Em sua mais recente live no YouTube, o ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico contou com a participação do empresário bilionário Flávio Augusto da Silva, fundador da rede de escolas de inglês Wise Up. Em pouco mais de uma hora de conversa, ele forneceu uma série de recomendações preciosas para o farmacêutico que sonha empreender e, quem sabe, se tornar também um bilionário. Em uma frase, Silva resume seu pensamento: “Empreender é liberdade, é sair da gaiola, arriscar. Ninguém vai ficar rico guardando dinheiro na poupança”.
Natural do Rio de Janeiro, 48 anos, Flávio Augusto da Silva começou a empreender aos 23 anos, quando fundou a Wise Up, hoje com 500 unidades em 14 Estados brasileiros e 20 no exterior. Atualmente, ele é presidente da Wiser Educação, holding que controla as marcas Number One, Meusucesso.com e Wise Up, que chegou a vender por cerca de R$ 1 bilhão e a recomprou anos atrás. É também proprietário do time de futebol Orlando City, de Orlando, nos Estados Unidos, que atua na primeira divisão do país.
De forma resumida, entre as características indispensáveis para se tornar um empreendedor, Silva cita o tripé: visão – “para dar o diagnóstico e ir além do que as pessoas enxergam” –, coragem – “quantos projetos foram engavetados por falta de coragem” – e competência – “principalmente em vendas e gestão financeira. Numa empresa em que todo mundo vende, ninguém vende”. Veja a seguir 17 dicas selecionadas da conversa com o empresário para os farmacêuticos que desejam ir além em sua vida profissional.
1 – Empreender não é inventar
“Muita gente acha que empreender é inventar. Eu não inventei time de futebol ou curso de inglês. Inovar pode ser fazer a mesma coisa mais rápido, mais barato ou com processos mais eficientes. Inovar não é necessariamente trazer à tona o que não existe. É fazer a mesma coisa de uma maneira melhor, mais confortável e eficiente”, destaca Silva.
2 – Deve-se ter coragem para empreender
Uma característica fundamental para empreender, segundo o fundador da Wise Up, é antes de tudo ter coragem e desprendimento. “Na vida você vai ter que escolher sempre – ou escolhe a segurança (mesmo que ela não exista) ou a liberdade. As duas não são possíveis. Minha escolha foi a liberdade. Você conquista essa liberdade ao longo do tempo, mas ela só vem se você fizer quiser. Nós fomos treinados a vida inteira para comer alpiste na gaiola”, afirma, destacando uma metáfora que ele gosta de comentar.
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
3 – Segurança não existe
Na visão do empresário, a sociedade cria as pessoas para viverem uma realidade programada. “Você faz uma faculdade para ser funcionário de uma empresa ou do Estado. Não para empreender”, diz, comparando com a vida de um pássaro. “A gaiola que a sociedade nos coloca tem alpiste. Do ponto do vista do pássaro que está acostumado, a gaiola o protege. O gato não pode entrar nela. Todo quinto dia útil ele recebe um potinho de alpiste. O pássaro tem o que muitas pessoas buscam, que é estabilidade. Mas ele sabe que as sementes têm que durar o mês inteiro, se acabar vai ter problema, pois o próximo pote só no mês seguinte. Mas ele está seguro ali. Ele passaria a vida inteira naquela gaiola”.
Mas essa gaiola tem uma particularidade, diz Silva. “A porta dela está sempre aberta, então o pássaro tem a opção de sair e voar. Ele nasceu para voar, não para ficar preso. Saindo da gaiola o pássaro tem a oportunidade que poucos animais têm, que é voar. Liberdade para ir aonde e quando ele quiser. Só que essa liberdade tem um preço: ele não vai ter mais o potinho de alpiste garantido todo mês. Além disso, vai ter alguns riscos, ele pode pousar num lugar que tenha um predador. Em contrapartida, ele pode comer o que quiser, quantas vezes tiver vontade e aonde desejar”.
4 – É preciso ser livre para montar um negócio
Cada pássaro tem as justificativas para sua decisão. “O pássaro que está na gaiola pensa que tem segurança e o que está voando acha que tem liberdade. Mas será mesmo que o pássaro que está na gaiola tem segurança? E se o dono morrer? Acabou o alpiste, terminou a segurança. A mesma coisa se dá no cenário empresarial. E se empresa quebrar? Acabou o emprego. Emprego público? Se o país entrar em recessão pesada podem cortar os salários dos funcionários públicos. ‘Tenho estabilidade’. Mas se mudarem a lei? Aconteceu na Grécia – 100 mil funcionários públicos foram demitidos, e eles tinham estabilidade. Então, tudo muda. Estabilidade não existe. No fundo, a segurança não existe. Se não existe, para que ficar na gaiola. O melhor é voar”, completa o fundador da Wise Up.
