Com a incorporação da inteligência artificial (IA) em diferentes etapas do cuidado oncológico e a evolução do farmacêutico clínico para além da dispensação de medicamentos, o processo exige desse profissional a interpretação de dados complexos, a colaboração com equipes multidisciplinares e a aplicação de terapias avançadas com precisão e segurança.
A atuação farmacêutica passa a ser estratégica em um cenário que demanda conhecimento técnico refinado, atualização constante e habilidade para integrar inovações à prática hospitalar. Em vez de apenas acompanhar a transformação digital, o farmacêutico é um agente ativo na consolidação de uma oncologia mais inteligente, personalizada e eficiente.
“A inteligência artificial tem transformado significativamente o cenário da oncologia, especialmente nas áreas de predição de resposta terapêutica e detecção precoce de tumores. Modelos de aprendizado de máquina e aprendizado profundo (deep learning) são capazes de analisar grandes volumes de dados clínicos, genômicos, radiológicos e histopatológicos para identificar padrões associados a prognóstico e resposta a tratamentos”, ressalta o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Alípio Carmo.
Ele exemplifica, citando os algoritmos de IA, que têm sido utilizados para prever a eficácia de terapias baseadas em imunoterapia, como os inibidores de checkpoint imunológico, a partir de assinaturas genômicas e expressão de PD-L1.
“Além disso, ferramentas baseadas em IA estão sendo aplicadas com sucesso na detecção precoce de neoplasias por meio da análise de imagens radiológicas (como mamografias e tomografias) e exames de sangue com biomarcadores digitais, como o teste Galleri, que utiliza sequenciamento de DNA para detectar sinais de mais de 50 tipos de câncer em estágio inicial”, destaca Carmo.
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Com o avanço das terapias avançadas, como as células CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-cell therapy) e vacinas personalizadas contra o câncer, surgem novos desafios e oportunidades para os profissionais farmacêuticos. O professor explica que a manipulação, armazenamento e administração de medicamentos biológicos personalizados requerem competências especializadas em farmacogenômica, imunoterapia e cuidados de suporte. A terapia CAR-T, por exemplo, exige um manejo farmacêutico preciso para prevenir e tratar efeitos adversos graves, como a síndrome de liberação de citocinas e neurotoxicidade
Ao mesmo tempo, surgem oportunidades de atuação para o farmacêutico na validação de processos, na farmacovigilância e na educação multiprofissional, além do envolvimento em estudos clínicos e análise de dados em tempo real para acompanhamento de respostas terapêuticas.
“Outras inovações promissoras incluem os organoides tumorais, que permitem testes de sensibilidade a drogas in vitro personalizados para cada paciente, o uso de nanotecnologia para entrega dirigida de fármacos, e os biossensores implantáveis para monitoramento contínuo de biomarcadores tumorais”, lembra Carmo.
E é ele quem, diante desse cenário, aconselha os profissionais de farmácia clínica oncológica a investir continuamente em educação continuada, com foco em:
- Atualização em terapias-alvo e imunoterapia;
- Interpretação de exames genéticos e moleculares;
- Bioinformática aplicada à oncologia;
- Princípios de farmacocinética e farmacodinâmica personalizados;
- Regulação sanitária de terapias avançadas.
Vale lembrar que os programas de pós-graduação, cursos de especialização em farmácia oncológica e certificações em farmacogenômica são caminhos essenciais para a qualificação. Para o professor, a integração com equipes multiprofissionais e o domínio de ferramentas digitais também são fundamentais para a incorporação segura e eficaz dessas tecnologias na prática hospitalar.
Capacitação farmacêutica
Além da realização profissional e do impacto positivo na vida dos pacientes, a carreira do farmacêutico oncológico também se destaca pelo potencial salarial acima da média. No entanto, a qualificação especializada é um diferencial para quem deseja ingressar na área, já que a profissão exige capacitação contínua, olhar clínico apurado e comprometimento com a qualidade de vida dos pacientes. À medida que as terapias evoluem, a presença desse profissional se torna cada vez mais essencial, garantindo que a oncologia continue avançando de forma segura, eficaz e acessível para todos.
Para aqueles que desejam se capacitar para atuar na área, o ICTQ oferece alguns cursos de pós-graduação, como o Farmácia Hospitalar e Acompanhamento Oncológico. Essa especialização atende aos requisitos da Resolução 640/17 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que estabelece a titulação como pré-requisito mínimo para atuação em oncologia, cujo preparo dos antineoplásicos e demais medicamentos na oncologia é atribuição privativa do farmacêutico.
Para saber mais sobre o curso Farmácia Hospitalar e Acompanhamento Oncológico, clique AQUI.
Saiba mais sobre outros cursos de pós-graduação do ICTQ AQUI.
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