicas. Características como escuta ativa, empatia e a capacidade de integrar diferentes perspectivas são fundamentais para conduzir uma empresa no setor farmacêutico. Não se trata apenas de desenvolver medicamentos ou tecnologias, mas de entender o impacto real que essas soluções têm na vida das pessoas.
A resiliência, a disciplina e a curiosidade contínua também fazem parte dessa jornada. Lidar com desafios, manter o compromisso com a inovação e estar aberta a aprender constantemente são aspectos que fortalecem qualquer liderança, independentemente de gênero.
ICTQ - O que a senhora diria para as mulheres farmacêuticas que estão iniciando suas carreiras?
Lorice Scalise - Eu diria às mulheres farmacêuticas — e a todas as mulheres, de modo geral — que pertencemos a todos os lugares que queremos ocupar. Nossa voz é relevante e não existe um único caminho ou um espaço fixo onde devemos nos encaixar.
A Farmácia é um curso rico, amplo, e seu conhecimento pode ser extrapolado para diversas áreas. Ele abre portas para inúmeras possibilidades, dentro e fora do setor de saúde. Por isso, sugiro que olhem além das paredes da faculdade. A formação acadêmica é um ponto de partida, mas o aprendizado vai muito além de uma prática específica.
Sejam curiosas, questionem, ocupem espaços e tragam suas experiências para o mundo. Não deixem que decidam por vocês onde devem estar ou o que podem alcançar.
Com essa brilhante entrevista, Lorice ressalta que o papel da mulher na indústria farmacêutica vai muito além do conhecimento técnico. Sensibilidade, escuta ativa e determinação são fundamentais para transformar o setor e ampliar o acesso à saúde de forma mais equitativa. Sua mensagem para as mulheres farmacêuticas que estão começando a carreira é clara: ocupem espaços, questionem padrões e saibam que pertencem a todos os lugares onde desejarem estar.
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