5 – Empresário não é profissão
Flávio da Silva destaca que é importante diferenciar a atividade empreendedora de uma profissão. “Empresário não é profissão, mas aquele que empreende, ou seja, coloca o seu dinheiro em risco por um objetivo, enquanto outros preferem investir em imóveis ou aplicar no sistema financeiro. É alguém inconformado que busca achar soluções para os problemas que vê na sociedade”.
6 – Seja observador
Em outra metáfora, Silva destaca que o empreendedor é alguém que tem um olhar clínico para a vida. “É como em uma consulta médica. A primeira coisa que o médico faz é identificar os sintomas do paciente. Baseado neles e no exame clínico ele vai conseguir, na maioria das vezes, ter um diagnóstico. Somente após o diagnóstico vai poder prescrever algum medicamento para o paciente tomar e ser curado. A solução é a cura. O meio é o medicamento. Porém, para aplicar o medicamento e obter a cura, primeiro tem que ter o diagnóstico que é cerca de 70% da solução do problema. Uma vez entendendo qual é o problema, você consegue a solução”, diz.
7 – Tenha visão abrangente
Outro aspecto importante destacado pelo empresário é que o empreendedor não deve ter um olhar automatizado, mas aberto e atento. “Ele não segue uma tendência, mas identifica os problemas na sociedade. Depois formula o diagnóstico e, por fim, vai buscar os meios para encontrar a solução para o problema encontrado. Isso não significa que ele mesmo vai executar a solução”, destaca Silva, acrescentando: “Para ser empreendedor não é preciso ser técnico. Sou dono de time de futebol e não sou jogador. A grande vantagem é que o empreendedor pode atuar em qualquer área porque está acostumado a desenvolver projetos e entregar uma solução para a sociedade”.
8 – Fuja do pensamento binário
Esse olhar automatizado tem a ver com a ideia do pensamento binário. Ele ocorre com frequência em um cenário polarizado como o momento político mundial. Segundo Silva, isso foi beneficiado pelas redes sociais, que, pelo algoritmo, favorece a criação de bolhas, como os polos de direita e esquerda. Nelas, o grupo A tem obrigatoriamente o pensamento A e o B, o pensamento B. “Se eu não tenho um pensamento A, logo tenho um pensamento B e vice-versa. Mas a vida não é assim, pois existem os pensamentos A, B, C... Mas quando a sociedade se divide em dois polos as pessoas querem colocar cada uma em uma caixinha”.
Essa polarização extrapola para outros aspectos da vida, como o meio empresarial, o que prejudica a boa avaliação, na visão do fundador da Wise Up. “Devemos ter o pensamento livre, que não estabelece qualquer tipo de rótulo para A ou B, pois sabemos que pode existir coisas boas e ruins em cada um deles. Não vou me permitir ter resposta automática porque fui induzido a ter um pensamento binário. Com o pensamento livre tenho a possibilidade de tomar as decisões de que preciso tomar sem amarras”, salienta.
9 – Não dá para empreender sem dinheiro
Empreender está associado ao emprego do capital, frisa Flávio Silva. “Não dá para empreender sem dinheiro. A questão é como alavancar dinheiro, como conseguir os recursos para começar o negócio. É a pergunta-chave de todo mundo que quer montar um negócio”, diz.
Há algumas opções para encontrar os meios de colocar em prática o que o empreendedor acredita ser uma solução viável. Uma delas é arrumar um sócio. “Eu tentei isso com um amigo de infância. Ele precisava vender seu Voyage 86 na época. Seria 50% empresa para cada um. Só que uma semana antes de começar o negócio ele deu para trás. Ficou com medo. Empreender é ousar, trocar o garantido de agora por algo que você acredita que vai dar certo lá na frente. É preciso coragem para isso. Dezoito anos mais tarde eu vendi essa empresa por quase R$ 1 bilhão. Ele deve ter se arrependido de não ter continuado. A vida é assim, nos arrependemos das decisões que tomamos e deixamos de tomar”.
10 – O cliente pode ser seu sócio
Outra forma de arrumar dinheiro é pegar empréstimo no banco, diz Silva. “Eu fiz isso com cheque especial. Não recomendo a ninguém porque é uma decisão ruim do ponto de vista financeiro, mas foi a alternativa que tive na época depois que aquele que seria meu sócio desistiu”. Mas o melhor dinheiro para começar o negócio é o do cliente, sustenta o empresário.
