Adesão, segurança e eficácia: como o farmacêutico oncológico impacta o tratamento do câncer

No complexo cenário da oncologia, o farmacêutico desponta como figura central para garantir a segurança, a adesão e a eficácia dos tratamentos antineoplásicos. Seja no acompanhamento de quimioterapias endovenosas ou orais, o profissional precisa estar atento a uma série de variáveis clínicas e comportamentais dos pacientes oncológicos.

De acordo com o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e farmacêutico-pesquisador do Inbesp e do Instituto do Câncer do Ceará, Nelson Belarmino, o acompanhamento farmacêutico em oncologia exige estratégias distintas conforme a via de administração dos medicamentos. “Temos duas situações: a primeira relacionada ao tratamento endovenoso (EV) e a segunda ao tratamento oral. Em ambos os casos, o papel do farmacêutico é fundamental para o sucesso da terapia”, afirma.

Nos tratamentos endovenosos, os maiores desafios estão ligados à necessidade de orientar os pacientes sobre as particularidades do regime terapêutico, como as restrições alimentares e medicamentosas. “Essas restrições, se não forem respeitadas, podem potencializar eventos adversos ou gerar interações indesejadas, comprometendo a efetividade do tratamento”, explica o professor. Nesse sentido, uma atenção farmacêutica qualificada é essencial para evitar falhas terapêuticas.

Já nas terapias orais, o desafio ganha outras nuances. “O principal problema é a adesão. Há o risco de subdose, por esquecimento ou interrupção voluntária, e também de overdose, caso o paciente utilize o medicamento de forma inadequada”, alerta. Além disso, mesmo quando a dose é administrada corretamente, podem surgir efeitos adversos significativos logo nos primeiros dias de uso. “É o caso da eritrodisestesia palmo-plantar, muito comum com medicamentos inibidores da tirosina quinase”, completa.

Educação e escuta ativa são essenciais

Para superar esses desafios, Belarmino destaca a importância da orientação contínua e da escuta ativa por parte do farmacêutico. “É preciso que o paciente compreenda a relevância do tratamento e saiba identificar sinais de toxicidade. Muitos, diante de efeitos adversos, reduzem por conta própria a dose prescrita, o que é um risco sério”, afirma.

Nessa perspectiva, cabe ao farmacêutico monitorar de forma próxima e criteriosa a jornada terapêutica, verificando exames laboratoriais e ouvindo queixas clínicas. Essa atuação é crucial para prevenir a interrupção do tratamento e garantir que o paciente receba a melhor dose tolerável possível.

Efeitos adversos e eficácia: equilíbrio delicado

Um dos pontos mais sensíveis no acompanhamento de terapias antineoplásicas é o manejo de eventos adversos sem comprometer a eficácia do tratamento. Belarmino é enfático ao afirmar que não há como garantir 100% esse equilíbrio. “A gente trabalha com o conceito de segurança. Se o paciente apresenta uma toxicidade que exige ajuste de dose, é possível que a eficácia também seja afetada. Ninguém pode garantir que a dose reduzida terá o mesmo benefício terapêutico da dose plena”, pondera.

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Segundo o especialista, o objetivo é tratar com responsabilidade, priorizando a integridade do paciente. “A dose ideal é aquela que o paciente tolera com segurança. Por isso, o monitoramento constante e o ajuste individualizado são tão importantes. Não se trata apenas de seguir um protocolo fixo, mas de adaptar a conduta às necessidades de cada pessoa”, explica.

A importância da atuação multiprofissional

No contexto da oncologia, o trabalho do farmacêutico não é isolado. Pelo contrário, ele deve estar inserido de forma ativa na equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, entre outros. “O farmacêutico é um membro fundamental porque detém o conhecimento técnico-científico sobre os medicamentos. Ele leva informações e orientações que contribuem diretamente para a tomada de decisões clínicas”, destaca Belarmino.

Essa atuação integrada impacta diretamente o sucesso do tratamento, pois permite a construção de uma abordagem mais completa e centrada no paciente. “Com sua expertise, o farmacêutico pode fazer intervenções precisas, propor ajustes na prescrição e melhorar a adesão do paciente. Todos da equipe se beneficiam desse conhecimento especializado”, pontua ele.

Formação e preparo fazem a diferença

Por fim, Belarmino ressalta que o preparo técnico do farmacêutico oncológico é decisivo. “A atuação nessa área exige conhecimento profundo de farmacologia, toxicologia, farmacocinética e, sobretudo, sensibilidade clínica. É uma área que demanda muito estudo, escuta ativa e habilidade de comunicação”, afirma.

Para os profissionais que desejam se aprofundar na área, o professor recomenda a busca por especializações reconhecidas e voltadas para a prática. “A oncologia é um campo em constante evolução. Estar atualizado e preparado é o primeiro passo para transformar a realidade dos pacientes e contribuir, de fato, para um tratamento mais seguro e eficaz”, conclui.

Capacitação farmacêutica

Além da realização profissional e do impacto positivo na vida dos pacientes, a carreira do farmacêutico oncológico também se destaca pelo potencial salarial acima da média. No entanto, a qualificação especializada é um diferencial para quem deseja ingressar na área, já que a profissão exige capacitação contínua, olhar clínico apurado e comprometimento com a qualidade de vida dos pacientes. À medida que as terapias evoluem, a presença desse profissional se torna cada vez mais essencial, garantindo que a oncologia continue avançando de forma segura, eficaz e acessível para todos.

Para aqueles que desejam se capacitar para atuar na área, o ICTQ oferece alguns cursos de pós-graduação, como o Farmácia Hospitalar e Acompanhamento Oncológico. Essa especialização atende aos requisitos da Resolução 640/17 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que estabelece a titulação como pré-requisito mínimo para atuação em oncologia, cujo preparo dos antineoplásicos e demais medicamentos na oncologia é atribuição privativa do farmacêutico.

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Saiba mais sobre outros cursos de pós-graduação do ICTQ  AQUI.

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