É de se esperar que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) gere ansiedade e medo na população, que acaba pressionando o farmacêutico que está na ponta. O excesso de trabalho e o receio da contaminação podem afetar a saúde emocional do profissional. Por isso, o ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e o CRF-RJ (Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro) estão oferecendo apoio psicológico gratuito aos farmacêuticos.
O CRF-RJ atenderá os profissionais registrados no estado. Já caso do ICTQ a iniciativa é exclusiva para alunos e ex-alunos da Instituição em todo o País, e acontecerá a partir de segunda-feira (06/03), de forma on-line. O objetivo é proporcionar suporte e acolhimento psicológico a farmacêuticos por meio de atendimentos com cada um, de uma hora de duração, em no mínimo três encontros com cada profissional, feitos via skype de forma individual e gratuita.
“Com isso, nós queremos oferecer atenção e cuidado àqueles que atendem, orientam e promovem esperança por meio das práticas farmacêuticas, como um gesto de agradecimento por sua valiosa contribuição neste momento difícil. É cuidar de quem cuida”, falou o fundador do ICTQ, Marcus Vinicius de Andrade.
De acordo com o coach e psicólogo que irá fazer os atendimentos, Bedsen Rocha, é importante que o farmacêutico, e todos os profissionais de saúde, tenham, neste momento, um suporte especializado para lidar com os seus medos e angústias e, principalmente, fazer a conciliação interna da vida pessoal e profissional.
Confirmando a importância da ação, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um guia com cuidados para a saúde mental durante esse período de emergência sanitária, por entender que essa situação extrema causa muita pressão psicológica. Segundo a OMS, a incerteza do momento, os riscos de contaminação e a necessidade de isolamento social podem agravar ou causar sérios problemas mentais.
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“O medo tira do profissional a sua naturalidade e tranquilidade de exercer o seu ofício. Portanto, é importante que o medo seja substituído por cuidados, precauções e ações efetivas de segurança”, ressalta Rocha.
Pensamentos produzem emoções
As alterações do estado emocional do farmacêutico por conta da pandemia poderia levá-lo a uma queda no desempenho ou a cometer erros no trabalho. Para o psicólogo, os pensamentos produzem emoções. As emoções produzem ações. As ações levam a resultados que serão positivos conforme a natureza das emoções. Emoções negativas levam a resultados negativos.
O foco do trabalho é proporcionar suporte e acolhimento psicológico aos profissionais farmacêuticos por meio de uma escuta singular on-line das diversas demandas emocionais desses profissionais, propiciando efetiva saúde mental, segundo Rocha.
“Desejamos cuidar daqueles que cuidam. Os resultados esperados são equilíbrio emocional, reprogramação mental, senso de oportunidade, capacidade de transformação, flexibilidade na diversidade, autoconhecimento, ampliação da visão de mundo e administração de conflitos internos”, explica ele.
As intervenções das sessões possibilitam o alinhamento do conhecimento de cada pessoa com a sua motivação interna e os conflitos são minimizados quando é estabelecida a harmonia interior, sincronizando a visão de futuro, valores e pensamentos de carreira com o seu futuro profissional.
Rocha acredita que em três sessões com cada farmacêutico será possível, também, estabelecer o posicionamento profissional, o enfrentamento e a não fuga da crise, o controle emocional, além de desenhar as ações futuras para este novo ‘normal’, que está por vir.
Abordagem on-line
O psicólogo afirma que essa abordagem via internet funciona muito bem para um atendimento psicológico. “Teremos horários estabelecidos, quando cada profissional terá um espaço individual e singular para tratar das suas demandas pessoais, profissionais e emocionais neste momento de crise”. Ele acrescenta: “O atendimento online é maravilhoso! Temos que usar a tecnologia a nosso favor. Ontem mesmo atendi uma cliente de Brasília. Imagine? Isso não seria possível quando me formei em Psicologia”.
Para agendar consulta psicológica, o aluno do ICTQ poderá ligar ou ainda encaminhar mensagem ao telefone (62) 99504-2746 pra consultar dias e horários disponíveis.
CRF-RJ também oferece suporte
O Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) também está disponibilizando suporte psicológico aos farmacêuticos. O programa ‘Juntos: um projeto pela saúde mental do farmacêutico’ visa apoiar o profissional também no sentido emocional neste período de pandemia.
A entidade oferece esse suporte psicológico para garantir uma mente em harmonia e equilíbrio. Em nota nas redes sociais, o CRF-RJ pergunta: “Está com dificuldade em lidar com a ansiedade, pressão ou sobrecarga da responsabilidade social em momentos de crise? Entre em contato conosco”.
O atendimento, que também ocorre de forma online e gratuita, é feito com equipe de psicólogos do CRF-RJ e trata todas as inseguranças profissionais, dando suporte emocional e auxiliando nessa caminhada, que exige muito de cada um dos farmacêuticos. O conteúdo das consultas é sigiloso e obedece ao regulamentado pelo Código de Ética do Psicólogo, homologado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Contribuições humanitárias
A psicanalista, Luiza Canato, acredita que é muito importante para épocas como a de pandemia do coronavírus um suporte gratuito a quem precisa, já que as mudanças mundiais de prevenção à doença estão impactando a vida de todos.
"Oferecer atendimento gratuito sempre foi um desejo, mas com a correria do dia a dia não tinha conseguido ainda realizar algo de fato. Nessa semana, tudo mudou! Me vi muito angustiada e imaginei que outras pessoas pudessem estar passando por isso. Decidi oferecer alguns horários para realizar atendimentos, fazer um acolhimento, e postei na minha página", conta ela ao G1.
Segundo Luiza, após a postagem, ela passou a receber muitos pedidos, inclusive, está se organizando junto com uma colega, que também é profissional da área, para realizarem todos os atendimentos. "É só entrar em contato comigo pelo Instagram ou WhatsApp para marcamos uma hora. Esse é um momento muito importante para pensarmos no coletivo. Estamos vivendo uma situação muito crítica e temos a oportunidade de cuidarmos uns dos outros", finaliza.
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