“Isso acontece quando você vende. No meu caso, fizemos 70 matrículas enquanto a escola ainda estava em reforma. Eu mostrava para os alunos onde iriam ser as salas de aula, o café, os departamentos, apresentava o que viria a ser. Eles apostaram em mim e o recurso financeiro daquelas matrículas foi fundamental: ia direto para pagar a reforma. Às vezes é o cliente que vai financiar a sua ideia. É como se fosse a vaquinha virtual de hoje, que na época não existia”, conclui.
11 – Uma ideia na cabeça não basta
Como conseguir investidor é outra questão muito debatida. Para isso, o primeiro passo é ter um projeto na mão e, se possível, uma experiência com o produto, aponta Silva. “Tanto o cliente (como meus alunos) quanto o sócio querem resultado, precisam de algo a mais do que a ideia. Não adianta chegar para eles apenas com uma grande ideia. Isso vale muito pouco. O que conta é a sua capacidade de executar. Se você tem uma ideia, crie um modelo simples e barato e tente executar. Mesmo que saia um resultado pequeno. Uma pesquisa, por exemplo. A partir disso, mostre o resultado a potenciais investidores”.
12 – As coisas não acontecem rápido
Após criar o produto, conseguir os recursos, o passo seguinte é criar escala para ele e na sequência investir na marca. “Esse é um processo que ocorre ao longo dos anos, nada é da noite para o dia. Levei 18 anos para construir a Wise up. Nada é rápido. Tudo isso agindo honestamente. Se fizer coisa errada um dia a casa cai”, sentencia Silva.
13 – Fracasso faz parte do jogo
Saber lidar com o fracasso é outra recomendação importante a quem pensa em empreender. “Sabe aquela pessoa que diz: fica tranquilo, vai dar tudo certo? Esquece. Não vai dar tudo certo. É preciso não confundir otimismo com negação. São duas coisas completamente diferentes. A pessoa acaba confusa porque acreditou em coisas irreais. A maioria das coisas dá errado. Você vai ouvir mais não do que sim. Sempre. Dez clientes dizem não e um, sim. Era para esse cliente que você estava trabalhando. Positivismo barato, mensagens de auto-ajuda não valem em nada, levam à frustração”, pontifica Silva.
14 – Seja protagonista e não vítima
“Tudo o que a gente começa e não dá certo nos dá duas opções: lamentar ou aprender. Infelizmente, a maioria da população prefere se lamentar, que é a postura perdedora, fracassada. Claro que ninguém gosta do fracasso, mas tem que aprender com ele e vai em frente”, frisa Silva, e acrescenta. “Outra coisa importante a ter em mente é que o empreendedor que dá certo é o protagonista, nunca é vítima. Pode não ter culpa pelo fracasso, pelo erro, mas ele traz a responsabilidade para si. Quando a responsabilidade é sua, quando der certo o aplauso é seu também”.
15 – Conheça suas forças e fraquezas
O empresário explica que o empreendedor tem que entender quais suas forças e fraquezas, e subordinar as fragilidades às fortalezas. “A minha indisciplina ficou subordinada aos meus compromissos com as pessoas. Mesmo indisciplinado eu consegui empreender, pois sou homem de palavra. Esse compromisso com as pessoas ajustou minhas características. A mesma coisa com timidez. Não permiti que ela me escravizasse. E a venda me ajudou muito nesse processo”.
16 – Tenha um objetivo maior em mente
Ter um objetivo maior a perseguir, algo que o faça levantar todos os dias da cama é outro segredo do sucesso. “Sempre renove os seus objetivos para não se acomodar. Eu sei que preciso de algo maior que me faça acordar de manhã do que simplesmente trabalhar para ganhar dinheiro. Eu me coloco em situações em que esteja comprometido com as pessoas de forma a me forçar a trabalhar por algo maior. E faço isso com alegria, porque é isso que eu gosto” sublinha Silva.
17 – Quem quer ser bilionário
Para ser bilionário tem que conhecer o valor que sua empresa pode gerar. “Ninguém fica bilionário colocando dinheiro na caderneta de poupança. É preciso enxergar na empresa algo além do lucro. Existe nela uma riqueza que é invisível, que não está no balanço. É o que ela vale de fato e é isso que o mercado vê. O valor da empresa é o seu equity”, diz o empresário. “Esse valor é a capacidade que ela tem de gerar dinheiro durante um período, que pode ser cinco, dez ou quinze anos. A venda desse equity, ou seja, dessa possibilidade que a empresa tem de gerar riqueza, que é um dos segredos para se tornar bilionário”.
Assita a live:
Participe também: Grupo de WhatsApp e Telegram para receber notícias farmacêuticas diariamente
Obrigado por apoiar o jornalismo profissional
A missão da Agência de notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.